O Benfica despachou o Real Madrid em menos de dois tempos. Jorge Jesus adivinhou: o sorteio para os oitavos de final da Champions deu-lhe o tubarão espanhol. E voltou a acertar, quando logo garantiu que passava.
E não é que passou? Passou pois, passou ao lado, mas passou. Qual fanfarronice, qual quê!
Pois foi. A UEFA voltou a meter água e o sorteio inicial foi anulado e substituído por outro. Como se sabe, nos sorteios da UEFA, para além de bolas quentes também há condicionalismos. Dois: nesta fase não se podem cruzar nem equipas do mesmo país, nem equipas que se tenham defrontado na fase de grupos. E a UEFA falhou duas vezes. Na primeira, sorteou um jogo entre o Villareal e o Manchester United, que se tinham apurado no mesmo grupo. Deu pelo erro, voltou atrás e prosseguiu com o sorteio. Só que, tendo retirado a bola do United, não a voltou a colocar quando prosseguiu.
Parecia que toda a gente estava satisfeita. O Sporting, satisfeito com a Juventus. E o Real Madrid, que não ligou nada às profecias de Jesus, com o Benfica. O problema é que há um Bayern de Munique, e desse só o Benfica se livrava por ter acabado de levar com eles. Calhou ao Atlético de Madrid, que lá estava no lugar do Porto. Não achou graça e disse que não valia. Só não disse, mas podia ter dito, que se tudo batesse certo a bolinha do United sera deles. Mas bastou-lhes o que disse, e duas horas depois lá estava a UEFA a fazer novo sorteio e a dar-lhe a equipa de Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Dallot.
Tinha razão, o Atlético de Madrid - o United era mesmo deles. E lá despachou o Bayern para os vizinhos austríacos do Salsburgo. O Chelsea, campeão em título, e segundo classificado no apuramneto, atrás da Juventus, é que não abriu mão do brinde Tinha-lhe saído oo Lille - o primeiro classificado do apuramento que todos queriam - e com ele voltou a ficar. Foi o único emparceiramento que se repetiu.
O Sporting acabou por ficar com o mais excitante Manchester City. E o Benfica com o Ajax, de Erik ten Hag, que mesmo depois de despachar o Sporting com nove golos, e não dizendo nada de mais, não se livrou de parangonas com vontade de devorar o Benfica ....
O Real Madrid não achou muita graça ficar com o Paris Saint Germain. Mas deve ser apenas por ter sido o seu eterno rival de Madrid a levantar a lebre...
Temos de procurar alguma graça, nestas barracas da UEFA. E acabamos sempre por encontrar...
"Sorte diferente para as equipas portuguesas no sorteio da Champions" - lê-se e ouve-se na comunicação social desportiva, comparando os adversários de Benfica, Porto e Sporting, deixando no ar que o Sporting teve azar, e Benfica e Porto, sorte. Esquecem-se que se estão a esquecer do pequeno pormenor que, no sorteio, o Sporting estava pote 4, o último, o dos menos credenciados. E que o Benfica estava no primeiro e o Porto no segundo, os dois potes com as mais fortes equipas europeias. Esquecem-se sempre de alguma coisa. Normalmente daquilo que é fundamental.
No pote 4, o Sporting nunca poderia evitar duas das melhores equipas europeias, uma do pote 1 e outra do 2. No pote 4, a sorte ou o azar do Sporting apenas poderia ser comparada no que respeita ao adversário saído do pote 3, o único que continha potenciais adversários comuns às três equipas portuguesas. Pois bem, desse pote 3, saíram, para o Benfica, o Basileia, para o Porto, o Besiktas, e para o Sporting, o Olimpiakos. Será que foi o Sporting o mais azarado? NInguém o dirá.
Ao Benfica, do pote 2, calhou o Manchester United. Ao Sporting o Barcelona. Para o Porto, do pote 1, saiu o Mónaco, o melhor que lá havia. Se pudesse, não escolheria melhor. Para o Sporting saiu a Juventus.
No pote 4, das equipas mais fracas, a sorte não foi madrinha nem para o Benfica nem para o Porto: respectivamente CSKA, da longínqua e fria Moscovo, e Leipzig, a surpresa da Budesliga na época passada.
Diz-se que a sorte dá muito trabalho. O rigor também. Se calhar dá mais...
