A Taça da Liga é uma competição desenhada para os grandes. Os quatro primeiros classificados do campeonato anterior são encaminhados para as meias-finais, ou para, agora, com mais pompa, a final four.
Creio que nunca lá chegaram os quatro. Desta vez lá estiveram o Vitória de Setúbal, no lugar do Sporting, e o Moreirense, no do Porto. Benfica, com a folha limpa, e Braga, com muita dificuldade e bastante sorte, acabaram por cumprir com o que era a sua obrigação. Lá estavam os únicos três vencedores da competição. E o Moreirense: o outsider que chega à final, com o Braga.
O Benfica saiu para o intervalo bêbado com a superioridade que tinha exercido. Tão bêbado que se esqueceu que só estava a ganhar por um a zero. Tão inebriado que se esqueceu de regressar para a segunda parte. Deixou os rapazes do Morerirense a jogar sozinhos que, de repente e incrédulos, se viram a ganhar por 3-1. Em apenas 10 minutos, como com o Boavista, de má memória, com apenas dois remates - do primeiro golo só se percebeu que nem foi preciso rematar à baliza - o Moreirense marcou por três vezes.
Não importa que o segundo golo tenha acontecido porque ficou por marcar uma falta sobre o Eliseu. Nem as bolas nos ferros. Nem um penalti que ficou por marcar. Nem as seis ou sete oportunidades desperdiçadas no tempo que sobrou para jogar à bola. Agora importa apenas que o Rui Vitória consiga meter na cabeça dos jogadores que os jogos têm 90 minutos, divididos em duas partes, de 45 cada uma.
E que têm de ser disputados em cada minuto desses 90. Que as peladinhas, para brincar com a bola, ficam para os treinos. Mesmo assim só naquela parte de descompressão, no espaço de lazer que o trabalho ás vezes tem que ter.
No regresso ao D. Afonso Henriques, desta vez para disputar o acesso às meias finais da Taça da Liga, o Benfica repetiu apenas três jogadores da equipa que aí apresentara três dias antes: os dois laterais - Ruben Semedo e André Almeida - e Pizzi.
Repetiu o resultado, a vitória por 2-0, e até o timing dos golos. E repetiu ainda o quadro geral do jogo: domínio absoluto na primeira parte, e controlo do jogo e do resultado na segunda.
Mas nada mais se repetiu. O domínio da primeira parte foi muito mais acentuado, e a exibição, nesse período, foi bem mais exuberante e assente em nouances de jogo substancialmente diferentes. Desta vez Rui Vitória optou por um ataque móvel, entregue a Gonçalo Guedes (dois golos em duas jogadas colectivas absolutamente perfeitas) e a Rafa, envolvidos por Carrillo - finalmente a mostrar que também ele pode ser mais um reforço de inverno - e Zivkovic. E o que se viu chegou a ser deslumbrante. Não fosse a indisfarçável má relação de Rafa com o golo, o penalti desperdiçado por Pizzi, logo aos 11 minutos, e a soberba exibição do jovem guarda-redes do Vitória (não se percebe por que o Miguel Silva não é o titular da baliza, mas o Pedro Martins terá razões que a razão desconhece) e o resultado ao intervalo teria sido altamente punitivo para a boa equipa de Guimarães,
E foi assim, com uma primeira parte fulgurante, a lembrar Arouca, aqui há uns meses, que o Benfica garantiu a participação na inédita final four, no Algarve, lá para o fim do mês, e a possibilidade de discutir um título que apenas por duas vezes lhe fugiu, numa competição desenhada para ser ganha pelos grandes do futebol nacional.
Os primeiros quatro classificados do campeonato são os cabeças de série. E para que as meias finais não escapem aos mais fortes, jogam em casa dois dos três jogos de cada grupo de apuramento. Os mais pequenos jogam apenas um.
O Benfica jogou em casa com o Paços e com o Vizela, ambos apenas com um jogo em casa. O Vitória fez o seu jogo fora no único jogo em casa do Vizela. O Benfica fê-lo em Guimarães. o que quer dizer que, dos quatro grupos, coube ao Benfica o adversário mais cotado. E coube-he jogar fora contra o adversário mais cotado.
Contando por vitórias os jogos disputados, com 8 golos marcados e nehum sofrido, o Benfica é o único dos três grandes que vai discutir o título. Os outros, como se sabe, foram afastados pelos árbitros. O Porto, com dois pontos, conquistados nos dois jogos em casa. O Sporting com seis pontos, com duas vitórias por 1-0 nos dois jogos em casa, com o Varzim e com o Arouca!
E por isso, como sabemos, a Taça da Liga não tem importância nenhuma... Nem devia contar como troféu!
Depois do 35, a sétima. A sétima Taça da Liga... Em nove, no pleno das sete finais.
Foi num jogo divertido, mexido, nada arrastado, que nem parecia de fim de época, que o Benfica conquistou a sétima, depois de uma semana a festejar o tri. Ou tri(nta) e cinco...
