Na ressaca de mais uma jornada de Champions, há menos de 72 horas e com oito jogadores afastados por lesão, o Benfica tinha hoje uma difícil tarefa em Ponta Delgada. Às dificuldades esperadas, por essas circunstâncias e pela qualidade que o Santa Clara tem apresentado ao longo do campeonato, juntava-se a chuva, o vento e um relvado impróprio.
Para enfrentar essas dificuldades Bruno Lage decidiu-se por uma revolução na equipa, com quatro estreias no onze titular: Leandro Santos, da equipa B no lado direito da defesa, para onde não havia mais ninguém; Dahl, o jovem sueco recém-chegado para a lateral esquerda, que jogou na posição ultimamente entregue a Schjelderup, numa opção a que Bruno Lage já tinha lançado mão com o recambiado Beste; Bruma, numa espécie de segundo avançado e Belotti, na posição 9, de Pavlidis.
A estas quatro novidades absolutas no onze inicial, juntavam-se ainda Amdouni e Leandro Barreiro, titulares pouco usuais - uma revolução. Em tempo de guerra.
O jogo começou com os jogadores do Benfica a revelarem grandes dificuldades em segurar-se no relvado, escorregando com grande frequência. Porventura por má escolha de pitons, porque na segunda parte, e com o relvado em pior estado, isso não foi tão notório.
A primeira situação de golo do jogo decorreu precisamente de uma escorregadela de Carreras, que deixou a bola à mercê do avançado açoriano, Vinícius, isolado. Valeu a excelente intervenção de Trubin, a dizer à equipa que podia contar com ele.
Sem fazer uma exibição por aí além, o Benfica ia dominando o jogo. Se, nos primeiros minutos, o Santa Clara parecia deixar a ideia de ali estar para discutir o jogo cara a cara, depressa se percebeu que não. Que estava ali para defender e esperar um erro, ou uma escorregadela, que lhe permitissem lançar o contra-ataque.
Disputavam vigorosamente todas as bolas, muito frequentemente em faltas sucessivas que nem sempre o Hélder Malheiro punia. E ganhavam quase todos os ressaltos, mesmo sem que se possa dizer que os jogadores do Benfica abdicassem da disputa. Alimentavam-se disso!
No Benfica, a revolução não revolucionava, mas também não comprometia. O miúdo Dahl ia cumprindo bem a função que lhe fora desempenhada, incluindo na cobrança das bolas paradas, tarefa que terá herdado de Beste. O miúdo Leandro Santos, melhor a defender que a atacar, e à beira de comprometer por duas vezes, com perdas de bola em zonas difíceis, ia fazendo pela vida. Belotti continuou sem conseguir convencer, e desperdiçou no mesmo lance por duas vezes - à segunda com a baliza completamente à disposição, sem nada nem ninguém a obstar - uma das quatro oportunidades de golo construídas, entre elas a bola na barra, no remate de cabeça de António Silva. Era Bruma quem estava mais em jogo e, mesmo sem criar grandes desequilíbrios, ia contribuindo para o que de melhor a equipa apresentava.
Quer era pouco. Faltavam ligação e imaginação para romper com o esquema defensivo dos açorianos.
Ao intervalo Bruno Lage fez entrar Kokçu (tirando Florentino, que até tinha estado bem na sua função recuperadora) precisamente para resolver esse problema.
A segunda parte começa com mais uma grande oportunidade desperdiçada, dessa feita por Bruma, e com 10 minutos muito movimentados, que culminaram no golo - único - do jogo, numa jogada tida por impossível no estado daquele relvado.
Kokçu - lá está - rasga a defesa açoriana com um passe magistral a que Amdouni responde com o cruzamento para o espaço entre a defesa e o guarda-redes, onde surge Bruma a desviar. Tudo simples, tudo ao primeiro toque, tudo com a bola rente à relva. Bonito de ver!
A partir do golo os jogadores do Santa Clara endureceram ainda mais o jogo. Chegaram mesmo ao jogo violento, e da mão de Hélder Malheiro começaram a saltar cartões amarelos.
A meio da segunda parte Bruno Lage lança Pavlidis, para o lugar do desiludido - e desilusão - Belotti, e Akturkoglu, para o de Amdouni, salvo pela assistência a Bruma. O Benfica ia somando desperdício, até que, à entrada do último quarto de hora, o defesa Sidney Lima vê o segundo cartão amarelo e é expulso.
Esperava-se que, contra 10, o Benfica resolvesse definitivamente todas as dúvidas. Mas não. Mais por demérito que por mérito do adversário, o Benfica não soube jogar com a superioridade. Ao contrário do que acontecera no Mónaco, na quarta-feira, não conseguiu agarrar o jogo e dominá-lo de alto a baixo. Apenas conseguiu construir mais duas ocasiões de golo (João Rêgo e Pavlidis), mas já dentro dos 6 minutos de compensação que o árbitro atribuiu.
É certo que o Santa Clara apenas por uma vez esteve perto de marcar - aos 82 minutos, numa recarga de Venâncio, ao lado da baliza do atento e seguro Trubin. Mas voltou a haver a ansiedade dos últimos minutos. Também porque as últimas substituições não terão sido as mais avisadas. A entrada de João Rêgo para o lugar do estreante Leandro Santos, já esgotado, compreende-se. Já a de Nuno Félix, em estreia, para substituir Bruma, quando era necessário experiência para controlar o jogo, terá tido uma boa dose de imprudência.
