Quando é notícia um segundo acidente mortal com um dos seus carros autónomos; quando chama de volta à fábrica 123 mil carros com problemas mecânicos; e quando a empresa está a ser fortemente pressionada em bolsa, com perdas de 20% desde o início do ano, a que corresponde uma desvalorização de 10 mil milhões - ten billions, como por lá se diz - de dólares, Elon Musk, o presidente da Tesla, resolve brincar ao primeiro de Abril, anunciando a falência da sua empresa.
Se tivesse sido um qualquer quadro da empresa a fazê-lo teria sido despedido na hora. E certamente que muito bem... Não sei se a homens - e mulheres - como Musk tudo se perdoa. Sei é que eles (e elas) estão convencidos que sim!
E sei também que nós, simples comuns mortais desprovidos de rasgo visionário, gostamos de lhes achar graça. Como aqui há uns anos achávamos às brincadeiras de Michael O’Leary, o homem da Ryan Air... A que agora já não achamos piada nenhuma!
Quando, na semana passada, foi lançado para os ares o primeiro foguetão de uma agência espacial privada, não se percebeu bem se o que mais impressionava era o gigantismo da aventura – o mais poderoso foguetão de sempre, no primeiro mega empreendimento espacial privado – se a espectacular iniciativa de enviar para o espaço um fantástico automóvel eléctrico com um boneco ao volante.
Não errarei muito se disser que o Roadster (assim se chama o modelo) da Tesla (e assim se chama a marca do automóvel) conquistou a fatia maior da atenção dispensada ao acontecimento. E se assim for – se não tiver errado muito – também voltarei a não errar em demasia se disser que, muito mais que de uma gigantesca campanha espacial, se trata de uma gigantesca campanha especial.
A Tesla e Space X – a empresa espacial privada – têm de comum o dono, o multimilionário Elon Musk que, se não for o maior, é certamente o mais arrojado dos visionários que o mundo actualmente conhece. E não é muito difícil imaginar o que um Tesla no espaço pode fazer por uma Tesla na Terra, onde tem manifestado alguma dificuldade em colocar bem os pés. Ou as rodas…
Para tornar esta campanha ainda mais espacial – ou será especial? – acaba agora de saber-se, quando não se sabe muito bem o que é que já lhe aconteceu nem por onde anda, que o mais famoso dos famosos carros eléctricos não levava apenas um boneco ao volante. Levava ainda, secretamente – tão secretamente que já se conhece – preso no seu interior um minúsculo dispositivo de armazenamento de informações, com a gigantesca capacidade de perto de quatro centenas de terabytes de dados (nem faço ideia do que seja isso!). Desvendado o secretismo, diz-se que, do tamanho de uma moeda e com uma resistência à prova de tudo e mais alguma coisa, dura milhares de milhões de anos. Tudo isto para perpetuar e levar para outros planetas, ou até para outras galáxias, o conhecimento acumulado por estes seres que por cá se foram entretendo a dar cabo disto tudo.
Ontem foi dia de regresso ao espaço. À hora dos telejornais em Portugal, e mais de duas horas depois do previsto, por causa do vento - não é só no Estoril que o vento faz das suas -, o Falcon Heavy, assim se chama o foguetão da Space X, a empresa que o multi-milionário Elon Musk - mais conhecido por ser o homem da Tesla - criou para dar vida ao turismo espacial, disparou céu acima, a caminho da órbita de Marte, com um bonito Tesla vermelho cereja a bordo. Precisamente o do próprio Musk, um magnífico exempler do roadster da marca.
Diz-se - toda a gente diz, mesmo os entendidos da matéria, ou que por isso se fazem passar - que se trata de uma da maiores proezas ha história aero-espacial. Dizem tratar-se do mais poderoso foguetão de sempre - parece que não, que o Saturn V da NASA, usado na operação Apolo, que haveria de levar o homem à lua, estava uns furos (peso, altura e potência) acima - capaz de levar tudo e mais alguma coisa para o espaço, e dizem que é o início de uma nova era espacial, que nos levará de regresso à Lua e finalmente a Marte, onde dentro de pouco tempo muitos de nós estaremos a passar férias. Ou um fim-de-semana que seja.
A mim, que não percebo nada destas coisas do espaço, parece-me mais uma gigantesca campanha publicitária, ao som de Space Oddity, de David Bowie. Cara, muito cara, como todas as campanhas verdadeiramente gigantescas!
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