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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

O apuramento da selecção e outra(s) história(s)

Apuramento Euro 2024 :: Euro (Q) Futebol [Seniores] :: Classificação ::  Estatísticas :: Títulos :: Palmarés :: História :: Golos :: Próximos Jogos  :: Resultados :: Notícias :: Videos :: Fotos :: zerozero.pt

A selecção nacional de futebol concluiu ontem a fase de apuramento para o Euro 2024 culminando, com a vitória (2-0, com golos de Bruno Fernandes e Ricardo Horta) em Alvalade sobre a Islândia, num inédito apuramento plenamente vitorioso. Dez jogos, dez vitórias. E com o maior número de golos marcados (37), e o menor de sofridos (2), de sempre!

E, se não sempre, na imensa maioria dos dez jogos, com exibições de alto nível. Poderá dizer-se que o grupo era acessível. Que não encontrou adversários de grande porte, mas também isso depende do patamar que a selecção portuguesa atingiu no panorama do futebol mundial. Durante décadas o apuramento para uma fase final de uma grande competição de futebol era inacessível. Depois passou a esporádico - 1966, 1984 (curiosamente com participações entusiasmantes), 1986 (desastrada) e 1996. 

A partir daí só falhou o Mundial de 1998, em França. E, com maior ou menor dificuldade no apuramento, e maior (Euro 2000, 2004 e 2012 - 2016 foi o do inédito título, mas não foi especialmente brilhante - e Mundial de 2006), ou menor brilho (Mundial de 2002 e de 2014) nas fases finais, esteve sempre presente nos maiores palcos do futebol mundial. 

Este período que lançou a selecção portuguesa para o grupo das selecções obrigatórias nas fases finais iniciou-se com Humberto Coelho, e a magnífica equipa de 2000. Por razões nunca esclarecidas, mas que se lêem bem nas entrelinhas daquilo que é o futebol em Portugal, foi substituído por António Oliveira, no fiasco de 2002. A partir daí sucederam-se reinados mais ou menos longos. Primeiro o longo reinado de Scolari, depois os mais curtos de Carlos Queiroz e Paulo Bento, até ao longo de Fernando Santos.

As gerações de grandes jogadores portugueses iam-se sucedendo, à volta de Cristiano Ronaldo - que tem hoje colegas na equipa que ainda não eram nascidos quando ele começou -, à medida, cada vez mais evidente, que se falhavam grandes selecções, daquelas que são sempre favoritas a ganhar o que disputem, e que deixam o perfume do bom futebol espalhado por onde quer que passem. Com Fernando Santos vieram os títulos - o Europeu de 2016, e a primeira das edições da Taça das Nações - mas nunca a afirmação de uma selecção ao nível da qualidade dos jogadores portugueses, sobejamente exibida nas equipas que integravam, nos maiores clubes do mundo.

Fernando Santos aprisionava o (crescente) talento dos jogadores e era ele próprio refém. Refém da forma como ganhou o Campeonato da Europa, em França. E ... de Cristiano Ronaldo. Incapaz de se libertar de um sem se libertar do outro.

Quando o tentou, quando forçou, acabou. 

Chegou Roberto Martinez e logo se percebeu por que lado tinha partido a corda que, em desespero, Fernando Santos puxara. Deslocou-se de imediato a Riad e essa mensagem de vassalagem não augurava qualquer mudança. 

A vantagem do treinador espanhol, para além da de rapidamente "se fazer português", foi não estar refém de França. Com isso conseguiu libertar os jogadores, formar um grupo, e fazer desta selecção uma equipa capaz de soltar o talento imenso dos jogadores que a compõem. E de, mesmo a jogar muitas vezes com dez, surgir na Alemanha, no início do próximo Verão, com a condição de candidata a campeã europeia.

Talento à solta

Um resultado tão desnivelado ao intervalo? Jogo na Bósnia é histórico para  Portugal :: zerozero.pt

Garantido o apuramento na sexta-feira, hoje, na Bósnia, a selecção portuguesa de futebol assegurou o primeiro lugar na classificação do grupo de apuramento para o Euro 2024, na Alemanha, com uma goleada (5-0) a confirmar a inédita sequência de oito vitórias consecutivas.