E pronto, lá fica mais uma vitória tangencial e sofrida quando, mesmo em tempo de guerra, poderia ser avantajada e tranquila. E como o Sporting empatou com o Arouca, em Alvalade, em apenas uma semana o Benfica recuperou quatro dos seis pontos que tinha de desvantagem. Uma boa notícia, no dia em que a notícia é a morte de Pinto da Costa.
Numa noite chuvosa, num jogo com o Santa Clara, para a Taça da Liga, 50 mil na Luz. É isto!
Para além - bem para além - desta fantástica relação dos benfiquistas com a equipa e com a Catedral, o jogo valeu pelo ainda mais fantástico golo de Di Maria. Devia ter acabado ali, aos 70 minutos, naquele momento sublime.
Não acabou, e ainda bem. Porque Pavlidis marcou, finalmente. E por duas vezes. Bisou, e já tinha sido ele a fazer a assistência para a obra prima de Di Maria. E porque ajudou a esquecer o que se passara antes. Nem tanto em todos os 70 minutos anteriores, mas principalmente nos 45 minutos iniciais.
É isso. A primeira parte foi fraquinha, o Benfica jogou muito pouco, mesmo.
Bruno Lage não fez assim tantas alterações na equipa. O adversário fez até muito mais: oito, pelo que ouvi dizer.
Se considerarmos que a entrada de António Silva é a coisa mais natural deste mundo, que Beste já vinha sendo titular, e que Arthur Cabral já começava a surgir como alternativa à seca de Pavlidis, restam Amdouni e Renato Sanches como verdadeiras alterações no onze base. E na verdade apenas Di Maria e Kokçu foram poupados.
Mas pouco. A primeira parte foi tão má que Bruno Lage se viu obrigado a repor tudo, tirando logo ao intervalo precisamente Amdouni e Renato Sanches. Não é que os outros estivessem a jogar bem - nem Aursenes, que não sabe jogar mal, se salvara - mas eram mesmo os elos mais fracos.
Amdouni poderá ter a desculpa de ser peixe fora de água na ala direita. E seria muito difícil que pudesse fazer de Di Maria. Pelo que se viu, ninguém pode. O internacional suíço menos que outros. E o Renato Sanches, independentemente do estado de recuperação, do sucesso que todos lhe desejamos, e do que gostaríamos que lhe acontecesse no Benfica, não encaixa no desenho do futebol da equipa.
E logo no arranque da segunda parte se começou a ver que era outro o Benfica em campo, as oportunidades de golo (duas apenas na primeira parte) começaram a repetir-se sucessivamente. Faltava marcar. A meio da segunda parte, na terceira substituição, retirando Beste (reconheço-lhe utilidade, mas confesso que não me entusiasma como titular na ala esquerda) para entrar Pavlidis, para o lado de Cabral, e fazer regressar Aktürkoğlu à ala esquerda, Lage resolvia finalmente o problema. Em 10 minutos!
Quatro minutos depois de entrar, Pavlidis assistiu para o golão de Di Maria. Cinco minutos depois, marcou. E outros cinco depois, voltou a marcar, fechando o resultado que poderia ter sido ainda bem mais ampliado.
Depois da mudança de treinador, do fecho do mercado (as entradas de Akturkoglu e Amdouni, e a saída de Marcos Leonardo foram mesmo o último suspiro à janela), do regresso dos jogadores das selecções - esta paragem, com outra já dentro de um mês, é um absurdo -, e daquele episódio deprimente com que alguém que não tem noção (quem não tem a noção do tempo, não consegue ter a noção de nada) quis fazer prova de vida, o Benfica regressou à Luz. Que voltou a encher-se, como sempre, mas desta vez com a esperança renovada.
Com apenas dois dias para preparar o jogo, Bruno Lage manteve toda a linha defensiva. A partir daí apenas Florentino - a desempenhar sozinho a função de cobertura no meio campo -, Di Maria e Pavlidis se mantiveram na equipa. Kokçu e Rollheiser jogaram nas funções de construção, e Akturkoglu entrou directamente na equipa para completar, na esquerda, o trio de ataque.
O ambiente das bancadas era de entusiasmo, do maior que se viu nos últimos largos tempos. Foi sobre esse entusiasmo que, logo aos 20 segundos, o golo do Santa Clara caiu que nem um balde de gelo.
Não havia pior maneira de começar. A primeira vez que um jogador do Benfica tocou na bola foi para a tocar no círculo central, donde os jogadores da equipa açoriana tinham acabado de a tocar no pontapé de saída. Atrasaram-na para o guarda-redes, que a chutou para a frente. Otamendi, num movimento digno de um juvenil, falhou o corte e a bola ficou ali à frente do avançado do Santa Clara, bastando a Vinicius dar-lhe um toque para a fazer passar por cima de Trubin.
Se, por tudo o que acontecera nos últimos dias e semanas, a tarefa dos jogadores do Benfica já não era fácil, com este arranque de jogo - era o golo, mas era ainda consequência de um erro tremendo do capitão - ficava ainda mais complicada.
