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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

A oitava, depois de 8 anos de vadiagem!

Nove anos depois o Benfica voltou a conquistar a Taça da Liga. A oitava. É caso para dizer que a Taça da Liga voltou a casa. Muito tempo depois. Tanto que ainda nem se falava em "campeão de inverno", e depois de oito anos a vadiar pelas mãos deste e daquele. Mas voltou!

Foi o terceiro dérbi na final da competição. Disputada em Leiria, aqui ao lado, bem no centro de Portugal, e não no estrangeiro, na tal internacionalização prometida por Pedro Proença, antes de perceber que, comparar o nosso futebol ao inglês, ao italiano e ao espanhol, é enganar-nos a nós para se enganar a ele.

E no entanto a primeira parte do dérbi da final desta noite até deu para comparar. Benfica - com a mesma equipa inicial que brilhara a grande altura na meia final, com o Braga (a novidade foi Beste ter ficado de fora, na bancada) - e Sporting - com três alterações no onze relativamente á outra meia final (duas pelas lesões de Morita e de Matheus Reis, a outra por o Rui Borges ter retirado o surpreendente Fresneda) - ofereceram-nos uma primeira parte de alto nível, como se joga nos grandes campeonatos do futebol europeu.

Ambas as equipas jogaram em altíssimos ritmo e intensidade, e com enorme pressão em todas as zonas do campo. O Benfica fê-lo através de um jogo mais elaborado, e mais agradável à vista, enquanto o Sporting o fez mais através de um futebol directo. O Benfica jogava um futebol mais associativo, trabalhado nos três corredores, especialmente pelos laterais, frequentemente com mudanças de flanco, obra de Di Maria - mais uma grande exibição! - e de Kokçu. 

Esta espécie de contraponto entre as duas equipas, naquele registo de intensidade, acabou por trazer ainda mais espectacularidade ao jogo. Era virtualmente impossível manter aquele ritmo na segunda parte, disso ninguém tinha dúvidas.

Os golos acabam por se encaixar no que foi o jogo. E até de o justificar. O Benfica inaugurou o marcador às portas da meia hora de jogo, num bonito golo de Schjelderup, assistido por Di Maria, justamente num passe da direita para esquerda. O Sporting empatou à beira do intervalo, num penálti assinalado pelo árbitro João Pinheiro, e convertido por Gyokeres.

O golo do empate, e as circunstâncias em que ocorreu, transporta-nos para os temas da arbitragem e da sorte, que aqui trouxe há pouco. Dizia então que, com razão de queixa das arbitragens, não era por elas que o Benfica perdera. E que a equipa não tinha sorte, mas também não fazia por a merecer.

Pela dualidade de critérios que João Pinheiro evidenciou ao longo de todo o jogo, e pela forma como nunca assinalou nenhuma das muitas faltas sobre o Di Maria, apesar de o contra-factual ser impossível de provar, tenho poucas dúvidas que o penálti assinalado a Florentino nunca o seria, em idênticas circunstâncias, contra o Sporting. Exactamente como o uso da mão por parte do João Simões, dentro da sua grande área, teria dado penálti se tivesse ocorrido na área do Benfica. Ou como, se no final da primeira parte, a chapada do Maxi ao Otamendi, tivesse sido ao contrário, João Pinheiro teria puxado do cartão vermelho.

Na primeira parte o Benfica merecia ter sorte. Tinha feito tudo para a merecer, mas voltou a não a ter. Não a teve nas circunstâncias em que o penálti foi assinalado. E voltou a não a ter quando Trubin o defendeu com o pé, e a bola subiu para cair dentro da baliza. Por poucos centímetros teria saído. Os mesmos poucos centímetros que, por clara falta de sorte de Pavlidis, impediram o 2-0, logo a seguir ao primeiro golo.

E assim - e com uma segunda parte igualmente emotiva, mas claramente de bem menor qualidade, por força do desgaste físico (o Benfica estava a jogar menos de 72 horas depois do jogo das meias finais, o Sporting tinha-a jogados 24 horas antes) - o empate subsistiu até ao final. E o troféu foi decidido nos pontapés da marca da grande penalidade, nos penáltis, como se diz. 