Diz-se, em futebolês, que uma equipa joga o que a outra deixa. Se assim é, na primeira parte - período em que se construiu o resultado - a Bósnia deixou muito; e Portugal jogou muito. Tanto que foi um regalo para a vista. Tanto que até fez esquecer as muitas coisas que tanto fazem para afastar o público do futebol da selecção nacional. 

Sim, a selecção tem, e tem tido, público. Mas é o seu público. Não é exactamente o mesmo!

Nesta primeira parte, com quatro mudanças (com as entradas de Gonçalo Inácio, Danilo, Octávio e João Félix, e as saídas de António Silva, Palhinha, Bernardo Silva e Gonçalo Ramos) na equipa, relativamente ao último jogo, com a Eslováquia, a selecção aproveitou o que a Bósnia deixou jogar para soltar o talento que lá tem dentro, tantas vezes reprimido. E dar espectáculo. Talvez tenha sido a fanfarronice dos bósnios antes do jogo - que nem é novidade, já no passado tinha sido assim, e Dzeko é até repetente - a explicar o que se passou na primeira parte. À meia hora já contavam com quatro. Ao intervalo já eram cinco, sem os bósnios terem sequer oportunidade de cheirarem a bola.

A segunda parte acabou por ser uma mera formalidade. O seleccionador bósnio, com a humildade que não tivera antes, reforçou o sector defensivo, com a única preocupação de não sofrer mais golos. E passou a deixar jogar menos, quem já não precisava de jogar mais, mas apenas de cumprir o tempo de jogo.

Foi isso a segunda parte. A formalidade para o jogo ficar completo. E altura para Roberto Martinez voltar a testar os três centrais. Ah! E para estrear na selecção um menino de 19 aninhos, acabados de cumprir. 

Foi a primeira vez do talento de João Neves. E a primeira vez é sempre a primeira vez!

Apuramento para o Euro 2024

A selecção nacional de futebol garantiu hoje a presença na fase final do Campeonato da Europa de 2024, na Alemanha. A notícia não é o apuramento. A selecção portuguesa é já um cliente habitual das fases finais das maiores competições de futebol, e leva já 13 apuramentos consecutivos, entre mundiais e europeus. A notícia é tê-lo conseguido a três jornadas do fim, com o pleno (sete) de vitórias.

Nunca tinha conseguido um apuramento tão tranquilo, e bem nos lembramos como tantas vezes só foi atingido em última instância. Nos chamados "play offs", como no último Mundial. 

O "feito" é naturalmente consequência da valia dos jogadores portugueses. São poucas as selecções com tanto talento disponível, mesmo faltando-lhe ainda o de mais alguns indisponíveis, pelas razões conhecidas. Mas também de um grupo de apuramento sem grandes dificuldades, mesmo o mais fácil dos últimos largos anos. Basta recordar que a Eslováquia, o adversário desta noite, no Dragão, é claramente o mais forte. E que disputa agora o apuramento com o Luxemburgo, a quem a selecção nacional marcou 15 golos no duplo confronto. Nos cinco jogos com os restantes adversários, o Luxemburgo sofreu dois golos. E a Eslováquia, um!

O outro "feito" que a selecção procurava era o apuramento sem golos sofridos. Não o conseguiu porque sofreu hoje dois golos, os primeiros, numa vitória tangencial por 3-2. Como tangencial tinha sido o 1-0 da vitória em Bratislava. Igual ao de Helsínquia.

O resultado de hoje tem mais de mentira do que de verdade.

A selecção jogou, criou e rematou para marcar muito mais que três golos. Para além de uma bola (Gonçalo Ramos) no poste, de meia dúzia de grandes defesas de Dúbravka, o guarda-redes do Newcastle, houve ainda uma série de oportunidades claras de golo desperdiçadas. 