A equipa reagiu, mas as coisas não saíam bem. Via-se que a equipa procurava outra dinâmica - Bruno Lage tinha dito que mais importante que o sistema era a dinâmica - mas a ansiedade dos jogadores, e também naturalmente a falta de treino, levavam a uma sucessão de passes falhados, mesmo de baixo risco, que emperrava qualquer dinâmica. Há uma ou duas semanas, as bancadas reagiriam com assobios. Hoje estavam incondicionalmente com a equipa, e isso foi fundamental.
Se o colectivo não funcionava, se o jogo associativo se ia perdendo nos passes falhados e na oposição do adversário que, apanhando-se a ganhar, não saía lá de trás, tiveram que ser as individualidades a tentar resolver. Normalmente isso não funciona, mas hoje foi a forma da equipa se ir recompondo, passar a dominar o jogo, criar oportunidades para marcar. Ter marcado na primeira -antes Pavlidis vestiu-se de Gyokeres, mas não foi feliz no remate - também ajudou. Tranquilizou os jogadores e deu-lhes a confiança necessária para que as coisas passassem a correr melhor.
O primeiro golo, o do empate, resultou claramente da qualidade individual de Kokçu (passe picado para ultrapassar a densa linha defensiva contrária) e do estreante e seu compatriota Arkturkoglu, a desmarcar-se e marcar com um toque de classe. Seis minutos depois, aos 34, no primeiro canto do desafio, consumava-se a reviravolta.
Foi o primeiro golo de canto da equipa que mais cantos tem no campeonato. Percebeu-se o trabalho que antes se percebia não existir: canto curto, cruzamento rigoroso de Di Maria para o segundo poste, donde Otamendi assistiu, de cabeça para o golo de Florentino, de rompante no lado contrário.
Era o segundo golo, em duas oportunidades. Só a partir daí o Benfica passou a criar oportunidades sem concretizar em golo. Também o Santa Clara criou então a sua segunda oportunidade de golo, num remate ao poste direito da baliza de Trubin.
Ao terceiro canto, logo no arranque da segunda parte, num cabeceamento de António Silva, o Benfica fez o terceiro. Se já dominava completamente o jogo, com o terceiro golo, jogadores e adeptos sentiram que já nada impediria a vitória. O resultado acabou por se fechar com o espectacular golo de Di Maria, ainda antes de atingido o primeiro quarto de hora da segunda parte, num coeficiente de aproveitamento na ordem dos 40%.
Bruno Lage ainda chamou a jogo Amdouni (Rollheiser), Prestiani (Di Maria), Schjelderup (Arkturkoglu), e Cabral (Pavlidis). E bem. Sem ser no último minuto, e todos com tempo e oportunidade de mostrar que podem também ser titulares.
Bruno Lage tinha referido que a dinâmica importa mais que o sistema. Com dois dias de trabalho já foi possível ver que a equipa foi mais dinâmica. E - parece-me - é possível esperar que o treino trará as rotinas e dinâmicas de um futebol entusiasmante por que há muito aguardamos. E para a reviravolta!
65 mil na Luz, para comemorar "in loco" a conquista do 38. Milhões por todo o mundo!
Antes, havia um jogo para ganhar. Não para jogar, apenas para disputar e ganhar. Tinha ontem dito algures que se amanhã o Benfica não desatasse a marcar golos cedo, o país corria o risco de um forte abalo sísmico, com um movimento tectónico capaz de deslocar a pacata cidade do Entroncamento 230 quilómetros para noroeste.
O Benfica marcou cedo, logo aos 7 minutos. Mas nem isso evitou que, no Dragão, o Porto começasse a jogar contra 10. Não sei - não vi, nem fui ainda procurara saber - se a expulsão do jogador do Guimarães, aos 2 minutos, foi justificada pela aplicação das leis do jogo. Sei é que uma expulsão aos 2 minutos é coisa estranha. Mas também sei que é mais frequente acontecerem coisas estranhas no Dragão que no Entroncamento. E tenho a certeza que nunca aconteceria com um jogador do Porto.
Se esta coisa estranha aconteceu logo no arranque do jogo, imagine-se o que não teria acontecido se o Benfica não tivesse marcado logo no início do seu jogo.
Na Luz sabia-se disso, e os jogadores entraram em campo para rapidamente marcar, e arrumar com os fenómenos. Do Entroncamento, ou do Dragão. Era um jogo para ganhar, e mais nada.
Teria de assim ser, e foi assim. Na primeira parte o Benfica ganhou o jogo. Na segunda, esperou pela festa. O Santa Clara era, irreversivelmente, o último classificado do campeonato, com a descida de divisão confirmada. Há muitos fenómenos estranhos no futebol em Portugal, não ainda não há milagres.
O Benfica entrou em campo com quatro alterações em relação ao último jogo, em Alvalade. Três pela entrada no onze de Morato, no lugar do castigado António Silva, Bah e Florentino. A quarta pelo regresso de Aursenes à sua posição natural. Que não se sabe bem qual é - porque ele é médio centro, é ala em qualquer dos lados, é segundo avançado, é tudo... - sabe-se é que não é defesa direito. Chiquinho ficou de fora. Dir-se-ia que naturalmente. Neres, também. Mas ao contrário do que seria natural. Talvez se justificasse mais que fosse João Mário a sair do onze, mas isso agora não interessa nada.
