Uma coisa é eu achar que, na sequência do assassinato vergonhoso daquele cidadão ucraniano às mãos de uns torcionários do SEF, Eduardo Cabrita há muito que deveria estar fora do governo. Em boa verdade nunca lá deveria ter entrado, nem ele nem mais uns tantos, como por exemplo o Sr Augusto Santos Silva. Outra coisa é o Presidente da República achar o mesmo.
É que, eu, digo o que acho e ... nada. Não tem problema nenhum. Marcelo, não. Não diz nada mas desata às caneladas por baixo da mesa. Ontem fê-lo sem grande descrição e nenhuma reserva. Primeiro mandou recado pelo Marques Mendes, e depois meteu mesmo ao barulho, e com estrondo, o Director Nacional da PSP. Que, ou não está bom da cabeça. ou foi incumbido pelo Presidente de acabar com o SEF e incluir as suas estruturas na PSP. Deu até as boas-vindas ao pessoal, garantindo-lhes que seriam bem acolhidos e tratados...
Ouvimo-lo todos. E, mesmo com algumas dificuldades no português, percebemos bem que aquilo não era nenhuma opinião pessoal. Era ele a levar a sério, como não poderia deixar de levar, uma ordem do Presidente. Que tinha por objectivo queimar o ministro e chamuscar seriamente o chefe do governo, a quem "inúmeras vezes" terá falado do assunto.
Bem pode agora o ministro espernear ... A António Costa só lhe faltava mais esta. Mas pôs-se a jeito, e quase dá para, como antigamente, dizer que só se perdem as que caírem no chão.
Há nove meses, ao entrar no nosso país, um cidadão ucraniano foi selvaticamente assassinado nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do aeroporto de Lisboa, oficialmente designado de Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa.
Segundo o despacho de acusação, depois de algemado, o homem foi violentamente agredido a pontapé, a murro e à bastonada, até à morte. Escondida por todos os envolvidos, e por todos os que os envolvidos envolveram, a ponto de ter chegado ao Ministério Público como causada por doença súbita.
Aos poucos, foram-se conhecendo as circunstâncias deste crime de Estado próprio das mais sanguinárias ditaduras, sempre escondido pelas autoridades portuguesas. A julgamento em Tribunal chegam apenas três arguidos, acusados directos dos actos do sinistro assassínio que cobre de vergonha Portugal e os portugueses, colocados ao nível da mais repugnante barbárie. A viúva diz apenas que sente ódio sempre que vê o nome de Portugal!
As altas estruturas do SEF e da sua tutela no governo, que tudo fizeram por esconder tão inqualificável violação dos direitos humanos, passam ao lado de qualquer responsabilização. Soube-se apenas agora da demissão da directora geral do SEF, uma demissão premiada com um alto e bem remunerado cargo na estrutura diplomática do país em Londres. E soube-se igualmente agora que o governo vai promover uma restruturação daquela polícia com vista a separar as funções policiais das administrativas colocando, para isso, na sua chefia mais um boy que lá estava à mão. E mandando instalar um botão de pânico.
Que ficará mesmo à mão de qualquer outro cidadão amarrado de pés e mãos que tenha a infeliz sorte daquele imigrante ucraniano. Um botão que não serve ao ministro Eduardo Cabrita, em pânico para se segurar num lugar que por dever de consciência já deveria ter abandonado. Se a tiver, o que de todo não parece!
A notícia, mesmo que mal amanhada, enchia ontem a primeira página do Record. Mas é tal qual a ouvi num telejornal da hora de almoço que verdadeiramente ganha expressão: "O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras visitou os três grandes à procura de ilegais. Encontrou quatro em Alcochete e nenhum no Seixal. Do Olival nada se sabe"!
Mas há mais. Tem de haver... Nas lixeiras e estrumeiras as bactérias crescem rapidamente e multiplicam-se a grande velocidade. Ao contrário do que diz Paulo Portas, os vistos gold não trazem investidores para o país. Trazem estrumeiras!
No dicionário diz que é o local onde se acumula, prepara ou fermenta o esterco...
PS: Para já, 3 horas depois da publicação deste texto e das primeiras notícias terem vindo a público, já há um terceiro alto funcionário do Estado detido - a secretária geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes. Oito outras pessoas da administração pública foram também já detidas. Havia mais... Tinha de haver mais. Provavelmente mais ainda!
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