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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Era uma vez ... no terceiro mundo

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Os episódios de violência de anteontem à noite em Moreira de Cónegos, no final do jogo entre a equipa da casa, o Moreirense, e o Porto, revelam mais uma vez o terceiro-mundismo que se vive na bolha do futebol em Portugal, onde arruaceiros, capangas, mandantes e caciques convivem tranquila e harmoniosamente com forças de segurança e meios de comunicação.

Com 4 pontos de desvantagem sobre o líder do campeonato, o Sporting, a cinco jornadas do fim e já sem qualquer confronto directo, isto é, sem qualquer possibilidade de interferir directamente na anulação da vantagem sportinguista, Pinto da Costa declarou, na semana passada que, se nada de anormal acontecesse, o Porto seria campeão. Em vez de questionar tão estranha quanto inaceitável declaração, a comunicação social desportiva projecta-a como dogma papal. Do único Papa que reconhecem.

Logo na primeira oportunidade o Porto empata, e os 4 passam a 6 pontos. Isto é, surge a primeira "anormalidade". O treinador do Porto, bem acompanhado por um dos diretores de comunicação (no Porto são dois, um no banco (!!!), de seu nome Rui Cerqueira, ex-jornalista da RTP, e outro no gabinete, o inenarrável Francisco J Marques)  faz a arruaça que sempre faz nessas circunstâncias, e só não chega à agressão física - porque da verbal ninguém escapa - porque o árbitro até em campo tem segurança pessoal especial e, valha a verdade, pela intervenção do dirigente Luís Gonçalves, normalmente também dado à arruaça e à ameaça, e de um jogador, pareceu-me Sérgio Oliveira. Lançado o rastilho, a coisa passou para a zona de saída dos balneários, onde Pinto da Costa não gostou de ver câmaras de televisão, acabando com um tipo chamado Pedro Pinho, um empresário de futebol, unha e carne com o(s) Pinto da Costa, a passar à agressão a um dos desses operadores, o da TVI.

A GNR, ali presente, não vê nem ouve. E, na manhã seguinte, nos jornais desportivos ... nada. A própria TVI trata de limpar, fazendo o seu director de informação saber que Pinto da Costa lhe telefonara a esclarecer que o agressor não tinha nada a ver com o Porto. E que até teria sido convidado do Moreirense, mesmo que estivesse ali, à saída do balneário, incluído na comitiva portista.

Os comentadores afectos ao Porto distribuídos pelas televisões e, pelo menos um, ao que se diz, também presente no local, lançam-se de imediato às operações de limpeza. Ao contrário do pretendido a coisa não acabou abafada. E hoje "a Bola" faz esta primeira página, quando ontem não tivera nada para dizer.

Os outros, nem isso... 

 

 

Portugal a caminho do Terceiro Mundo?

Por Eduardo Louro

 

O director do SOL – José António Saraiva (JAS) – na sua coluna de opinião política que, de alguma forma, se tornou ao longo de quase trinta anos já num clássico – era a Política à Portuguesa no Expresso, durante mais de vinte anos, e é, agora no SOL nos últimos quatro anos, a Política a Sério – veio esta última semana sentenciar o terceiro-mundismo de Portugal.

Para ele é uma evidência: “Portugal está a caminho do Terceiro Mundo”. Uma evidência que nem sequer nos pode espantar: “assim como há países do Terceiro Mundo que registam taxas altíssimas de crescimento e se preparam para aceder ao Segundo ou mesmo ao Primeiro Mundo, outros sofrerão evolução oposta”. Porque, sustenta ainda, “ a roda do mundo é como os alcatrazes” – quis seguramente dizer alcatruzes –: “se uns sobem, outros têm de descer”.

Creio que já muita gente estará habituada – eu, pelo menos, estou – a algumas excentricidades (chamemos-lhe assim) do José António Saraiva. Umas com alguma graça, outras com algum arrojo e, outras ainda, sem pés nem cabeça.

Lembro-me de uma, aqui há alguns anos, ainda no seu tempo do Expresso, em que desenvolvia uma teoria que mostrava a importância de se fixar a capital em Castelo Branco. Ou de uma outra, mais recente e já no SOL, de um projecto para a Baixa ribeirinha de Lisboa que passava, entre outras coisas, por criar uma zona coberta em toda aquela área. Fiquei com a ideia que seria uma espécie de Piazza del Duomo, em Milão, mas em grande!

Lembrei-me destas duas, onde se consegue encontrar um cruzamento entre algum arrojo e alguma graça, para evidenciar a clara bipolaridade de dois estados de alma: um, de um passado recente, virado para um empreendedorismo de grandiosidade e outro, actual, marcado pela mais profunda e deprimente das decadências.

Evidentemente que todos sentimos uma tremenda degradação da nossa vida colectiva. Que todos nós sentimos que o mais importante capital social – não no sentido tecnocrático do termo, mas no sentido de instrumento de intervenção e de promoção de desenvolvimento colectivo – a esperança e a confiança (a mesma a que o primeiro-ministro, subvertendo realidades, desesperadamente apela), bateram no fundo. Que se percebe que a economia não irá crescer a níveis capazes de enfrentar o problema do desemprego nos anos mais próximos. Que se percebe que não irá ser possível manter regalias sociais dadas por adquiridas. Que percebemos a degradação das instituições e, pior do que isso, dos valores. Que, por via de tudo isto, todos os dias nos cruzamos com atitudes terceiro-mundistas. Na rua, na estrada, nos serviços públicos… Mas também que o simples facto de as identificarmos como tal as transformam na excepção. Nunca na regra!

Evidentemente que não faz qualquer sentido afirmar-se que Portugal está em viagem para o Terceiro Mundo. Se o não faz utilizando o sentido figurado é de todo inaceitável, e mesmo grosseiro, pretender enquadrar essa afirmação num suposto contexto de rigor e credibilidade.

Ao recorrer á tal teoria dos alcatruzes – “se uns países sobem outros têm de descer” – uma figura com a responsabilidade intelectual do JAS – director de um jornal, o director de maior longevidade no mais influente jornal do país, actor da cena política e mediática, escritor e professor universitário de ciência política -, está a pretender fundamentar a sua afirmação num fenómeno determinístico que tem tanto de incontestável como de charlatanice intelectual.

Porque o mundo não é uma roda e será tanto mais perfeito, equilibrado e seguro quantos mais forem os países a abandonar o subdesenvolvimento e a atingir os patamares do desenvolvimento. Que são medidos de forma objectiva através de factores de diferenciação de desenvolvimento que, na sua maioria, não têm regresso.

Há coisas sem pés nem cabeça. E esta é, em toda a sua extensão - até com aquela ideia da passagem do terceiro para o segundo mundo (classificação mais que ultrapassada e já desaparecida) e deste para o primeiro - uma delas. Se é, como parece, um problema de agenda política, seria recomendável, apesar de estarmos em Agosto, em que nada se passa e tudo se desculpa, um pouco de mais cuidado. Agora desta forma… Francamente, assim até parece, lembrando-nos da saga de Scarlet O`Hara, que tudo o Freeport levou!

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