O que interessa é que o Benfica entrou em campo para resolver o que havia para resolver - o campeonato. O 38. E não deixou hipóteses a fenómenos e a fantasmas. Gonçalo Ramos marcou logo aos 7 minutos, logo no primeiro remate à baliza, de cabeça, a corresponder ao excelente cruzamento de Bah, depois de mais uma jogada bem desenhada. Até aí tinha havido futebol envolvente, pressão alta e domínio absoluto do jogo. Remates, é que não, como até foi sendo habitual.
Depois do golo o Benfica abrandou o ritmo, e parecia até ter deixado adormecer o jogo quando, 20 minutos depois, João Mário e Rafa conduziram uma jogada de contra-ataque de compêndio - até pareceu que fora para isso que se deixara adormecer, para os jogadores do Santa Clara se aventurarem lá à frente - que o último concluiu no segundo, deixando praticamente feito o que havia para fazer.
Depois foi dominar e controlar o jogo e, na segunda parte, esperar pela festa. Sem obsessões pelo golo. Nem que fosse para Gonçalo Ramos regressar ao primeiro lugar da lista de marcadores, donde saíra na última jornada por força dos penáltis de Taremi. De mais aqueles três de Famalicão.
Foi de tal forma evidente que Roger Schemidt não queria que essa obsessão perturbasse a equipa que até encarregou Grimaldo da marcação do penálti que fechou o resultado, quando havia ainda mais de meia hora para jogar. E como foi bonita a forma como o lateral esquerdo espanhol o usou para se despedir dos adeptos!
Começou aí a festa. Que ainda dura, bonita, na Catedral. Antes de seguir para o Marquês, para durar pela noite fora.
O 38 tardou, mas chegou. Com todo o merecimento. Com o mérito de uma liderança desde a primeira jornada, e isolada desde a quarta. Com o melhor ataque (82 golos) e a melhor defesa (20)!
O Benfica fechou a primeira volta do campeonato com uma vitória clara em Ponta Delgada, no terreno do Santa Clara, num jogo em que teve uma primeira parte bem conseguida.
Não foi ainda um jogo completamente ao nível do que melhor a equipa produziu no período que antecedeu a paragem para o Mundial, mas foi um Benfica impositivo, dominador e fiel à matriz do seu futebol. Sem Rafa, de novo afastado por lesão muscular, e sem Otamendi - de fora por conta daquele amarelo estapafúrdio com que Soares Dias o presenteou logo no início do dérbi, há uma semana - e com o Veríssimo a apitar, que é sempre uma má notícia, o Benfica começou o jogo com vontade de tornar fácil o que poderia ser complicado.
A receita foi a do costume - pressão alta, concentração competitiva e velocidade na circulação da bola. Depois, dois golos nas duas primeiras oportunidades, ajudou. O desperdício veio depois, mas com a equipa já sentada no conforto de uma vantagem de dois golos conquistada no quarto de hora inicial, ambos com a marca de água de Enzo Fernandez. No primeiro, com um cruzamento perfeito para Aursenes marcar, de cabeça. No segundo, com um passe de ruptura para Grimaldo cruzar para a entrada da pequena área, onde Gonçalo Ramos surgiu, de rompante e com classe, a desviar a bola para dentro da baliza.
A equipa não baixou o ritmo, e continuou a mandar no jogo, a exibir futebol de qualidade, e a criar novas oportunidades claras para aumentar o marcador. Três, pelo menos, de golo feito. Draxler, sempre o elo mais fraco, e sem justificar a titularidade - nem sequer a manutenção no plantel - falhou uma delas, sozinho, na cara do guarda-redes adversário. Gonçalo Ramos - com mais um grande jogo - falhou duas já em cima do intervalo. Que chegou com um resultado que, sendo interessante, estava longe de corresponder ao que se tinha passado no relvado naqueles 45 minutos.
Que não voltou exactamente a repetir-se na segunda parte. O Benfica baixou a pressão e a intensidade, e o Santa Clara estendeu-se mais no terreno e começou a ter chegada à área benfiquista. Poderia compreender-se a estratégia de abrandamento: com a subida a equipa açoriana deixava espaço para explorar nas costas da sua defesa, para arrumar definitivamente com o jogo. Assim teria sido se Gonçalo Ramos, logo aos 7 minutos, não tivesse desperdiçado um golo fácil, ao rematar ao lado da baliza quando, só com o guarda-redes pela frente a meio do meio campo adversário, tinha todo o tempo e espaço para o contornar e enviar tranquilamente a bola para a baliza deserta.
Como não foi, o Benfica passou por um quarto de hora complicado. Passou a perder os duelos e as segundas bolas, e deixou de ter condições para construir saídas que intimidassem o adversário. Que não construiu grandes oportunidades para marcar, mas manteve presença duradoura no meio campo benfiquista e conquistou cantos atrás de cantos. E quando assim acontece, o golo pode surgir quando menos se espera.