Teve períodos do jogo brilhantes, e exibições individuais ao nível da sua qualidade e talento, num 4x4x2 inédito na era Roberto Martinez. Cristiano Ronaldo (dois golos, os últimos dois, o primeiro dos quais de penálti) - já se sabe - tem lugar cativo durante 90 minutos. Mas é assim ... E Rafael Leão, o primeiro a ser substituído (por João Félix, renascido em Barcelona), pareceu sempre pouco ligado com a equipa. Os restantes estiveram a bom nível ... até poderem. Até o desgaste físico - agravado pelas condições do campo, dada a chuva forte que caiu durante todo o jogo - e a reacção dos jogadores eslovacos, fisicamente mais fortes, lho permitirem.

O que tem de verdade são os dois golos marcados pela Eslováquia em quatro remates. E o susto que chegou a provocar. Com os golos, o primeiro a reduzir o curtíssimo 2-0 da primeira parte para 2-1, e o segundo a praticamente anular a rápida reacção portuguesa com o terceiro, três minutos depois. E a quebra do meio campo português na segunda parte, quando o Palhinha deixou de ser suficiente para sozinho o segurar, e os eslovacos passaram a ganhar os duelos e as segundas bolas que antes perdiam. Com Roberto Martinez simplesmente a assistir ...

E, espera-se, a aprender alguma coisa com o que via. O talento, sozinho, ganha os jogos com estes adversários. Para outros é preciso muito mais. É preciso ordem e rigor. Sem cedências ...

 

Prova dos nove

Portugal verpulvert Luxemburg met grootste zege ooit | NU.nlRoberto Martinez confirms his plans for Cristiano Ronaldo after taking ...

Com Martinez, como com Fernando Santos, - e tão iguais que eles são! - a selecção joga bem, e joga mal, é de topo, ou simplesmente banal, conforme inclui, ou não, Cristiano Ronaldo. É assim, e vem sendo assim já há muito tempo.

Depois de um jogo miserável, e de um lisonjeiro 1-0, com a Eslováquia, três dias depois, uma exibição categórica, realmente ao nível dos jogadores de eleição de que dispõe, e a maior goleada da História da selecção portuguesa, com 9-0 ao Luxemburgo. Do 8 ao 80!

Os mais distraídos poderão pensar que o que mudou foi o adversário. Que a Eslováquia não é o Luxemburgo. A esses convém lembrar que o Luxemburgo era, no fim da quinta jornada, o segundo classificado do grupo. Atrás da selecção portuguesa, e à frente da eslovaca. E das restantes três. Que o Luxemburgo já não tem hoje uma selecção da quarta divisão europeia, como teve durante décadas. 

Não. O que mudou é que, com a Eslováquia, o "melhor do mundo" jogou os 90 minutos do jogo, e viu um cartão amarelo - que teria sido vermelho se fosse outro qualquer jogador a entrar daquela forma sobre o guarda-redes adversário - que o impediu de jogar ontem com o Luxemburgo, no Algarve.

O que mudou, e o que muda sempre que nos últimos dois anos Cristiano Ronaldo não joga, é tão evidente que já nem o próprio pode deixar de ver. 

A selecção portuguesa de futebol, e o país, devem, inegavelmente, muito a Cristiano Ronaldo. Já que a estrutura da Federação Portuguesa parece não se preocupar muito que isso seja esquecido, deveria ser o próprio Ronaldo, vendo o que não pode deixar de ver, a preservar o seu legado, e a defender a sua muito provavelmente inigualável História na selecção nacional. Para isso resta-lhe a oportunidade de anunciar a sua retirada, e acordar com a Federação uma despedida em grande, onde quer que seja (menos na Arábia Saudita, evidentemente!), num jogo entre a selecção nacional e um seleccionado internacional dos maiores jogadores das quase duas décadas que dividiu com Messi no trono do futebol mundial. E, já agora, que jogasse 10 minutos em cada uma das equipas para, por uma vez, jogar ao lado do rival e genial argentino.

Isso é que era bonito. Mas já se está a fazer tarde! 

