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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Sem novidades

Por Eduardo Louro

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Na Grécia, tudo na mesma... Tsypras voltou a ganhar, e vai voltar a formar governo com os mesmos gregos independentes. Tudo na mesma: o Syriza, a direita da Nova Democracia, a extrema direita da Aurora Dourada, os socialistas do PASOK, tudo como em Janeiro, mais voto menos voto. Tudo na mesma, com a realidade a trocar as voltas às sondagens. Como tem acontecido por todo o lado, e vai inevitavelmente acontecer também por cá, onde já não há pingo de vergonha, com resultados por encomenda, à vontade do freguês.

E, com tudo na mesma, vamos começar a voltar a ouvir falar da Grécia. Até porque já anda tudo farto de refugiados, o tema já começa a estar gasto e é preciso mudar de assunto. Mesmo sem novidades! 

Que falta de imaginação!

Por Eduardo Louro

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Já tínhamos percebido que a maioria no governo iria fazer da Grécia o alfa e o ómega da campanha eleitoral. Vai fazê-lo até à exaustão: "olhem para a Grécia e vejam do que vos livramos"...

O que ainda não tínhamos percebido é que o PS vai fazer o mesmo. Já aí está à vista de todos: "olhem para o que o Syriza fez à Grécia e vejam lá onde vão votar"... 

Acredito que não  ouviremos isso da boca de António Costa. Não pode,  ficaria muito mal na fotografia se o fizesse, depois do entusiasmo que começou por manifestar. Mas também não precisa.

Não lhe falta gente para isso, e Francisco Assis, Jorge Coelho e Luís Amado já começaram a dizer como se faz. Assis, sem surpresa. Por convicção. Coelho, por pantominice. Mas também sem surpresa. Já Amado diz outra coisa, para dizer o mesmo... De outra forma, mas ainda sem surpresa.

Que falta de imaginação!

Paradoxo: com certeza uma palavra ... grega...

Por Eduardo Louro

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Há pouco mais de uma semana os gregos disseram "não" a mais austeridade. Ontem, uma sondagem inidicava que os gregos diziam "sim" a mais um programa de austeridade, aprovado pelo Parlamento já madrugada dentro, bem para além do limite da meia-noite imposto pelos credores (sim, não há outra designação). 

Tsipras não acredita no programa, e disse-o com todas as letras. Que assinou, que teve de assinar e defender no Parlamento grego. Que o aprovou com votos de oposição, com a maioria dos votos contra a partir do partido de Tsipras. 

É destes paradoxos que se faz hoje a história da Europa. Foi até aqui que o directório alemão que manda na Europa nos trouxe. Todos querem expulsar a Grécia, mas ninguém quer ficar com esse ónus. Queriam que fosse o Syriza a fazer-lhe o favor, mas Tsipras percebeu isso. E percebeu que nesta altura está tudo virado ao contrário. E que é justamente o seu eleitorado, os mais desfavorecidos dos gregos, os que mais sofrem, que mais ainda teria a perder. Ganhar, ganhavam os outros, os que tinham dinheiro e o tiraram todo do país... para depois, incólume e reforçado, se servir à vontade do espólio que sempre fica entre os destroços.  

E para que a história dos pardoxos não acabe aqui, os mercados acordaram esta manhã em euforia com o "sim" grego. Como se só eles não percebessem nada do que se está a passar... Como se só eles estivessem convencidos que aquilo que o Parlamento grego votou tem algum tipo de aplicabilidade, quanto mais alguma probabilidade de sucesso.

 

 

 

Um eixo de lata

Por Eduardo Louro

 

 

O líder do Syriza, em reunião interna do partido – saliente-se: em contexto eminentemente interno de um partido – disse o que todos os jornais noticiaram, que por isso foi público e notório, e que toda a gente percebeu. Que tinha havido um eixo formado pelos governos de Portugal e Espanha que “por motivos políticos óbvios, tentara levar a Grécia para o lado, para o abismo durante todas as negociações”.