Estava o jogo nisto, e corria o minuto 64, quando Roger Schemidt fez entrar Neres, Chiquinho e ... Gonçalo Guedes, para a ansiada estreia, neste saudado regresso a casa. Saíram João Mário, que já pouco dava ao jogo, Aursenes, que tinha sido contemplado com um amarelo pelo Veríssimo, e Florentino, sem razão que se percebesse. Em campo mantinha-se Draxler, igualmente sem razão que se percebesse. E que por lá se manteria até ser substituído pelo menino João Neves, a 10 minutos do fim, e quando o jogo tinha acabado de ficar definitivamente resolvido com o golo de Gonçalo Guedes, na estreia perfeita.
Se o "nosso filho pródigo" e Chiquinho acrescentaram, Neres não. Mais uma vez. Preocupantemente, está a "drexlerizar-se". E o Benfica acabou com aquele quarto de hora que não foi de terror, mas não foi bonito de ver, já depois de António Silva ter evitado o golo, na única clara oportunidade dos açorianos em todo o jogo.
Nos restantes 25 minutos do jogo o Benfica voltou ao comando e ao controlo do jogo, e voltou a criar, e a desperdiçar, mais umas quantas oportunidades para voltar a marcar. Só não falhou Gonçalo Guedes, ao minuto 80, depois de mais uma assistência de Enzo Fernandez. O melhor em campo, e definitivamente "regressado".
Houve ainda tempo para a última substituição, com Musa a render Gonçalo Ramos, em cima do minuto 90. Ainda a tempo de falhar disparatadamente duas oportunidades - quase tão disparatadamente como Neres já tinha feito - , e de voltar a confirmar que é mais um dos que não tem qualidade para jogar nesta equipa.
E assim fechou o Benfica a primeira volta. Que fica como a terceira melhor neste formato da Liga. Da melhor, que há apenas um mês pensávamos que seria ultrapassada, a da época 2019-20, de Bruno Lage, nem nos queremos lembrar... Mas isso foi noutros tempos. Agora é tempo de fazer com que a segunda seja, pelo menos, igual a esta primeira. Não há os 7 pontos de vantagem, que da outra vez fugiram tão depressa mas, perdendo apenas os mesmos 7 perdidos nesta primeira volta, dificilmente deixará de haver festa no Marquês, em Maio.
Começo por onde comecei a análise ao último jogo, em Tondela. Que tinha tudo o jogo da reviravolta, mas não deixou a certeza de o ter sido. Explicava depois que, ao não aproveitar a superioridade numérica durante meia hora de jogo para ir para cima do Tondela à procura da goleada, o Benfica abdicou da construir um jogo e um resultado que robustecesse a saúde psicológica da equipa.
Ao desaproveitar essa oportunidade a equipa mostrou que não estava muito interessada em sair da crise. Essa é que é essa!
Hoje, de volta à Luz, um inferno mas para os jogadores do Benfica, com o mesmo onze e a mesma fórmula de Tondela, confirmou--se que dar a volta à crise não é coisa que esteja nos horizontes do Benfica. A equipa até entrou relativamente bem, como tem acontecido com alguma frequência. Logo aos minutos criou uma boa jogada de ataque, mesmo que tivesse deixado a ideia que tinha sido tudo mais circunstancial que trabalhado.
Pouco depois, Darwin, isolado, falhou a baliza. E minutos mais tarde, Vertonghen atirou ao poste - mais uma vez nos ferro. Na resposta o Santa Clara chegou pela primeira vez à área do Benfica. No primeiro remate ... grande defesa de Vlachodimos. E na recarga, golo!
O árbitro assistente assinalou fora de jogo, mas o VAR encontrou linhas, e 14 centímetros, para reverter a decisão.
O relógio marcava 20 minutos, e vinha à memória uma expressão popular - "quando um homem está com a azar até a mulher tem filhos dos outros". Os jogadores do Benfica sentiram o golo, e a equipa afundou-se, perdida nos seus medos e na sua incapacidade. E, em vez ideia de azar, ganhava corpo a ideia que as orte dá muito trabalho.
Os 10 a 15 minutos que se seguiram ao golo foram de todo lastimáveis,. E os 10 minutos finais pouco menos que isso, e no fim da primeira parte o Benfica não tinha um único remate à baliza do Santa Clara. Apenas quatro remates, todos para fora!
A segunda parte não começou diferente, o intervalo não deverá ter servido se não para descansar, mesmo que não houvesse grandes razões para que os jogadores estivessem muito cansados. E foi o Santa Clara, mesmo desfalcado de algumas das suas principais unidades, a estar por cima do jogo no primeiro quarto de hora. Aos 58 minutos Nelson Veríssimo fez as primeiras substituições, com a entrada de Yaremchuk e Taarabt, por troca com Everton - a voltar à sua habitual intermitência -e com Paulo Bernardo que, percebe-se, sabe jogar à bola, mas não passa daquilo. Desta vez, ao contrário do que é costume, as substituições funcionaram. Mesmo que, em boa verdade, tenha ficado a ideia que, mais que as substituições, foi o penalti, completamente desnecessário, sobre Rafa, que até já ia a sair da área, no mesmo minuto, que mudou o jogo. Quando duas coisas acontecem ao mesmo tempo é difícil saber qual é que influenciou o quê.
