Barrigada de futebol. Do bom!
Uma barrigada de futebol, este jogo da Supertaça Europeia. Foi um jogo histórico, em Istambul, com um grande futebol, mesmo quando as pernas começaram a faltar aos jogadores.
Não fica para a História apenas por ter tido tudo o que se exige de um jogo de futebol, fica também por ter sido o primeiro, a este nível de topo de competições de futebol (masculino) dirigido por uma equipa de arbitragem feminina (a francesa Stéphanie Frappart, assistida pela compatriota Manuela Nicolosi e pela irlandesa Michelle O'Neill). E que bonito que foi!
Não esteve provavelmente isenta de erros, mas foi uma grande arbitragem, com um toque feminino que não passou despercebido. Sem qualquer tipo de paternalismo.
O Chelsea marcou primeiro, aos 36 minutos. Saiu para o intervalo a ganhar, com justiça. Foi bem melhor que o Liverpool, e até marcou por mais uma vez, mas em fora de jogo, daqueles milimétricos, circunstância que se repetiria na segunda parte. Surpreendente esta superioridade dos londrinos, que partiam sem qualquer tipo de favoritivismo. Porque o Liverpool é o campeão europeu, e tem uma equipa mais experiente e mais rotinada, e porque o Chelsea, com uma equipa mais jovem e com um treinador - Frank Lampard, uma lenda dos londrinos - em estreia nestas altas andanças, vinha de uma goleada, sofrida no passado domingo em Old Traford.
O Liverpool empatou logo no arranque da segunda parte, e passou bem para cima do jogo durante todo o primeiro quarto de hora, muito por influência da troca, ao intervalo, de Chamberlain por Firmino. A partir daí o jogo voltou a estar equilibrado, à medida que as forças iam faltando, e a indicar que o prolongamento seria de grande sacrifício para todos os jogadores. Que mesmo sem pernas jogam que se fartam, como acabou por se ver...
O prolongamento deu mais um golo para cada lado, ambos na primeira parte. E poderia até ter dado mais, com o Chelsea a acabar por ter as melhores oportunidades para isso, mesmo que este fosse um daqueles jogos que ninguém merecia perder.
Mas a Supertaça tinha de ser entregue e, quando assim é as coisas resolvem-se nos penaltis. E aí o Liverpool foi mais feliz. Porque converteu todos os cinco penaltis, mesmo aqueles a que o guarda-redes Kepa chegou - num deles defendeu , mas a bola foi para o poste e acabou dentro da baliza. E porque Adrian, o seu guarda-redes, também espanhol, todo lançado para o lado contrário, defendeu com a ponta da bota o quinto penalti que coube ao Chelsea, cobrado pelo miúdo Abraham, visivelmente perturbado com a responsabilidade que lhe foi atribuída.
O que justifica dois reparos à imprudência a Frank Lampard, que também não esteve tão bem nas substituições quanto o consagrado Yurguen Klopp. Foi imprudente quando fez duas substituições em simultâneo na altura em que o adversário cobrava um pontapé de canto. É dos livros que não é essa a oportunidade certa para fazer substituições. Correu mesmo mal, e só não deu em golo porque o guarda-redes teve a felicidade de o evitar por duas vezes. E voltou a ser imprudente quando escalou para o último penalti da série, o decisivo, o seu jogador mais jovem e inexperiente. Klopp destinou essa tarefa a ... Salah!