Obrigado raparigas

Portugal 0-0 Estados Unidos :: Mundial Feminino 2023 :: Ficha do Jogo ::  zerozero.pt

Chegou ao fim a epopeia das "navegadoras". Sem particular glória, mas com honra. E com justificada esperança para o futuro.

Não para as "navegadoras" - esta rebuscada ideia de encontrar cognomes mais ou menos épicos é tão portuguesa como o fado, o fado de "f" minúsculo marcado pelo destino, mais, ou menos, trágico - mas para estas raparigas que deram expressão à selecção nacional de futebol feminino. 

O primeiro apuramento para o Mundial tinha sido difícil, e garantido á última hora, como é tão português. Garantida a participação na competição máxima do futebol, o sorteio não fora simpático, mandando as "navegadoras" para a turbulência de um grupo agitado pela presença das bi-campeãs mundiais e das vice-campeãs em título. Que naturalmente esgotavam o favoritismo para para a continuidade em prova.

No primeiro jogo, uma primeira parte assustada e assustadora, condenou-as à derrota no jogo de entrada. A segunda parte desse jogo mostrou logo que os primeiros 45 minutos tinham sido o resultado de uma entrada temerária, e mal preparada. Que aquelas raparigas tinham outro futebol, que não aquele do pontapé de saída. E que esse outro futebol justificava ambição que não tinham conseguido mostrar.

Poderiam ter evitado aquela derrota daquele 0-1 com as holandesas, e acabaram o jogo a provar que mereciam outro resultado. Bastou essa segunda parte para que se abrissem perspectivas para fintar o destino.

No segundo jogo encontraram pela frente a também estreante selecção do Vietname, obviamente a mais fraca do grupo. A enorme superioridade das "navegadoras" foi patente desde o pontapé de saída, e as coisas começaram a correr pelo melhor, com dois golos logos nos primeiros minutos.

Com tudo para construir a maior goleada da competição, que viria a ser conseguida precisamente pelas holandesas perante estas mesmas vietnamitas, nos 7-0 de hoje, a selecção portuguesa  passou o resto do jogo a construir oportunidades de golo, sem no entanto conseguir que a bola voltasse a cruzar alinha de baliza. O 2-0 era um insulto à exibição, e escasso para eventuais necessidades. A selecção americana, que entretanto empatava (1-1) com a dos Países Baixos, já tinha feito melhor (3-0). E a holandesa acabou hoje por fazer muito melhor, no tal 7-0.

Um resultado que não espantaria. Até porque poderia ter sido facilmente atingido pelas portuguesas. E que, por ser esperado, não deixava à selecção nacional outro caminho que não fosse ganhar, hoje, às bi-campeãs mundiais.

Era evidentemente difícil. Mas poderia ter acontecido com aquela pontinha de sorte naquela bola rematada ao poste pela Ana Capeta, já em tempo de compensação. Que foi, de resto, a única clara oportunidade de golo de um jogo muito equilibrado. 

Equilibrar o jogo, e mesmo superiorizar-se à selecção americana em muitos momentos do encontro, como também já acontecera na segunda parte do primeiro jogo com as holandesas, é mais que a vitória moral com que estas raparigas deixaram este Mundial das antípodas. É a demonstração que há que contar com elas para o futuro. E que esta presença no patamar mais alto do futebol mundial no feminino pode deixar de ser uma epopeia, para passar a ser uma normalidade. Ou perto disso!

Aprender depressa

Há poucos meses em Portugal, o homem expressa-se em português e canta o hino. Mas não é só isso - há poucos meses em Portugal, o homem está um autêntico dinossauro do futebol português.

Roberto Martinez não aprendeu depressa. Já trazia a lição bem estudada.

Por isso nada mudou, nada muda e nada mudará. Era esse o objectivo - mudar para que tudo ficasse na mesma. 

Mudança, mesmo, apenas nos três centrais. Uma mudança por nada, e para mais nada que continuar a desperdiçar o talento destes jogadores. Nem "o pé quente" mudou. Sem jogar nada, a selecção continua a ganhar. 