Com o golo do empate, na superior conversão do penalti por Darwin, e com a movimentação e a capacidade física de Yaremchuk e de Taarabt, o Benfica mudou o jogo. O Santa Clara reagiu de imediato ao golo, e vá lá saber-se se não foi essa reacção a abrir os espaços para o segundo golo, de novo de Darwin, logo a seguir, dois minutos depois.
Em dois minutos o Benfica dava a volta ao resultado, e partiu então para o domínio completo do jogo. Sol de pouca dura, não durou mais de 10 minutos o único período de futebol aceitável que a equipa apresentou hoje,. Depois tentou controlar o jogo com bola, mas acabou com o credo na boca. Dos jogadores e dos adeptos. Qual deles os mais desconfiados. E descrentes!
O jogo de ontem, no Dragão, foi uma vergonha. Foi vergonhoso o comportamento dos jogadores durante o jogo, em especial os do costume - Pepe, Otávio e agora também Evanilson. E inqualificável o que aconteceu depois do apito final. Ficamos agora à espera das consequências disciplinares dessas vergonhas, mesmo sabendo o que a casa gasta. Nada vai dar em nada, tudo vai ficar na mesma. É assim há 40 anos.
Mas, no pouco tempo em que os jogadores quiseram jogar à bola, vimos uma intensidade - e até qualidade - que não vimos no Benfica. E isso explica porque este Benfica não consegue ganhar um jogo a estes adversários. E porque tem tantas dificuldades com os Morerirenses, os Gil Vicentes e os Santas Clara deste campeonato.
O futebol é isto mesmo. Ou, um jogo com duas partes distintas. Sim, é em futebolês que se explica o jogo do Benfica, hoje, em Ponta Delgada.
O futebol é isto mesmo, mas nem sempre é isto. Só às vezes é isto. E, isto, é um jogo com duas partes distintas, em que a primeira é muito má, de muito baixa qualidade. E nem sempre é fácil partir daí para um grande jogo na segunda parte. Foi o que aconteceu, e isso é futebol!
A primeira parte do Benfica foi mesmo fraquinha. Sem velocidade, sem ligação, e com os jogadores francamente desinspirados. Alguns, como Diogo Gonçalves e Everton, simplesmente desesperantes.
Jorge Jesus apresentou uma equipa estranha. Com 13 jogadores envolvidos nas selecções, e com o primeiro jogo para a Champions, em Kiev, já na próxima terça-feira, seria impossível apresentar um onze próximo do mais habitual. Mas também não seria preciso apresentar um tão estranho. Até porque utilizou três jogadores de campo que jogaram nas selecções (Lucas Veríssimo, tinha jogado na madrugada de ontem, e chegado aos Açores, do Brasil, Verthongen e João Mário), e deixou de fora jogadores com quem tinha trabalhado nestas duas semanas, como Pizzi e Gonçalo Ramos, e Rafa, que tendo estado na selecção, não jogou.
Nesse primeiro período foi a equipa do Santa Clara que mais jogadas de perigo criou, entre elas um remate, indefensáevl, ao poste na cobrança de um livre, e uma grande defesa de Vlachodimos. Mas já perto do intervalo, um excelente passe do Grimaldo lançou o Rodrigo Pinho - uma das opções na equipa estranha - para o golo. Ao segundo remate do Benfica. O primeiro tinha-lhe também pertencido, fraco e ao lado, sem qualquer ameaça.
Era injusto para o Santa Clara, mas ... Lá está - o futebol é isto mesmo. Terá sido por isso que o VAR - o nosso amigo Soares Dias - levou três minutos para validar um golo que, claramente, não sofria de qualquer ilegalidade. No fim, diziam as linhas que Rodrigo Pinho estava em jogo por 37 cm. Ao menos que pusessem três, para justificar o injustificável. Este futebol é mesmo isto mesmo!
Depois veio a segunda parte. Distinta, pois claro!
Rafa entrou logo, nem o golo salvou o estranho Rodrigo Pinho, que ficou no balneário. Tudo mudou, mesmo só mudando um jogador, e até o Everton parecia outro. Ainda nem 10 minutos tinham passado e lançava Darwin para o segundo golo, muito à imagem do primeiro. Ao segundo remate à baliza. Mais 10 minutos, e golão de Rafa. Fantástico. Ao terceiro remate à baliza!
Mais 4 minutos, Darwin fez o quarto. Ao quarto remate à baliza, que nem talvez o tenha sido - a bola bateu em dois defesas do Santa Clara antes de entrar na baliza.
Entretanto iam entrando Pizzi, Gedson, Yaremchuk e o estreante Lázaro, e a equipa melhorava a qualidade do seu jogo, perante um adversário de rastos, vergado pelo peso da sucessão dos golos. Acabou aos cinco, em nova criação de Grimaldo, concluída por Yaremchuk. Ao quinto remate à baliza. Faltavam ainda 25 minutos para o fim do jogo, para mal dos pecados dos jogadores da equipa açoriana.
Mas não lhes aconteceu mais nada, que não correrem atrás da bola. Como se isso não fosse já muito. De resto, apenas mais um remate. Que não deu golo. O primeiro à baliza, e o segundo em todo o jogo, que não deu golo. E 25 minutos de futebol tranquilo e vistoso, agradável à vista, para passar o tempo.