Claro que os oito golos ajudaram. Uma final com oito golos terá sempre de ser um belo jogo. E, claro, o adversário ajudou. Com uma bela prestação, disputando o jogo como se deve disputar uma final. E não mereceria certamente um resultado tão desnivelado: 6 a 2 é um resultado muito pesado para o que o Marítimo fez.
Mesmo assim, mesmo num jogo de encher o olho, com um resultado que envaidece a vaidade de ser benfiquista, não é do jogo que quero falar.
É de Gaitan, o homem do jogo, que quero falar. Do nosso Nico, de quem já morro de saudades. Que entrou e saiu do campo a chorar, também ele já com saudades do Benfica. E de nós, como nós dele. Um benfiquista, como nós. Que há seis anos, quando chegou para ocupar o lugar do seu compatriota Di Maria, não queria ter vindo. Mas veio, e depois de todos estes anos, em que cada um seria o último, com a sua saída sempre como uma espada sobre as nossas cabeças, vai mesmo embora. E vai a chorar...
Como a chorar ficamos nós, agarrados á memória da sua fantasia, do seu génio, da sua arte... Um artista completo e único, como fez questão de nos lembrar na despedida, naquele quarto golo. Que num único gesto conseguiu meter um quadro de Rembrandt, um poema Pessoa e uma sinfonia de Beethoven.
Que sejas feliz, Nico. Que o novo campeão europeu te saiba tratar como mereces!
Está pela hora da morte, o preço das vitórias do Benfica. A coisa está tão afinada que, com os outros ou com estes - o Benfica apresentou-se ao jogo de hoje com uma segunda equipa, mantendo apenas os três titulares que o regulamento obriga: o guarda-redes Ederson, e os miúdos Lindelof e Renato Sanches - nada se altera na equipa. Nem o fio de jogo, nem a dinâmica, nem o ritmo. Nem os golos de Jimenez e de Jonas, que lá teve de entrar. E, como não podia deixar de ser, nem o tal o preço alto a que andam por esta altura as vitórias do Benfica. Quase tão alto como, pelo que se vai percebendo, o preço do empate que corre aí pelo mercado...
E pronto, no dia em que o Leicester - no sofá - celebra a inédita e espectacular conquista do título inglês, e no dia do regresso do velho capitão (não; não é Mário Wilson, é mesmo o Luisão), o Benfica apurou-se para a sua sétima final da Taça da Liga, desta vez chamada CTT. Só faltou a duas!
O Nelson Semedo voltou. O Gaitan voltou. O Talisca voltou. Até o Gonçalo Guedes voltou...
A arte à volta de uma bola voltou. A magia do jogo voltou... Os golos de encantar voltaram. Tudo voltou. Partir, partir mesmo só os patinhos feios. Partiram todos, não ficou nenhum!
Gaitan voltou, mas não voltou sozinho. Voltou com a magia única que só ele transporta: aquele terceiro golo é uma coisa do outro mundo. Talisca, e ver aqueles golos - três, o último também para não esquecer - é ter a garantia que, ao contrário do que toda a gente pensava, ele não tinha mesmo desaparecido. Apenas foi mal tratado, e regressou logo que alguém soube cuidar dele...
Agora que tudo - quase tudo - voltou, tem que ser para ficar...
Ah... Já me esquecia: o jogo foi em Moreira de Cónegos, uma capelinha (uma miniatura da Catedral), e ficou em 6-1. A máquina continua a fazer golos. Muitos e bonitos!
Decididamente Rui Vitória não se consegue livrar do fantasma de Jesus. Não lhe faltava mais nada: agora ainda tinha de lhe sair na rifa o Manuel Machado, a quem o outro, entre cretinos e vinténs, já tinha dado a volta.
Agora é que não há volta a dar: tem mesmo que ligar ao seu antecessor e perguntar-lhe com quantos dedos é que a coisa se resolve.
Fez-se difícil, a sexta. Quis trocar as voltas... Já vinha de trás. Trocou as voltas nas meias finais, quando estava tudo preparado para receber o Sporting, e afinal apareceu o Vitória de Setúbal. Repetiu logo a seguir, quando para hoje se esperava o Porto e acabou por aparecer o Marítimo. Uma semana depois, e com propósitos diferentes...
Há uma semana tinha aparecido de pilhas bem carregadas. Gastou-as logo na primeira parte e depois acabou. Hoje o Benfica não lhe permitiu que repetisse essa primeria parte e bem cedo tomou conta do jogo, sucederam-se as oportunidades e o golo lá acabou por aparecer, quando faltavam menos de dez minutos para o intervalo. Depois lembrou-se do jogo da semana passada, e das pilhas que então faltaram ao adversário, e com a expulsão do jogador Marítimo - que chegou meia hora atrasada -, a jogar contra dez, pensou que a sexta já lhe não trocaria mais as voltas.
