Uma saída cheia de graça
Por Eduardo Louro
Há muito que se anda a falar da saída do programa de assistência. Teve uma data, ainda antes das eleições – e até e um relógio em “count down” –, mas surgiu já outra data, lá para o fim dos festejos dos santos populares. Paulo Portas, o relojoeiro, já veio dizer que o relógio está certo: se é a 17 de Maio que se perfazem os três anos, e se o programa era para três anos, não há dúvida nenhuma. Há uma, mas insignificante, diz ele: 17 de Maio é sábado, as portas podem estar fechadas, e a saída poderá ter que passar para segunda-feira!
Não deixa de ter graça… Mas como se poderia achar muita graça a isto, nada melhor que arranjar umas coisas com mais graça ainda.
A saída era limpa, à irlandesa, como também se dizia mas se deixou de dizer. Saída directa para os mercados, sem programa cautelar, que ninguém sabe o que é masque a gente, cá deste lado, começa a perceber o que seja. Não é nada de linhas de crédito à cautela, de almofada, que nisso os finlandeses nem querem ouvir falar. É apenas e só um programa que garanta a continuação da austeridade – nem mais, nem menos!
E é por isso que já entrou no discurso de Paulo Portas – é sempre ele que fica nos cornos do boi, vá lá saber-se porquê – uma outra coisa ainda com mais graça: a saída, seja lá como for, é sempre limpa. Só um segundo resgate – ideia agora recuperada pela negativa, para logo dizer que, dado por certo há poucos meses, está agora completamente fora de cenário – seria saída suja. Como se com um novo resgate houvesse sequer saída!
Uma saída cheia de graça, é o que é!