O futebol é isto mesmo? Não é nada! Sete remates num jogo, com seis deles à baliza, e cinco golos é certamente coisa rara. Cinco remates, com cinco golos, no espaço de 20 minutos, é coisa única e irrepetível!
Que jogo esquisito, este do Benfica esta noite na Luz, com o Santa Clara, nesta montanha russa - com mais descidas vertiginosas que propriamente subidas - que são as suas exibições nesta época. Não é que seja esquisito que a equipa não tenha dado continuidade à boa segunda parte de Portimão, porque - lá está - regularidade é coisa que o Benfica não sabe bem o que é. O jogo é que foi mesmo esquisito.
O Santa Clara é um adversário complicado, não complicou só a vida ao Benfica. Já o tinha feito em Alvalade e no Dragão, donde acabou por sair com o mesmo resultado de hoje, e porventura até de forma mais injusta que hoje. Mas isso não explica tudo, e menos explica que o jogo tenha sido tão esquisito.
Na primeira parte o Benfica não jogou bem, longe disso. Mas também não jogou tão mal como já o tem feito, pelo menos ao nível do passe. É certo que o futebol da equipa não teve velocidade, nem intensidade. Mas também não foi exactamente aquela pasmaceira de muitos outros jogos. Foi assim uma coisa que nem é carne nem peixe.
Mais que uma má exibição, foi uma exibição incompetente. Especialmente tacticamente incompetente.
Nunca teve o jogo controlado, mas também nunca se viu seriamente ameaçado pelo adversário. Criou duas ou três oportunidades para marcar, mas nem sequer rematou. E acabou por chegar ao golo, aos 25 minutos, quando o Santa Clara estava por cima do jogo, na única vez que conseguiu chegar à linha de fundo - a pecha maior deste futebol de Jorge Jesus, como venho repetindo - num cruzamento tenso, como mandam as regras, de Everton, na única coisa de jeito que fez enquanto esteve em campo, concluída pelo melhor marcador … da equipa açoriana.
Foi um golo à ponta de lança, num cabeceamento de grande execução, como se a baliza fosse outra. Uma rotina de ponta de lança numa acção defensiva. Mais esquisito não há!
Logo a seguir Seferovic - também ele com a sua montanha russa - não fez de ponta de lance, como tantas vezes lhe acontece. E falhou o 2-0 sozinho à frente da baliza, depois de servido de bandeja pelo Diogo Gonçalves, de novo o mais inconformado
Sempre à espera da fase de subida da montanha russa, esperava-se que a segunda parte fosse diferente. Que, em vantagem no marcador, com a lição da primeira parte estudada, com um adversário a jogar aberto e no campo todo, repetisse a segunda parte de Portimão.
Mas, não. O Benfica piorou ainda. E o primeiro quarto de hora foi pouco menos que um pesadelo. O Santa Clara chegou naturalmente ao empate, e só se não pode dizer que esteve sempre por cima do jogo porque,, de quando em vez, o Benfica engatava uma jogada, e criava sempre mais perigo que o adversário a atacar e a rematar mais.
Esquisito. Tão esquisito que chegou ao golo da vitória - por Chiquinho, que entrara, com Darwin, logo a seguir ao golo do empate, com mais uma assistência do Diogo Gonçalves, a culminar a melhor jogada do desafio - no primeiro remate de todo o jogo enquadrado com a baliza.
Esquisito que o guarda-redes do Santa Clara tenha feito uma única defesa. E Helton Leite umas sete ou oito. E que os açorianos tenham rematado o dobro do Benfica. E que mesmo assim Seferovic tenha voltado a falhar mais dois golos feitos. E Darwin mais outro.
Já só não é esquisita a regularidade desta irregularidade da equipa. Nunca se sabe com o que se pode contar. O melhor é contarmos com exibições destas. E depois, se sair alguma coisa de jeito, deixarmo-nos entusiasmar e pensarmos mais uma vez que agora é que é.. E entramos também na montanha russa!
O Benfica iniciou o jogo desta tarde, no Estádio de S. Miguel, já com cinco minutos decorridos. Foram os que ontem o árbitro Hélder Malheiro permitiu que decorressem no charco de Ponta Delgada, num campo evidentemente impraticável. Uma teimosia que nos traz à memória um certo jogo em Setúbal, aqui há uns anos, quando o então árbitro, e hoje "dono disto tudo", Pedro Proença passeava pelo campo à procura de poças de água, fazendo tudo para que a bola não rolasse, para não dar início a um jogo que ao Porto, então, não convinha nada que se realizasse.
Como agora também não convinha nada ao Benfica, com sete jogadores impedidos, e a precisar mesmo é de não jogar.
Mas lá teve de comparecer hoje, para dar continuidade à maré negra que se prolonga, e que uns milagres têm mitigado, que não escondido. Agora nem já os milagres lhe valem!
Mais uma vez, como fizera no último jogo com o Portimonense, Jorge Jesus veio dizer que a equipa fez uma boa primeira parte. Não fez, como não tinha feito na passada quarta-feira. A grande primeira parte do Benfica resumiu-se a uma boa jogada de futebol, que começou e acabou em Darwin, e no único golo da equipa, ao minuto 33. E a uma prestação simplesmente aceitável nos doze minutos que se seguiram, onde mais não conseguiu que criar uma segunda oportunidade (Waldschimidt) para voltar a marcar.