Quais virgens ofendidas, os dois governos ibéricos juntaram-se para, em carta conjunta, se queixarem às instituições europeias. Tão ofendidos, tão ofendidos mais não fizeram que confirmar que o eixo existe. Os motivos e os fins da sua existência, esses, nem precisam de confirmação…  

Mas lá que têm lata, têm!

Radicalismos

Por Eduardo Louro

 

 

A Grécia não sai das primeiras páginas. Agora é pelo futebol, que também não consegue fugir do perigoso radicalismo instalado no país.

Tudo começou com o antigo treinador do Porto que, para além de ser conhecido pela fluência do seu inglês, é também conhecido por ser homem dado a crenças. Se umas eram conhecidas, e nunca fizeram confusão a ninguém – cada um fecha na mão o que quer e beija os objectos que lhe apetecer – outras há que, pelos vistos, eram desconhecidas e desafiam os espíritos mais intolerantes.

No último domingo, no Panatinaikos – Olimpiakos, o Sporting – Benfica de Atenas, Vítor Pereira arrancou para tocar as redes das balizas, a tal crença escondida, que por cá nunca se tinha visto. Quando chegou à baliza em frente para a claque dos da casa, adversário, as coisas começaram a correr mal. Os adeptos do Panatinaikos, ou porque, sendo gregos, não estivessem com a melhor das impressões dos portugueses (o Fernando Santos já lá não está), ou porque sejam pouco dados a tolerar crenças alheias, ou ainda por, em vez de crença terem visto por ali mão provocadora, começaram por mimá-lo com tudo e mais alguma coisa e acabaram a invadir o campo. Diz-se que a correr atrás do homem, sabe-se lá com que ganas!

O que por cá – e provavelmente também por lá até há pouco tempo – daria lugar a uma série de inquéritos e contra-inquéritos para deixar tudo na mesma, por lá foi resolvido com a imediata suspensão de todas as competições internas. Por tempo indefinido. Assim mesmo, sem “mas” nem meios “mas”… Para que as Instituições não fiquem com dúvidas!

Para o nosso compatriota Vítor Pereira, para além do susto, que fique algum cuidado com as manifestações das suas crenças. Sejam elas quais forem!

Novidades*

Convidada: Clarisse Louro

 

De repente, dois homens ainda jovens e bem parecidos, de ar desempoeirado e sem gravata, irromperam por esta Europa fora. Contra todos os cânones da eurocracia de Bruxelas, foi vê-los em contra mão por Londres, Paris, Bruxelas, Berlim, Viena...

Não deixam ninguém indiferente, despertam ódios e paixões, mas acima de tudo surpresa e admiração. E inspiram medo, muito medo em muita gente. Mas também esperança, muita esperança em muita gente… É sempre assim quando alguém ousa dizer o contrário do que está estabelecido!

A novidade nem está tanto no que dizem. Desde logo porque eles próprios já o dizem há muito tempo, na Grécia e por onde têm passado. Como muitos outros, em muitos outros sítios. A novidade está na voz que agora lhe foi dada pelo povo grego, na legitimidade democrática que conquistaram.

A novidade não está em dizer que a austeridade falhou e que a estratégia está errada. Já há muito que isso é dito, e começa até a ser já consensual, mesmo que os que cegamente a defendem não o queiram admitir. A novidade está nos radicais, que não são uns, mas justamente os outros. A novidade está nas alternativas que afinal há, e se dizia não haver. Mas, acima de tudo, a novidade está em perceber que é possível um certo pensamento político chegar ao poder. Que há ideias e formas de acção política que já não cabem numa pequena caixinha com o rótulo de protesto. Que é possível saltar de um gueto estigmatizado para um projecto de poder. A novidade está no que possa ser uma onda que atravesse a Europa e arrase o velho, caduco e corrompido paradigma com que se tem feito política no sul da Europa. A novidade está na mensagem clara que é possível acabar com as velhas e esgotadas famílias políticas. Que é possível romper com os centrões dos interesses que se têm perpetuado no poder, prometendo sistematicamente na oposição o que sempre negam no governo. Acusando sempre o outro pelo passado que depois repetem.