Na primeira séria de cinco ninguém falhou, nem ninguém defendeu. E só não foram todos os dez excepcionalmente bem executados porque não se poderá dizer que o quinto do Benfica, marcado pelo Renato Sanches, tenha sido muito bem marcado. O guarda-redes do Sporting - Franco Israel devia estar com grande moral, sabendo que já contrataram o Rui Silva ao Bétis para o seu lugar - ainda tocou na bola. 

A partir daí quem falhasse perdia. Do lado do Benfica, Leandro Barreiro marcou o sexto, e Florentino - o homem do jogo - o sétimo. Ambos irrepreensíveis. Quenda ainda marcou o sexto, mas já aí tinha deixado francas possibilidades a Trubin de defender. Calhou a Trincão permitir-lhe a defesa decisiva.

Da festa. Merecida. O Benfica foi melhor. As estatísticas não mentem: o Benfica teve mais bola, mais ataques, mais remates (16, contra 10, e 4 contra 3 enquadrados), fez mais passes, e mais passes certos. 

Foi bonita, a festa. E foi muito bonito ver Trubin, em vez de sair a correr disparado para o festejo, dirigir-se a Trincão e abraçá-lo. A sua prioridade foi confortar um adversário, e isso é bonito. Como fez também, e foi igualmente bonito, Bruno Lage.

 

 

 

É futebol. Do bom, mas é futebol ...

É também por isto que o futebol é um jogo apaixonante. O Benfica desta noite, em Leiria, não teve nada, mesmo nada, a ver com o de domingo, na Luz. Concomitantemente - uma equipa joga o que a outra deixa, não é? - o Braga não teve nada a ver com aquele que no domingo passado ganhou na Luz, e deixou os benfiquistas á beira da depressão.

O único amargo que sentimos nesta noite leiriense - o Dr Magalhães Pessoa foi um mini Estádio da Luz - foi precisamente o proveniente da noite de domingo. Na verdade o vendaval de futebol com que o Benfica atropelou o Braga só teve o condão de tornar ainda mais amarga a derrota da Luz, no passado domingo, no fecho da primeira volta do campeonato. 

Como é possível que as mesmas equipas possam ter duas caras opostas em dois jogos no espaço de três dias?

Não tem explicação. É futebol!

Bruno Lage promoveu três alterações relativamente ao jogo anterior: entraram António Silva, Florentino e Schjelderup, e saíram Bah, Leandro Barreiro e Akturkoglu. Os dois últimos em troca directa, e António Silva para o lugar de Tomás Araújo, que derivou para a lateral direita, para o lugar de Bah. Pese embora as boas prestações dos que entraram de novo, na linha do resto dos jogadores, não terá sido apenas por essas trocas que o Benfica passou do oito ao oitenta em apenas três dias. Foi também pelo inexplicável em que o futebol é tantas vezes fértil.

A equipa teve energia, teve classe, teve força. Teve tudo, e reduziu o Braga - que chegou a Leiria com a mesma receita que levara, e tinha sido bem sucedida, para a Luz - á ínfima espécie. Sem qualquer condição de discutir o jogo. 

A receita do Braga - postura ultra-defensiva, queimar tempo e esperar por uma oportunidade para surpreender em contra-ataque - foi rapidamente destruída pela avalanche benfiquista. Na verdade, em todo o jogo, o Braga dispôs apenas de uma saída em contra-ataque: foi à entrada da segunda metade da primeira parte, a bola acabou até por entrar na baliza de Trubin, mas em claro fora de jogo de Bruma, prontamente assinalado. 

Nessa altura já o Benfica tinha desperdiçado quatro grandes oportunidades de golo (Tomás Araújo, à trave, logo aos cinco minutos, Di Maria, Carreras e Pavlidis). Logo a seguir, e no espaço de 10 minutos, entre os 27 e os 37, marcou os três golos. Primeiro por Di Maria, depois de despachar dois adversários dentro da área; logo no minuto seguinte por Carreras, repetindo exactamente o que tinha feito uns minutos antes, só que desta vez acabando num remate indefensável para o guarda-redes Matheus; e finalmente no bis de Di Maria, a concluir uma excelente jogada colectiva, ainda adornada na assistência de Pavlidis.