Quatro jogos, quatro vitórias. O melhor de sempre em fases de qualificação, dizem. Sim, quatro vitórias ... com o Liechtenstein e o Luxemburgo, em Março, e com a Bósnia, no sábado passado, e a Islândia, hoje. Se, no sábado, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e o exagero do resultado (3-0) ainda conseguiram disfarçar alguma coisa hoje, nada, nem o resultado (1-0, à última da hora, caído do céu) nem ninguém, conseguiu esconder que "o rei vai nu". Que a equipa é uma confusão, que as substituições são só absurdas, servem apenas para emendar a mão, e minorar os erros das disparatadas opções iniciais, e que a opção dos três centrais é uma aberração à luz do naipe de jogadores de que dispõe. 

Bem pode Roberto Martinez falar português, e cantar o hino. Aquela sua primeira viagem mostrou ao que vinha. A disparidade de tratamento que deu a uns assobios e a outros confirmou que não é por bem.

Tudo na mesma

Hoje também é dia de Seleção: Roberto Martínez divulga a primeira lista de  convocados - Seleção Nacional - SAPO Desporto

Era suposto ter-se aberto um novo ciclo na selecção nacional de futebol. Encerrado o ciclo do mundial, de má prestação, a "novela" Cristiano Ronaldo, e a rescisão do contrato com Fernando Santos, com a contratação um novo seleccionador, teria de abrir um novo ciclo.

 Parece que não. A primeira acção do novo seleccionador, a viagem à Arábia Saudita, de vassalagem a Cristiano Ronaldo, começou logo a dizer que não. A primeira convocação de Roberto Martinez, confirma-o.

 "É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma", como Fernando Gomes gosta. Mudou o seleccionador para que tudo ficasse na mesma, e Roberto Martinez foi o agente da mudança para nada mudar. 

Cristiano Ronaldo "tem compromisso" - garantiu o novo seleccionador. Que não olha para o bilhete de identidade. Por isso não vê os 40 anos de Pepe, e o largo futuro que tem num novo ciclo. Não admira, porque também não vê que ele nem está a jogar. Também não admira, porque também não vê que Matheus Nunes também não. E que assim vai continuar, porque até mesmo sem jogar é expulso. Rúben Neves lá vai estando em campo. Jogar é que ... está difícil.

Florentino e Pedro Gonçalves é que não. São bons, diz Roberto Martinez, mas por agora ainda não tão bons como Rúben Neves e Matheus Nunes. E não cabem todos. São só 26!

 

O novo seleccionador

Martínez ″feliz″ por comandar ″uma das seleções com maior talento do mundo″

Está apresentado o novo seleccionador nacional - Roberto Martinez, o espanhol que abandonou a selecção belga depois do mundial. É o terceiro estrangeiro no cargo, depois de Otto Glória - que no épico mundial de 1966 era treinador, que não seleccionador, esse era Manuel da Luz Afonso - e de Scolari, e será porventura uma das melhores opções para, nesta altura e nestas circunstâncias, substituir Fernando Santos.

Gorada a aventureira, e irracional, hipótese Mourinho, actualmente apenas um "Fernando Santos" mais caro, e sem alternativas credíveis disponíveis no mercado nacional, um treinador estrangeiro experimentado e testado em contexto de selecção - ainda mais numa de topo, a que mais duradouramente liderou o ranking FIFA nos últimos anos - seria sempre uma das melhores escolhas.

Poderá criticar-se a duração do contrato, por entrar já no mandato da próxima direcção. Mas também não seria fácil contratar um treinador de primeira linha sem uma perspectiva de ciclo. E este é já o do mundial de 2026!

E agora?