É justamente isto que inspira medo a muita gente. Mal disfarçado aqui ao lado, em Espanha, e mais escondido atrás das mais patéticas afirmações, aqui entre nós.

Alexis Tsipras e Varoufakis não são apenas as duas novas estrelas da Europa, e muito menos figuras maiores do conto para crianças que Passos Coelho pretendeu prefaciar. Poderão ser uma lufada de ar fresco numa Europa esgotada e empenhada em despenhar-se no abismo para que corre em passo acelerado.

Não é certo, longe disso, que as coisas corram bem. É muita coisa a ter que correr bem. É necessário chegar a acordo com a Europa, sem troika. Que não seja um acordo a qualquer preço, que seja fiável e que não ponha em causa os compromissos eleitorais que lhes legitimam o poder. E sabe-se que não é fácil, que os campos estão hoje bem extremados, que há um enorme oceano a separar o radicalismo e a ortodoxia alemã das pretensões gregas. Mesmo que o surpreendente e recente apoio austríaco possa ser bom agoiro…

Mas é também necessário – e não menos difícil – que aquilo que depende apenas dos gregos corra bem. Que o combate às oligarquias, aos grupos de interesse, e à evasão fiscal, essas sim – e não os cortes cegos da receita alemã – as reformas estruturais que estão por fazer na Grécia, seja determinado e bem sucedido. E que deixe de fugir dinheiro dos bancos gregos… Se é que ainda por lá ficou algum!

 

* Publicado hoje no Diário de Leiria

O roto

Por Eduardo Louro

 

Quando aqui comentei pela primeira vez a vitória eleitoral do Syriza na Grécia, a propósito dos assustados, referi que Rajoy já tinha dado conta do seu pânico, mas que por cá ainda se não tinha visto qualquer reacção. Não tinha, na altura... Mas chegou, tarde como é costume, mas chegou pouco depois a reacção do governo. É certo que não revelou o pânico de Rajoy, porque por cá não há Podemos. Nem juntos, nem separados. Simplesmente não há...

Mas não foi menos gravosa, antes pelo contrário. Rajoy revelou medo, e foi acintoso e inapropriado na reacção. Indelicado. Foi uma reacção a um resultado eleitoral, onde se não deveria meter, é certo, mas foi isso. Foi indelicado para com um partido que acabara de ganhar as eleições no seu país. Passos Coelho, com toda a sua inépcia e a arrogância dos impreparados, reagiu mais tarde e quando o fez atingiu um governo democraticamente eleito num país afim. Não foi apenas inapropriado e acintoso, entrou na esfera do conflito diplomático!

Passos Coelho, e este governo - das formiguinhas - não é apenas incompetente e inapto. Não é apenas o último suporte do radicalismo alemão, cujos interesses sobrepõe aos nacionais. É também ridículo, o roto que aponta ao nu! 

 

Equívocos (ou contradições insanáveis?) nas reformas estruturais

Por Eduardo Louro

 

 

Não sei se, para a Europa e para o discurso político em geral, as reformas estruturais são uma panaceia se uma obsessão.

Pouco mais de seis meses depois da saída da troika de Portugal, a Comissão Europeia manifestou a sua desilusão com a capacidade reformista do governo. E no entanto tinha dado o programa português por concluído!

Ainda agora, na Grécia, quando se esperava que na sequência da vitória do Syriza – em consonância aliás com toda a pressão, e até chantagem, a que a União Europeia recorreu antes das eleições – a Europa desatasse a levantar reservas e obstáculos, apenas se ouviu falar de reformas estruturais. Não há problema nenhum desde que o novo governo grego avance com as reformas estruturais, foi o que de Bruxelas se ouviu.

