Coisas (fantásticas) do marketing
Sabemos que o marketing recorre muitas vezes ao revivalismo para relançar produtos e marcas decadentes. São muitas e variadas as experiências, e partem sempre da mesma base: o ícon. Se os produtos ou as marcas não tiverem sido suficientemente icónicos não passam na prova de ressurreição.
Vemos isso na indústria da moda, mas vêmo-lo de maneira particularmente flagrante, e com muito sucesso, na indústria automóvel. A Wolkswagen - provavelmente a menos bem sucedida de todas - como não tinha uma marca associada ao modelo, recriou o Carocha (designação popular baseada na forma, e nunca designação oficial do modelo, susceptível de fazer vida de marca) no New Beatle. A FIAT foi e continua a ser bem sucedida com a sigla 500, como a Citroen começa a sê-lo com a DS, mesmo sem recriar o fabuloso Boca de Sapo. A BMW fez diferente, e aproveitou a sua "excursão" à British Leyland para de lá trazer o Mini, transformá-lo em marca e no maior sucesso comercial de todos. E naquele que provavelmente mais rompe com o conceito de nicho de mercado normalmente associado ao fenómeno.
Não imaginaríamos que o marketing tentasse fazer o mesmo na novíssima e revolucionária indústria dos smart phones. Mas foi por aí que a finlandesa Nokia se lançou para renascer das cinzas. Varrida da face da terra pela revolução digital nas comunicações móveis, aquela que era a bandeira da Finlândia, prepara-se para ressuscitar agarrada ao ícon que foi o seu 3310.
A princípio estranha-se. Teclado é coisa de que muita gente já nem se lembra. Depois percebe-se que não lhe falta nada. E por fim a cor faz o resto... Não tenho grandes dúvidas que estamos perante o mais intressante e arriscado desafio do "marketing revivalista". E muito poucas que houvesse outra forma de trazer uma vez mais a Nokia de volta.