Jesus Deus
Foi épica a vitória do Flamengo na Libertadores!
A dois minutos dos 90 tudo parecia perdido, com a equipa de Jorge Jesus a revelar uma completa incapacidade de desfeitear um adversário incómodo, que não deixava jogar e inultrapassável quando o permitia.
O River, que fizera o primeiro golo da final a meio da primeira parte, numa gritante falha defensiva da equipa do Flamengo, mostrou-se sempre capaz de anular o futebol dos brasileiros, com uma atitude sempre muito pressionante e vigorosa, recorrendo a todos os métodos para meter areia na engrenagem da máquina de futebol de JJ, que em muitos períodos do jogo pareceu ter gripado. Para, depois, lançar contra-ataques sempre perigosos.
A dois minutos do fim a imagem do jogo era a de um Flamengo impotente perante um adversário mais (ma)duro, que já só esperava pelo apito final para fazer a festa do terceiro título continental consecutivo. Aí, na primeira vez que o ataque brasileiro conseguiu iludir a defesa argentina, Gabriel Barbosa, finalmente a fazer jus à alcunha, fez o empate abrindo a porta do prolongamento como redenção inevitável.
Só que haveria de chegar também a redenção do minuto 90+2, tantas vezes fatal para as equipas de Jorge Jesus. E o que três minutos antes parecia impossível tornou-se na consagração máxima do treinador português, a passar de Jesus a Deus. Que, sem dúvida, é brasileiro!
As virtudes do treinador português são conhecidas. Os defeitos também. Nestas alturas, naturalmente, lembram-se as primeiras e esquecem-se os segundos. Quem acompanha a carreira de Jorge Jesus sabe que no seu trabalho as virtudes vêm sempre primeiro. Os defeitos vêm depois, é uma inevitável questão de tempo!
Nunca é tarde para aprender. Aos 65 anos Jorge Jesus tem a oportunidade de agarrar a chave do sucesso. Basta-lhe saber impedir que o tempo faça o seu trabalho, e lhe lixe o seu próprio. Há - e houve - quem soubesse fazer isso. Quem não se lembram de Trapattoni?
PS: Já depois de ter publicado este texto, o Flamengo, mesmo sem jogar, garantiu o aguardado título no brasileirão. Dois títulos, e logo os dois mais importantes que havia para conquistar, em dois dias consecutivos, é obra. Obra de Jorge Jesus!