Por cá, o governo afirma-se como campeão das reformas… Mesmo que na principal, na mãe de todas as reformas, a reforma do Estado, se tenha ficado por aquelas inacreditáveis e inconsequentes duas páginas que Portas, depois de mais de um ano de incumbência na tarefa, apresentou e chamou Guião.

Toda a gente fala de reformas estruturais, mas nem todos querem dizer o mesmo. Para uns são uma coisa, para outros são outra. Coisas completamente diferentes, e muitas vezes opostas!

Para a União Europeia germanizada, e para aplicar nos países do Sul, reformas estruturais são cortes. Cortes de salários e cortes de despesa social. Para o governo de Passos Coelho, sempre afinado pelo diapasão germânico, é exactamente o mesmo, e por isso não há nada a reformar – no Estado, na Justiça, na Educação, na Economia… – que não seja cortar salários e recursos. O governo cortou salários aos funcionários públicos e fez a reforma da função pública. Cortou salários a médicos e enfermeiros e cortou nos quadros de pessoal, e fez a reforma da saúde. E o mesmo na Educação e na Justiça… Com isto destroçou o mercado interno, fecharam milhares de empresas e foram para o desemprego centenas de milhares de pessoas. Resistiram as exportadoras e, sem consumo nem investimento, equilibram-se as contas externas pela quebra nas importações. E aí está a maior reforma de sempre na economia portuguesa, complementada depois com a sucessiva, imparável e insaciável reforma da legislação laboral...

Isto não é reforma estrutural nenhuma. Isto é austeridade!

Vem isto a propósito do que está para acontecer na Grécia. O Syriza declarou de imediato o fim da austeridade, e a União Europeia respondeu logo que não havia problema nenhum desde que se fizessem as reformas estruturais. Que podem acabar com a austeridade desde que continuem com a austeridade!

Entretanto hoje, na primeira reunião do conselho de ministros, o novo governo grego parou com todas as privatizações que estavam em curso. Isto é, tocou justamente na outra face da moeda das reformas estruturais que a União Europeia tem para o Sul. Nem mais, reformas estruturais são austeridade e privatizações!

O sucesso do Syriza passa fundamentalmente pela resolução destes equívocos. Ou destas contradições, numa linguagem mais própria... É tarefa para Hércules. Ou para Herácles, com mais propriedade!

E os gregos falaram...

Por Eduardo Louro

 

... De democracia sabem eles, foi lá que nasceu, há muitos, muitos séculos. E por isso valeu a pena ouvi-los, afinal o impossível é possível, o irremediável pode ser remediado, e o inevitável pode ser evitado. 

Há gente assustada por esta Europa fora. Por cá ainda não se notou muito mas, em Espanha, Rajoy está cheio de medo. Eles lá sabem por quê... Não será certamente por se falar em fim da austeridade, porque já toda a gente percebeu que esse caminho é errado. Nem por se falar em renegociar a dívida, porque toda a gente está farta de saber que uma dívida como a grega (também a portuguesa, mas é da Grécia que estamos a falar) que representa180% do PIB não é pagável. Esteja ela nas mãos de quem estiver...

E, agora que os gregos falaram, sem medo das muitas pressões e chantagens que sobre eles quiseram exercer, a expectativa é grande. Porque não basta ter alternativas, é preciso implementá-las e executá-las.

Para já, o Syriza foi rápido na resposta ao desafio de formar governo, apresentando em poucas horas uma solução de governo. A dois deputados da maioria absoluta, Alexis Tsipras conseguiu em poucas horas construir com um partido de direita, nacionalista e eurocéptico - os Gregos Independentes (ANEL), que elegeu 13 deputados - uma improvável (ou talvez não) solução de governo. 

O próximo desafio é contrariar a ideia que a esquerda moderada instituiu por todo o lado segundo a qual, chegada ao poder lhe, um banho de realidade impede o avanço das suas propostas eleitorais e ideológicas. Se o Syriza for bem sucedido acabará de vez com o alibi da tradicional esquerda de poder, obrigando-a a escolher entre a reconversão e o desaparecimento!

 

 

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