Brincar à serenidade
O Porto voltou a não ganhar. Desta vez no jogo da primeira mão das meias finais da Taça, ontem em Braga. Depois de não ter ganhado, no domingo, e também em Braga, o jogo da primeira jornada da segunda volta do campeonato. E de não ter também ganhado o anterior, o último da primeira volta, no Jamor. com o B SAD.
Quando o Porto não ganha, amua. Jogadores e treinador não falam, deixam os jornalistas pendurados. Só falam dirigentes, por ordem hierárquica. O Sérgio Conceição também fala, mas é só para os adversários e para os árbitros. Com a gentileza habitual, e reconhecida.
Na ordem hierárquica dos dirigentes, depois de um tal Francisco J Marques e de Vítor Baía, chegou ontem ao topo. Foi a vez de Pinto da Costa, a última instância da pressão. E fez lembrar Donald Trump e o ataque ao Capitólio. Não quer incitar à violência, não quer incendiar, mas ... Apela à serenidade, mas diz que não pára de receber mensagens dos adeptos, e não sabe o que pode acontecer. Só sabe que "basta"!
Hoje as sedes da Liga e da Federação Portuguesa de Futebol acordaram vandalizadas. Com "basta" e ameaças de morte nas paredes. O árbitro do jogo de ontem, Luís Godinho, foi objecto de ameaças de morte, estendidas à família. E contactos de árbitros e familiares foram durante a noite partilhados nas redes sociais.
É esta a serenidade a que Pinto da Costa ontem apelou. É esta a serenidade que Sérgio Conceição passa sempre que não ganha. E é esta a serenidade que Luís Gonçalves transmite a partir do banco do FC Porto.
Não é a primeira vez que brincam com estas coisas. Espera-se que desta vez haja coragem para acabar com a brincadeira.