Marcelo entre o "otimismo" de António Costa e a "preocupação" de Fernando  Santos - Euro - SAPO Desporto

Creio que se poderá dizer que nunca uma selecção nacional de futebol saiu tão arrasada de um campeonato do mundo como esta. Nem no México, de Saltillo, em 1986. A Direcção da Federação, então presidida por Silva Resende, saiu vergada ao total descrédito, com a incompetência estampada na cara que deveria estar coberta de vergonha. Os jogadores não saíram bem mas, carregados de atenuantes, acabaram protegidos atrás deles. E acabou por sobrar para o seleccionador - o bom gigante José Torres, vítima, não responsável - a cruz que carregou para toda a vida . 

Desta vez os jogadores também não saíram bem - as cenas de Cristiano Ronaldo são um caso à parte, aí não entram jogadores - quando metade deles não regressou com a outra metade. Mas nem aí lhes cabe a responsabilidade maior. Essa pertence a quem lhes permitiu isso!

O seleccionador sai "refém da sua incapacidade táctica, do medo, da incoerência, mas sobretudo da sua pequenez", como referiu o embaixador no Japão. Para além das exibições e dos resultados - e não apenas nesta competição, porque se repetem há anos de mais - a que condenou um lote de jogadores como nunca outra selecção tinha encontrado, acabou trucidado à boca da(s) cena(s) de Ronaldo, onde conseguiu o "all in" - incapacidade, medo, incoerência e pequenez.

Fernando Gomes sai como o líder que nunca existiu. A personificação da inacção, que assistiu a tudo quieto e mudo, certo que essa é a posição certa para quem está à porta do elevador da sede da FIFA. Conivente, quieto,  mudo e inimputável, são as senhas de acesso ao confortável gabinete de Zurique por que espera. E onde se espera por pessoas exactamente assim. 

É por isso provável que, agora, quando há responsabilidades a assumir, tudo fique exactamente na mesma. Que não se passe nada. 

Outra coisa não seria de esperar de quem, presidindo a uma associação a que o Estado atribui o estatuto de utilidade pública desportiva, celebrou contratos com uma sociedade para preencher um cargo pessoal de relevante representação nacional com o fim único de burlar esse mesmo Estado.

Nem outra coisa será de esperar dos representantes máximos desse mesmo burlado Estado - cujos Tribunais declararam "artificiosa na contratação e realização de prestação de serviços de uma sociedade comercial, que é desprovida de substância económica ou de razões comerciais válidas e que serviu proeminentemente para a obtenção no período tributário de uma tributação mais favorável em sede de IRC em face daquela que resultaria da tributação dos mesmos rendimentos em sede de IRS" - que fizeram as figuras que vimos fazer a voar para o Catar.

Nem outra coisa será de esperar quando o Presidente é o comentador mor da bola - esteja onde estiver, não falhando sequer as "flash interviews", e só lhe faltando, como dizia o Ricardo Araújo Pereira, narrar nas televisões os jogos em directo - e sempre pronto a pegar no telefone para dar parabéns aos signatários da "artificiosa contratação" mas,  sobre o assunto, não tem uma só palavra a dizer àqueles que que levam uma vida inteira a pagar impostos, e que pagam com língua de palmo uma simples falha de um prazo.

Portanto ... agora, nada!

Então ... boas férias

Se, em ambos os jogos de ontem, as coisas só se resolveram no desempate por penáltis, nos hoje tudo se decidiu nos 90 minutos, sem sequer necessidade de prolongamento.

No França - Inglaterra, um grande, grande jogo de futebol, porque Harry Kane falhou o penálti. Que foi o segundo a favor dos ingleses - assinalado porque, naquela que foi uma das piores arbitragem deste mundial, houve mais dois por assinalar, e ainda outro a favor dos franceses -, e restabeleceria a igualdade a dois golos, se tivesse sido convertido. Não foi assim, e a França acabou por ganhar um jogo em que não foi superior, e prosseguir a caminho para a revalidação do título mundial. 

No jogo de Portugal porque Marrocos marcou um golo e não sofreu nenhum. Ainda ninguém lhe conseguiu marcar um golo, e percebeu-se que também não seria hoje a selecção portuguesa a consegui-lo.