Tenho visto por aí muita gente a dizer que o sorteio da "Champions" foi simpático para o Benfica. Ainda há pouco o José Peseiro afinava por esse diapasão...
Acho que quem está a ir por aí ou sabe pouco de futebol ou anda muito distraído. O Atlético de Madrid é hoje uma equipa de top mundial: tem a capacidade financeira dos maiores da Europa e tem, se não o melhor, um dos três melhores treinadores mundiais da actualidade. Não tem - é certo que não - nenhum dos melhores plantéis, mas sabe-se que Simeoni não precisa disso para contruir uma das cinco ou seis melhores equipas da Europa.
O Galatasaray é uma parada de estrelas. Às vezes isso não faz uma grande equipa, mas os grandes jogadores são indispensáveis para uma grande equipa. E grandes jogadores é coisa que não falta à equipa turca.
E por último o Astana, com o nome da capital do Casaquistão que, depois do investir no ciclismo - onde há muito que é uma equipa de top, na alta roda do ciclismo mundial - se virou agora para o futebol. Não é que seja já um adversário de topo europeu, mas para o Benfica será a maior deslocação da história da Champions, em fins de Novembro, no pico das dificuldades climatéricas naquela região do mundo a que ainda chamam Europa.
Chamar a isto facilidades...
Mais sorte teve o Porto. Mas também já é habitual... Mesmo assim houve quem achasse que ao Porto saiu a fava... Devia ter saído o PSV, não era?
Fala-se muito de sorte e azar no futebol, mas nem sempre se percebe muito bem do que se está a falar.
Deixo aqui a minha pequena contribuição para ajudar a perceber o que é isto de sorte e azar: Num sorteio da Champions uma equipa está no pote 1, e as bolinhas ditam-lhe sucessivamente para adversários as equipas mais fracas dos restantes potes. Quando chegam ao último, ao pote das mais fracas, quem de lá sai é mesmo a mais fraca de todas as que alguma vez disputaram a competição. Sorteiam-se os adversários e sorteia-se o calendário, e o primeiro jogo é em casa, frente ao adversário mais fraco, o mais fraco de todos, na Champions, como se viu. Chega-se ao jogo, o primeiro, em casa, com a equipa mais fraca que há, e logo aos cinco minutos, o guarda-redes da equipa adversária tem a bola na mão e, em vez de a entregar a um colega de equipa, entrega-a ao adversário, ali à frente, de bandeja, para o primeiro golo. Pouco depois, um jogador pega na bola no seu meio campo e corre com ela até à área adversária sem que ninguém se lhe atravesse àfrente, para o importunar que seja, remata tranquilamente e faz o segundo. Cinco minutos depois, é um jogador da equipa adversária que desmarca um jogador adversário numa ala, que sozinho, sem oposição, cruza para o terceiro, ainda o intervalo vem longe... E assim, sucessivamente, até chegar à meia dúzia!
Pois bem, sorte é isto. Mesmo que ouçamos - como vamos certamente ouvir - chamar-lhe outra coisa qualquer. Azar é outra coisa qualquer, se calhar é ouvir tudo o que irão chamar a esta sorte!
Ao Benfica, no sorteio dos grupos da Champions, não saiu a fava. Sairam as favas todas!
No pote 1, como o Porto -não deixa de ser curioso que, no pote dos mais fortes nos critérios da UEFA, com apenas quatro países representados, Portugal tenha dois clubes, tantos quanto a Inglaterra, menos um que Espanha e mais um que a Alemanha - o Benfica não foi feliz, ao contrário do Porto, e especialmente do Sporting, que integrava o pote 3, e a quem, do pote 1 saiu em sorte o Chelsea.
Do pote 2 saiu o Zénite para o Benfica, o Shakhtar Donetsk ao Porto e o Schalke 04 ao Sporting. Do pote 3, do Sporting, saiu o Bayer Leverkusen ao Benfica e o Athletic Bilbao ao Porto. E do pote 4, dos mais fracos de todos, saiu o Mónaco - que só lá podia estar por engano - ao Benfica, enquanto a Porto e Sporting saíam duas das pêras doces do pote, respectivamente o Bate Borisov e o Maribor.