Mas trocou. O Marítimo fez o empate e... foi o diabo. O Benfica acusou o golo e, claramente, desorientou-se. Valeu que faltava ainda muito tempo, o suficiente para que a equipa se voltasse a encontrar. Só que depois, fosse lá pelo que fosse, faltou um mínimo de eficácia. As oportunidades de baliza aberta sucediam-se a um ritmo só comparável à sucessão de faltas, muitas delas de grande violência, dos impunes jogadores do Marítimo. Que queimavam tempo, apostando nos penaltis para o desempate.
Até que à entrada dos últimos dez minutos Ola John acertou finalmente na baliza, fazendo o que Lima, Jonas e Maxi por tantas vezes não tinham conseguido fazer, acertando finalmente as contas com a sexta.
O Benfica está na final da Taça da Liga. Pela sexta vez, em oito!
Era esperado o Sporting, mas quem apareceu foi o Vitória de Setúbal. Que apareceu bem, entrando bem no jogo. Melhor que a equipa que o Benfica apresentou, naturalmente menos rodada. E com Eliseu a continuar mal, Sílvio com pouco jogo e ainda menos confiança, e com o miúdo Gonçalo Guedes a não perceber que desta vez tinha entrado de início, e que não dispunha apenas dos habituais 3 ou 4 minutos para mostrar serviço.
Já a primeira parte ia a mais de meio quando o Benfica começou a jogar alguma coisa que se visse, e a ficar por cima do jogo. Mas só nos últimos 6 minutos chegaram os dois golos com que terminaria a primeira parte. Ambos de penalti, indiscutíveis. E o primeiro com direito a expulsão: igualmente indiscutível, o defesa do Vitória derrubou o Gonçalo Guedes que, depois de ter dominado a bola no peito, só tinha o guarda-redes pela frente.
Com 2-0 e a jogar contra 10, exigia-se que o Benfica projectasse a segunda parte à luz do jogo do próximo domingo, contra este mesmo adversário. Sabe-se com uma goleada pesa no jogo seguinte, e como pesa ainda mais quando o adversário é exactamente o mesmo. Mas foi o Vitória quem melhor percebeu isso, defendendo o 0-2 como se de um 0-0 se tratasse.
Com os sadinos fechados lá atrás, com o regresso das bolas á trave - desta vez foram mais duas, uma das quais substituiu o que seria um grande golo do miúdo, que bem o merecia - e com mais um sem número de oportunidades desperdiçadas, o resultado acabou por ficar num 3-0 que não deixa marcas nenhumas para o importantíssimo jogo do próximo domingo.
Mas o objectivo era assegurar mais uma vez a presença na final da Taça da Liga. Festeje-se isso e o regresso de Rúben Amorim!
Aí está Janeiro em todo o seu esplendor. Com uns ou com outros, na Liga ou na Taça da Liga, nada muda: o mesmo controlo do jogo, a mesma asfixia ao adversário… Não a mesma nota artística, naturalmente, mas na mesma nota artística alta. É este o Benfica que, ano após ano, nasce em Janeiro!
O Benfica discutia hoje em Moreira de Cónegos o apuramento para as meias-finais da Taça da Liga. O Moreirense teve o privilégio de jogar em casa este jogo decisivo, que teria de ganhar. E que naturalmente queria ganhar, mesmo que raramente o tivesse parecido. Durante os primeiros 15 a 20 minutos ainda pareceu que iria tentar discutir o jogo, a partir daí o Benfica tomou conta do jogo, encostou o adversário lá atrás e foi criando oportunidades de golo, umas atrás das outras, como vem sendo hábito.
Deu apenas para dois golos (ficou um penalti por marcar) - o segundo, em mais uma maldade da Sport TV, a ser roubado ao Derlei - para a continuar sem sofrer golos e para mais um show de Jonas. Que jogador!
Um dia destes temos aí o Peter Lim, com o Rodrigo pela mão e mais uns trocos, para o levar de volta para Valência…
Deu para tudo, este segundo jogo do Benfica na Taça da Liga, com o Arouca. Deu para goleada (4-0), e deu para bons bocados de excelente futebol, a deixar-nos sem dúvidas nenhumas que é mesmo Janeiro. Com os outros, ou com estes, regressou o tempo da nota artística... Deu - meio jogo, mas mesmo assim... - para Rui Fonte (pouco intenso, mas vem de uma lesão) e Gonçalo Guedes (a mostrar muito, mas também muita ânsia de mostrar)... Deu para mais duas baixas nas baixas, depois dos regressos de Salvio e Eliseu, hoje foi a vez de Sílvio e Sulejmani regressarem. E de que maneira...Deu também para mais uma lesão, em mais um central. Agora foi o César, que já estava a carburar...
E deu para uma grande exibição do Pizzi, de novo no papel de clone de Enzo, a deixar a ideia - já percebida na despedida da Champions, há um mês atrás - que, dentro do plantel, é quem melhor substitui o argentino. Se conseguir manter o nível desta noite, não restarão muitas dúvidas!
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