A equipa marroquina não fez nada que não se esperasse. E nem o facto de vir de um jogo com prolongamento, nem de ter perdido para este jogo dois dos defesas titulares, alteraram o que quer que fosse. Por isso a selecção portuguesa não teve motivos para qualquer surpresa, e teria que saber o que tinha a fazer.

Não sabia, e esse é o problema. Que não é de agora, mas de sempre. Não tendo feito o trabalho de casa, começou por copiar o que a Espanha tinha feito. Se não tinha resultado para a Espanha, que até o faz melhor, era garantido que não resultaria!

Entusiasmei-me, como creio que toda a gente, com aquela exibição e aquela goleada do jogo com a Suíça. Mas comecei por dizer que os problemas da selecção não se esgotavam nos de Ronaldo. Que, antes, depois e durante, havia os que vinham da ideia de jogo do seleccionador.

Nesse jogo - aparentemente com o problema Ronaldo mitigado - o primeiro golo surgiu, mais que na primeira oportunidade, na primeira chegada à baliza. O adversário precisou de procurar o resultado e abriu espaços. Com espaço os jogadores portugueses jogam como na rua. É o tal futebol de rua, que não precisa de treinador. 

No futebol de alta competição, e num campeonato do mundo, isso não existe. Aconteceu com a Suíça, e sabe-se lá se não poderia até ter voltado a acontecer hoje com Marrocos se, no arranque do jogo, aos 4 minutos, Bounou, a abrir logo com uma enorme defesa, não tivesse negado o golo a João Félix. Mas isso era se os milagres não habitassem também território de Alá!

Não falta à selecção portuguesa apenas ritmo, ideias de jogo trabalhadas e consolidadas, e mentalidade para enfrentar a adversidade. Falta tudo de que se faz uma equipa. Falta liderança. E falta estratégia. Para cada jogo, mas mais ainda para todo o edifício da selecção nacional, uma teia de interesses sempre em conflito com o objectivo desportivo. Que deveria ser o seu único e inegociável interesse.

Por isso esta eliminação aos pés de Marrocos só surpreende, e choca, porque se seguiu àquele jogo com a Suíça. Se olharmos bem para os outros três jogos - Gana, Uruguai e Coreia -, ou até mais para trás, nas derrotas, quando bastava o empate, com a Sérvia, para a fase se apuramento, ou com a Espanha, no afastamento da Liga das Nações, não há muito por onde surpreender.

E basta olharmos para três dados estatísticos do jogo para ser maior o choque pela exibição que pelo resultado: com 73% de posse bola, a selecção portuguesa rematou 12 vezes, apenas em 3 delas acertou na baliza; com apenas 27% de bola, os marroquinos remataram 9 vezes - pouco menos - e as mesmas 3 na baliza. O guarda-redes Bounou defendeu os três que lhe apareceram pela baliza, com três grandes defesas. O Diogo Costa sofreu o golo  logo no primeiro remate. 

Numa falha grave, a segunda, depois da do jogo com o Gana, porventura a deixar a nu a "verdura" escondida. Faltou-lhe determinação na saída ao cruzamento, mas acima de tudo avaliou mal toda a situação. Optou por tentar agarrar a bola com as duas mãos, em vez de a interceptar a punho e, o avançado marroquino En - Nesyri - a saltar sem oposição de Rúben Dias, que terá entendido que a sua intervenção na disputa da bola iria obstaculizar a acção do Diogo Costa, em condições de chegar primeiro à bola - chegou com a cabeça bem primeiro, e bem mais alto, que o guarda-redes com as mãos. 

Mas apenas mais um incidente de jogo. Que pouca importância tem no meio de tudo o que envolve esta participação portuguesa. Do contrato com o seleccionador, que é uma empresa, lá por coisas de impostos, onde a FPF, que até tem "utilidade pública", se mete; às novelas da entourage de Cristiano Ronaldo. Da estrutura de comunicação da FPF, do que brifa e não brifa ao treinador, ou do que deixa ou não dizer; aos jogadores que não regressam todos a Lisboa, porque por lá ficam uns tantos de férias...

  

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