... O "Público" "diz" hoje que o ministro Vieira da Silva guardou na gaveta o relatório da auditoria à Santa Casa da Mersericórdia de Lisboa, particularmente negativo para a gestão de Santana Lopes.
Segundo o jornal, o relatório apresentava uma longa lista de irregularidades e denunciava pressões e condicionamento do trabalho dos auditores. De tal forma que o ministro achou que não seria muito conveniente homologá-lo - note-se bem, homologá-lo não é divugá-lo - antes das eleições internas do PSD.
Bloco central é isto, não é outra coisa. A outra coisa? Só por cima do cadáver de todos os Santana Lopes!
E o regime é isto, para que fique bem entendido...
Edmundo Martinho aproveitou a tomada de posse como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, faz amanhã uma semana, para praticamente confirmar a entrada da Instituição no capital do Montepio.
Estranhamente, não é notícia. Ninguém diz o que quer que seja sobre a entrada da Santa Casa no mundo da banca, obviamente fora do radar daquilo que é o objecto da sua intervenção.
Santana Lopes tinha-se declarado avesso a aventuras, o que poderá não querer dizer que, com ele, o Montepio por ali não se safava. Edmundo Martinho tratou logo de dizer que não se tratava de aventureirismo, mas de pioneirismo.Que é pioneiro, não há dúvida nenhuma. Que não seja aventureiro, há muitas!
O argumento do pioneirismo pode certamente ajudar a chutar para canto questões incómodas sobre a motivação para a entrada da Santa Casa no sistema financeiro, uma área completamente nova, para que nunca esteve vocacionada, e que é tudo menos um mar de águas calmas. Mas há muita dificuldade em disfarçar o aventureirismo de tomar 10% do capital de um banco em dificuldades, com os restantes 90% estão concentrados num único accionista. E muito mais dificuldade ainda em justificar os 200 milhões de euros desse investimento... É que, para que as contas batam certo, o Montepio terá que valer 2 mil milhões de euros. Isto é, pouco menos que o BCP, e mais que o BPI. E isto - toda a gente vê - não faz sentido. Nem numa grande aventura!
Parece que a Santa Casa da Misericórdia de LIsboa vai virar banqueira, e tornar-se accionista de referência do Montepio. Ainda ninguém o confirmou mas ... não se fala de outra coisa. E se Marques Mendes o disse, está feito. Com ele é dito&feito!
Depois desta coisa nos bancos já ter tocado a todos, toca agora á Santa Casa. Se há lá dinheiro, vamos a ele - terão dito o governo e o Banco de Portugal um para o outro. Depois encontramos ali uns tracinhos comuns na matriz assistencial e explicamos que isto até faz sentido. Não têm estado muito de acordo mas, agora, ao "mata-se", de um, seguiu-se de imediato o "esfola-se", do outro.
Santana Lopes é tipo avisado, que não precisa de conselhos. Mas se calhar convém que não se esqueça que este jogo não é bem como os outros. No outros ganha sempre, neste já não é bem assim. Às vezes torna-se até muito perigoso...
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