A segunda parte arrancou com um choque de cabeças entre Jean Patric e Gilberto, que assustou toda a gente e atirou ambos para fora do jogo. É o movimento do avançado do Santa Clara que projecta a sua cabeça contra a do lateral direito do Benfica, pelo que não há penalti nenhum, como reclamou o treinador da equipa açoriana.
O jogo esteve parado largos minutos e, quando foi outra vez retomado, já só estava uma equipa em campo. Vestia de vermelho, mas não era a do Benfica. Esta foi com Gilberto para os balneários, no dizer de Jorge Jesus, que imputa à falta do lateral direito a quebra da equipa.
Até chegar ao empate, que era o que os açorianos realmente queriam do jogo, aos 60 minutos do relógio, mas no início da segunda parte em jogo jogado, o Benfica não foi capaz de fazer rigorosamente nada para contrariar a superioridade dos adversários. Que ganhavam todos os duelos e chegavam sempre primeiro à bola. De tal forma que o golo do empate não surpreendeu ninguém.
Um golo comum na baliza do Benfica. Um lance de bola parada, com a redondinha a cruzar toda a área, para chegar à pequena área na sequência de um remate falhado na esquerda, em que o central Fábio Cardoso, formado no Benfica, meteu a cabeça onde os jogadores benfiquistas não foram capazes de meter os pés.
Faltava meia hora para o fim do jogo. Muito tempo, tempo para mais um milagre, terão pensado os jogadores do Benfica. Por isso continuaram como se lá não estivessem. Este Jesus não faz milagres, mas acredita neles. Tanto, que até Ferreyra mandou lá para dentro!
Pode continuar a acreditar, Mister Jesus. Mas olhe que se acontecessem todos os dias deixavam de ser milagres!
Um milagre é um milagre. É como um vintém. Lembra-se?
Já não há palavras para o que se está a passar com o Benfica. É um pesadelo, sem que haja forma de acordar.
Hoje não foi apenas mais do mesmo em que se tornou a equipa de Bruno Lage. Foi ainda pior. A equipa voltou a surgir sem futebol, sem ideias, sem força, e sem alma.
Na primeira parte foi igual ao que tem vindo a ser de há cerca de seis meses para cá. A deixar passar o tempo, como se não tivesse um jogo para ganhar.
Saiu para o descanso a perder, com um golo sofrido em cima do intervalo. Oferecido, infantilmente oferecido por Nuno Tavares, que não mais recuperou desse erro.
Regressou para a segunda parte como há muito se não via. Parecia que finalmente com vontade de dar a volta às coisas e ao jogo. Pressionando o adversário, correndo, metendo velocidade no jogo e com algum acerto. Por obra de uma subida de rendimento dos jogadores, mas também da trocas que Bruno Lage promoveu ao intervalo, com as entradas de Vinícius e Zivkovic (finalmente!) para os lugares dos ineficazes Seferovic e Gabriel.
Valeu-lhe, essa entrada, o empate. Só que, pouco depois, mais um canto - o sexto, todos concedidos em evidente tremideira - e ... costume: golo entre os centrais. Inesperadamente a equipa reagiu e deu a volta ao marcador. Em dois minutos, Vinícius fez dois golos. O mais difícil estava feito!
Só que com esta equipa nunca nada está feito. A tremideira continuava lá atrás, e Rúben Dias, desequilibrado (em falta?) numa disputa no ar com um adversário no seguimento de um lançamento lateral, levanta a mão para as alturas. E para a bola - penalti e empate, de novo. Faltavam oito minutos para os 90, a que haveriam de acrescer mais seis. Mas percebeu-se que a equipa já não tinha alma para mais. Em vez de procurar reagir, entregou o jogo ao Santa Clara. Que, já no período de compensação, à beira do fim, no mais inacreditável dos lances do jogo em que os dois centrais chutaram sucessivamente a bola um contra o outro, marcou o quarto (!!!) e ganhou o jogo.
Como se tudo o que acabara de acontecer não fosse suficiente mau, na conferência de imprensa Bruno Lage fez o resto. E fez o seu haraquiri em directo, acusando os jornalistas de se andarem a vender por uns almoços, uns jantares e umas viagens a todos os treinadores que estão interessados no seu lugar.
É o fim de linha. Para Lage, mas também para alguns jogadores. E para o presidente Vieira que, para além de ser responsável por esta desgraça, tinha dinheiro para a OPA, mas já precisa de um novo empréstimo obrigacionista. E com custos muito acima do que é a realidade actual dos mercados financeiros. E de antecipar receitas das transmissões televisivas. Que deveriam caber a exercícios de mandatos futuros, que deveriam pertencer a futuros presidentes!
E o fim da ilusão do campeonato, que apenas durou até agora por ter vindo a ser alimentada pelo rival. Que hoje, embalado por mais dois penaltis que desta vez não falhou chega, nesta altura, com três pontos à maior, a uma vantagem que ainda nunca alcançara neste campeonato.
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