Sem tréguas
Um mês depois de Pedrogão Grande, o país volta a arder com violência. Portugueses voltam a ver as suas casas a arder. E o SIRESP volta a não funcionar.
E com tanto Verão pela frente...
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Um mês depois de Pedrogão Grande, o país volta a arder com violência. Portugueses voltam a ver as suas casas a arder. E o SIRESP volta a não funcionar.
E com tanto Verão pela frente...
A caminho de se completarem duas semanas sobre a tragédia do Pedrógão Grande o país, ou boa parte dele, exige que rolem cabeças. “Demitam-se”, grita o país, ou boa parte dele, todos os dias.
Demitam-se. Demitam-se as estruturas de comando da GNR, que mandou as pessoas para a Estrada Nacional 236. Demita-se a Secretaria Geral do Ministério, que acusa a Protecção Civil. E a PSP, que ainda ninguém sabe o que é que tem a ver com isto. Demitam-se as estruturas do SIRESP, que diz que tudo funcionou em pleno, mesmo que todos tenham visto que não funcionou, não funciona, nem sequer se sabe quando poderá funcionar. Demita-se a Autoridade Nacional da Protecção Civil. Demita-se o Instituto do Mar e da Atmosfera. Demita-se a ministra da administração interna. Porque tudo se passa na sua tutela, porque se chegou à frente para as câmaras, porque chegou tarde, porque nunca mais de lá saiu mas, acima de tudo, porque o Jorge Coelho também se demitiu.
Demita-se o Director Nacional da Polícia Judiciária, que se apressou a dizer que não houvera mão criminosa. Demita-se o presidente da Liga dos Bombeiros, porque desconfia que houve.
Demita-se o Presidente da República, que garantiu ter sido feito tudo o que era possível ser feito. E não foi, nem nada que se parecesse. Demita-se o primeiro-ministro, que só faz perguntas, e não dá respostas. E que, há pouco mais de 10 anos, e então ministro, em vez de enterrar definitivamente a já ilegal PPP do SIRESP - assinada pelo governo de Santana Lopes a três dias das eleições - resolveu salvá-lo, recauchutando-o na falsa ideia de poupar 50 milhões ao Estado. Demita-se Passos Coelho, que não ligou nenhuma ao relatório da auditoria da KPMG ao sistema, identificando as falhas. Que meteu os pés pelas mãos, e estas pelos eucaliptos. E que se apressou cavalgar a tragédia acrescentando-lhe suicídios soprados por um correligionário, um dinossauro autárquico em trânsito pela Santa Casa lá do sítio, em tempo de fazer tempo para fintar a lei, e regressar em Outubro ao poiso. Demita-se o provedor da Santa Casa lá do sítio, e demita-se o dinossauro soprador.
Demitam-se. Mas demitam-se mesmo todos. E venham outros para demitir a seguir … Porque isto ... é o diabo. À solta!
* Da minha crónica de hoje na Cister FM
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