O grupo do Porto é talvez o mais acessível de todos, e em dúvida está apenas quem o acompanhará no apuramento para os oitavos. É apenas por falta de história que o Sporting poderá não ter a obrigação de acompanhar o Chelsea, de Mourinho, no apuramento. Mas até por isso, por ausência de pressão, tem a vida facilitada e mesmo que tudo lhe corra muito mal tem garantida a presença na Liga Europa. Já no grupo do Benfica qualquer uma das qautro equipas pode aspirar ao apuramento. Mas toda a gente sabe do poderio do milionário Zenite de Vilas Boas, este ano ainda mais reforçado e cheio de jogadores que nos últimos anos brilharam no Benfica - Witsel, Javi Garcia e Garay. Ou do igualmente milionário Mónaco, de Leonardo Jardim, já desfalcado de James Rodriguez, mas reforçado pelo regresso de Falcão e ... por Bernardo Silva. E o Bayer Leverkusen é apenas, actualmente, a segunda melhor equipa alemã!
Quer dizer, os pontos que valem milhões estão muito caros para o Benfica e ao preço da uva mijona para o Porto... Mas parece que os jogadores também!
Com o sorteio dos grupos para a primeira fase pode dizer-se que arrancou o Campeonato do Mundo do Brasil. Com enorme polémica, com polémica em cima da polémica que normalmente acompanha este tipo de sorteios, raramente claros…
Já há grupos, já há bola – a brasuka – mas ainda não há estádios. Exactamente, ainda há estádios por concluir, o que sendo inédito não parece polémico. Polémica há desde logo na designação dos apresentadores do espectáculo que integra o sorteio, um casal - de marido e mulher, mas não é por aí – de louros, que não de olhos azuis. Diz-se que impostos pela FIFA, de Blatter, que numa atitude racista teria excluído a mais escura tez afro-brasileira.
O centro da polémica está mesmo no coração do sorteio, na constituição dos quatro potes, de oito selecções cada. O primeiro não ofereceria grandes dúvidas, se dúvidas não houvesse na designação dos cabeças de série. Mas há: se a Bélgica, mercê de uma notável fase de apuramento - e de facto, uma grande selecção, de que muito se espera - não fará levantar grandes dúvidas, já ninguém percebe por que carga de água lá está a Suíça. No segundo pote estava o busílis da questão, porque só lá estavam sete, em vez das oito selecções. A oitava seria, de acordo com as regras que sempre vigoraram, a selecção europeia com menor classificação no ranking da FIFA – na circunstância a França. O terceiro pote não suscitaria qualquer problema e o quarto, por contraponto ao segundo, estava no olho do furacão. Ficara com nove selecções, donde uma sairia por sorteio, para completar o tal pote 2, em vez da protegida França.
Platini pretendia ainda melhor, queria mesmo que, em vez do sorteio com que Blatter brindou a sua França, fosse a Bósnia, na qualidade de debutante, a seguir directamente para esse segundo pote. Não seria nem mais nem menos escandaloso, o escândalo já estava na alteração da regra, que não servia os interesses franceses…
E lá saiu a bola do pote 4, directamente para o 2, sem mais. Para dourar a pílula não foi sequer anunciada a selecção sorteada, como que havendo qualquer coisa a esconder. Perceber-se-ia quase de imediato - sem que nunca fosse anunciado - que a fava tinha saído à Itália, e não à França, como seria escrever direito por linhas tortas. Que, agradecida, acabou por cair no grupo E, de todos claramente o mais fácil, com a Suíça – grupo que tivesse este estranho cabeça de série seria sempre o mais fácil - as Honduras e o Equador. Já à Itália cabe disputar com o Uruguai e a Inglaterra – três galos para apenas dois poleiros - e a Costa Rica, os dois lugares que asseguram a qualificação.
Também a selecção portuguesa tem pela frente tarefa bem difícil, com Alemanha – um dos principais candidatos, seria mesmo o principal se o campeonato se disputasse na Europa -, Gana, a mais poderosa selecção africana, que esteve às portas das meias-finais no último Mundial, na África do Sul, e Estados Unidos, provavelmente o adversário mais acessível. Mas também com deslocações complicadas (Salvador, Manaus e Brasília), em especial a Manaus, na Amazónia, longe de tudo mas perto do inferno, com calor e humidade pouco menos que insuportáveis.
