Há gente que sabe que só consegue sair da sua irrelevância pela porta do disparate. Estão mesmo convencidos que, quanto mais aberrante for a alarvidade, mais engalanada fica essa porta de saída. São sempre os mesmos, mas um há que é sempre mais o mesmo.
Mas, ir a botar palavra aos jotinhas populares para declarar Portas o melhor ministro da defesa que o país conheceu, juntar a essa declaração orgulho no negócio dos subamarinos, à conta do qual há gente presa em todo o lado menos neste cantinho cheio de gente desta, só o torna ainda mais irrelevante. Para não utilizar outro (des)qualificativo...
Ao fim de oito anos - oito - o Ministério Público não encontrou nada que, na compra dos submarinos, lhe permitisse encontrar por cá, sequer, as outras faces da moeda que, na Alemanha, levou a que onze pessoas fossem condenadas por corrupção. E mandou arquivar tudo, por falta de provas, mas ainda com a singular lata de lavar as mãos da forma mais abjecta possível: "não foram encontradas provas, mas os crimes, a terem existido, já teriam prescrito"!
Não se pedia muito. Pedia-se apenas que conseguissem encontrar os que receberam aquilo que os alemães pagaram. E tiveram oito anos para isso!
Mas nem isso... Houve corrupção, os alemães corromperam, mas em Portugal não se sabe quem foi corrompido. Os alemães pagaram, mas em Portugal não se sabe a quem... Mesmo que todos os dias surjam uns cavalheiros na Assembleia da República a dizer que receberam uns milhões... Mas que não sabem por quê!
Não são dois submarinos... É o porta aviões que vai ao fundo!
Não é apenas por falta de emprego que milhares de portugueses saem cada vez mais do país. Também é por coisas como as que se contam no texto anterior. E no anterior. E em tantos outros, por aí abaixo. É por tudo isto que, como o Jorge Fiel, cada vez mais portugueses têm vergonha de ser portugueses... E por isso desistem de Portugal. E também por isso partem, deixando os que cá ficam cada vez mais envergonhados disso!
No mais obscuro dos negócios do Estado – o dos submarinos –, na véspera da entrada em incumprimento de um dos contratos de contrapartidas, um ministro – Álvaro Santos pereira – alarga o prazo contratual e evita, assim e in extremis, o incumprimento do fornecedor que, entretanto, respondia já em Tribunal por outros incumprimentos. Questionado no Parlamento sobre essa decisão, o ministro defende-se dizendo que essa revisão do contrato estava suportada por um Parecer Jurídico contratado a uma sociedade de advogados (PLMJ), assinado por Nuno Morais Sarmento - por acaso, era membro do governo que tinha comprado os submarinos - e emitido três semanas depois de assinada a alteração ao contrato. Quer dizer o ministro Álvaro não pediu um Parecer para fundamentar a sua decisão. Não, primeiro assinou o contrato e depois foi pagar para que lhe fosse dada cobertura…
Vamos por partes: (1) negócio dos submarinos; (2) perdão de um incumprimento, a incumpridor sucessivo, com prejuízo do Estado; (3) mentir ao Parlamento; (4) violação do princípio da independência; (5) compadrio; (6) desperdício de dinheiros públicos. Seis em um. Pelo menos, porque à pouca vergonha já ninguém liga!
Há documentação sobre a famosa compra dos submarinos desaparecida do Ministério da Defesa.
Louçã deu uma pista, e lembrando a maratona de fotocopiadora de Paulo Portas na última noite da sua anterior passagem pelo governo, sugeriu que se procurassem esses documentos nas fotocópias do então Ministro da Defesa. Que, em resposta, se limitou a dizer que a história está mal contada: a melhor maneira para continuar a passar entre os pingos desta chuva!
E pronto: isto não tem importância nenhuma. Como já se sabia!
É o costume: há corrupção, mas se há corruptores nunca há corrompidos. E se há corrompidos nunca há corruptores… E há sempre pingos demasiado largos por onde passa sempre muita gente sem se molhar!
Caem em Portugal, e não se lhe chama chuva. Chamam-se-lhe brandos costumes!
A Grécia, como Portugal, comprou submarinos à Ferrostal. Na Grécia, como em Portugal, ninguém sabe ao certo para que servem. Na Grécia, como em Portugal, sabe-se que houve corrupção da grossa no negócio. Na Grécia, como em Portugal, foi aberto um processo judicial. Em Portugal esse processo foi aberto em 2006, há seis anos… Na Grécia, o ex-ministro da defesa que comprou os submarinos foi preso!
Em Portugal não se passa nada: há corrupção, às vezes há corruptores, mas nunca há corrompidos. E, como se prova, nunca nada se prova...
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