Se antes dos três golos o Benfica tinha desperdiçado quatro claras oportunidades de golo, depois, na segunda parte, voltou a desperdiçar outras tantas: Schjelderup, logo a abrir, depois de ter sentado o guarda-redes, Pavlidis, por duas vezes, e Akturkoglu. E houve ainda um golo anulado a Pavlidis, por um fora de jogo de 11 cm, depois de mais uma excelente jogada de Schjelderup.

 Aos três golos marcados na primeira parte, o Benfica somou mais nove oportunidades. Quer isto dizer que ao Braga o melhor que lhe aconteceu foi o resultado. E que, esta noite sim, Bruno Lage tem razões para se queixar da eficácia. Falhar golos é preocupante. Mas é sempre mais preocupante não criar condições para os marcar.

Por isso, mesmo saindo de Leiria com o amargo da derrota do último domingo mais vivo, os benfiquistas vieram em festa. E com justificada esperança de, no próximo sábado, em mais um dérbi eterno, voltar às habituais conquistas da Taça da Liga, há tanto interrompidas. 

 

 

 

Muita Luz na magia de Di Maria

Numa noite chuvosa, num jogo com o Santa Clara, para a Taça da Liga, 50 mil na Luz. É isto!

Para além - bem para além - desta fantástica relação dos benfiquistas com a equipa e com a Catedral, o jogo valeu pelo ainda mais fantástico golo de Di Maria. Devia ter acabado ali, aos 70 minutos, naquele momento sublime.

Não acabou, e ainda bem. Porque Pavlidis marcou, finalmente. E por duas vezes. Bisou, e já tinha sido ele a fazer a assistência para a obra prima de Di Maria. E porque ajudou a esquecer o que se passara antes. Nem tanto em todos os 70 minutos anteriores, mas principalmente nos 45 minutos iniciais.

É isso. A primeira parte foi fraquinha, o Benfica jogou muito pouco, mesmo.

Bruno Lage não fez assim tantas alterações na equipa. O adversário fez até muito mais: oito, pelo que ouvi dizer. 

Se considerarmos que a entrada de António Silva é a coisa mais natural deste mundo, que Beste já vinha sendo titular, e que Arthur Cabral já começava a surgir como alternativa à seca de Pavlidis, restam Amdouni e Renato Sanches como verdadeiras alterações no onze base. E na verdade apenas Di Maria e Kokçu foram poupados.

Mas pouco. A primeira parte foi tão má que Bruno Lage se viu obrigado a repor tudo, tirando logo ao intervalo precisamente Amdouni e Renato Sanches. Não é que os outros estivessem a jogar bem - nem Aursenes, que não sabe jogar mal, se salvara - mas eram mesmo os elos mais fracos. 

Amdouni poderá ter a desculpa de ser peixe fora de água na ala direita. E seria muito difícil que pudesse fazer de Di Maria. Pelo que se viu, ninguém pode. O internacional suíço menos que outros. E o Renato Sanches, independentemente do estado de recuperação, do sucesso que todos lhe desejamos, e do que gostaríamos que lhe acontecesse no Benfica, não encaixa no desenho do futebol da equipa.

E logo no arranque da segunda parte se começou a ver que era outro o Benfica em campo, as oportunidades de golo (duas apenas na primeira parte) começaram a repetir-se sucessivamente. Faltava marcar. A meio da segunda parte, na terceira substituição, retirando Beste (reconheço-lhe utilidade, mas confesso que não me entusiasma como titular na ala esquerda) para entrar Pavlidis, para o lado de Cabral, e fazer regressar Aktürkoğlu à ala esquerda, Lage resolvia finalmente o problema. Em 10 minutos!

Quatro minutos depois de entrar, Pavlidis assistiu para o golão de Di Maria. Cinco minutos depois, marcou. E outros cinco depois, voltou a marcar, fechando o resultado que poderia ter sido ainda bem mais ampliado.

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