Para que as polémicas não ficassem por aqui, o minuto de silêncio por Mandela não terá passado dos 10 segundos. E ainda um twit que antes do sorteio dava a constituição integral do grupo F, da Argentina. Ou outro que também previra que a fava do pote 2 saía à Itália!
Enquanto a selecção nacional devia procurar alcançar a qualificação directa para o Brasil, a mensagem era que não havia problema nenhum, que o segundo lugar também dava… Keep calm, no pasa nada...
Lá chegados, começaram os problemas. Começou afinal a perceber-se que não era bem assim, que chegar ao play-off não significava mais que disputar com um adversário o direito a chegar ao Brasil. E foi essa ideia – disputar com um adversário – que levou a consciencializar que já não havia Bósnias, o sparring partner das últimas qualificações. E mais: que não havia Bósnia porque já lá estava, no Brasil. Porque, depois de anos a ficar de fora, percebeu que chegar ao play-off não era chegar aos palcos das fases finais. E por isso tratou de ganhar o seu grupo, deixando à selecção da Grécia – de Fernando Santos – as preocupações com o apuramento fora de horas.
A França é que não – dizia Cristiano Ronaldo e diziam todos. Portugal, não – diziam alguns dos franceses, que não Ribery. Depois de três vezes despachada – uma por Platini e duas por Zidane - achava-se que a selecção portuguesa evitaria por isso mesmo a equipa francesa, graças ao mesmo mas agora outro Platini.
A Islândia é que dava jeito, dizia-se. Era a prenda no bolo onde a fava, contando com a mãozinha do francês que manda na UEFA e quer mandar na FIFA, era agora a Suécia. De Ibrahimovich, o cada vez mais especialista em golos incrivelmente espectaculares!
E foi mesmo, para que ninguém mais se esqueça que o play-off é um caminho suplementar para o Brasil e não um simples carimbo para retardatários.
Ah… o brinde – a Islândia – saiu à Croácia. A França também se não pode queixar – calhou-lhe em sorte a Ucrânia. O resto fica por conta da Grécia e da Roménia!
A bem dizer, o campeonato da Europa de Futebol – a segunda maior prova do calendário de selecções – da Polónia e da Ucrânia começou hoje, com a cerimónia do sorteio e a revelação da bola. Mais uma vez evoca o tango e chama-se Tango 12. Bem que se poderia chamar Fado!
Mas o que hoje conta é o sorteio. E lá ficou Portugal no grupo B, acompanhado da Holanda, da Dinamarca e Alemanha.
Do pote 1 poder-nos-ia sair em sorte qualquer um dos anfitriões, a Espanha e a Holanda. Saiu a Holanda!
No pote 2 estavam a Alemanha, a Itália, a Inglaterra e a Rússia. Saiu a Alemanha, o adversário mais forte!
No pote 3 estávamos nós - daí não sairia qualquer adversário - e, no 4, a Dinamarca, a França, a República Checa e a Irlanda. Saiu a Dinamarca, que nos roubou o primeiro lugar na fase de apuramento, como já havia feito no apuramento para o último mundial!
Não foi bom! É mesmo o grupo mais difícil... Agora é aguardar por Junho esperar e esperar que a Tango 12 goste mais de na baliza dos nossos adversários do que na nossa. O primeiro jogo da selecção nacional será com a Alemanha, a 9 de Junho. Na Ucrânia - como os restantes - quando a Federação optara por se instalar na Polónia.
O futebolês também se faz de termos correntes da nossa língua como este: sorteio. Que tem a ver com sorte, às vezes com sorte e azar, e que tanto serve de instrumento de marketing, e mesmo de comunicação – então em tempos de crise como este não há mãos a medir, seja para ajudar a vender qualquer coisita ou pura e simplesmente para enganar os mais incautos – como instrumento de receita para qualquer iniciativa, das mais nobres às mais obscuras, ou ainda como instrumento de alimentação de fantasias excêntricas de milhões de pessoas a sonhar com milhões. Só que em futebolês não tem o mesmo significado: limita-se à arrumação dos jogos numa competição, o sorteio dos jogos para os campeonatos nacionais, para as diferentes taças, para as competições de clubes e de selecções da UEFA e da FIFA. Que têm a ver com sorte – basta ver, por exemplo, como muita gente fala das suas expectativas de êxito com a sorte nos sorteios – mas também com muita manipulação de interesses. Sempre financeiros, como não poderia deixar de ser!
No campeonato nacional os três grandes não se podem defrontar nas cinco primeiras jornadas: não vindo daí mal ao mundo não deixa de ser uma manipulação! Já nas provas da UEFA, quer de clubes quer de selecções, e nas de selecções da FIFA, a coisa pia mais fino: os sorteios são completamente manipulados para favorecer os mais fortes, com a história dos potes e dos cabeças de série, que evitam caprichos da sorte e, com eles, indesejáveis processos de canibalização dos mais fortes.
Ainda agora, neste sorteio do derradeiro play-off de apuramento dos mais atrasados na corrida à fase final do Euro 2012, para onde a nossa selecção se deixou cair, se viu que os designados cabeças de série se não podiam defrontar, sem que ninguém tivesse percebido muito bem por que razão, por exemplo, a Irlanda ficou com esse estatuto em desfavor da Turquia. Pela parte que nos toca veremos se justificamos esse estatuto quando, daqui por um mês, tivermos que nos haver com a Bósnia!
Não fosse o futebol um jogo com forte dose de imprevisibilidade – afinal aquilo que o torna no mais apaixonante dos jogos – e seriam sempre os mesmos a ganhar. Quer dizer, aqueles que teriam por principal missão defender o jogo, são os que mais agridem a sua principal fonte de vida: precisamente essa ideia mítica de que são onze contra onze, que a bola é redonda e que, no fim, qualquer um pode ganhar. Um paradoxo que o dinheiro ajuda a explicar!
Em Portugal, a prova onde o sorteio é mais flagrantemente manipulado é a Taça da Liga – chamo-lhe assim porque, com os patrocinadores a mudarem todos anos, só mesmo assim poderá ser conhecida – onde não é possível evitar a presença de pelo menos um dos grandes na final. Não fosse a tal imprevisibilidade, e também algum facilitismo circunstancial de algum desses grandes, e o desígnio do sorteio ditaria mesmo uma final vedada a intrusos. É que, doutra forma, não haveria nem patrocinadores nem espectadores!
A UEFA é o mais descarado manipulador de sorteios, quer na milionária Liga dos Campeões quer na pobre Liga Europa, porque o truque é o mesmo. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que uma equipa de um clube que não integre o grupo dos tubarões passar da fase de grupos! Longe vai o tempo da Taça dos Campeões Europeus, disputada apenas pelos campeões de cada país que se defrontavam em regime de sorteio puro!
As grandes potências europeias do futebol – Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha – asseguram logo quatro representantes cada. Passa-se ao sorteio e as equipas são arrumadas em quatro potes: no pote 1, os multimilionários, no 2, os ricos, que vêm a seguir, no 3, os pobres e, no 4, os bobos da festa, constituindo-se cada grupo por um de cada pote. Apurando-se os dois primeiros, está-se mesmo a ver que possibilidades restam para os pobres e para os bobos da festa!
Segue-se o sorteio do calendário que estabelece a ordem dos jogos. Que, para que nada corra mal, é também manipulado tratando de, na fase decisiva do calendário da prova – o último jogo da primeira volta e o primeiro da segunda – agendar os dois jogos consecutivos entre o milionário e o bobo da festa. Ou seja, se alguma coisa estiver a correr menos bem ao milionário – veja-se o caso actual do Manchester United, do grupo do Benfica, com apenas 2 pontos à entrada do último jogo da primeira volta, que terá agora oportunidade de fazer seis nos dois jogos com o bobo que veio da Roménia – é-lhe dada a oportunidade dar uma sacudidela na crise e de embalar para o lugar que desde sempre lhe está reservado.
Passada esta fase, e apurados naturalmente o milionário e o rico, por esta ordem, segue-se a fase dos jogos de eliminação directa. À sorte? Qual quê, sempre o milionário contra o rico!
Excepcionalmente – a excepção que confirma a regra – os sortilégios do futebol pregam uma partida a esta gente. Aconteceu uma única vez - em 2004 – e deu numa irrepetível final entre o Mónaco e o Porto. Que o Porto soube aproveitar bem e Mourinho melhor! Em 2004, quando até a Grécia foi campeã da Europa, à nossa custa.
Se, como se diz, a sorte dá muito trabalho, estes sorteios dão ainda mais!
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