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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Tour de France 2018 - V

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O 105º Tour chegou ao fim. A festa fez-se nos Champs Elysées, e o primeiro a fazê-la foi o norueguês Alexander  Kristoff, que ganhou a etapa.

Depois fizeram-na o francês Pierre Latour, o melhor jovem, na 13ª posição da geral. O eslovaco Peter Sagan, o vencedor (já crónico) por pontos, o camisola verde e o francês Allaphilipe, vencedor da montanha. E, depois ainda, fez-se a festa do pódio.

Com Froome, no lugar mais baixo, e o último a conquistar o direito de lá estar. Os Pirinéus tinham deixado tudo resolvido, menos o terceiro lugar. Lá, tinham deixado o polaco Roglic. Mas apenas com 13 segundos de diferença para Froome, que se afiguravam curtos para o contra-relógio de ontem, que tinha a função de arrumar as contas finais.

Confirmou-se. Froome, com mais um contra-relógio espectacular - foi segundo, com 1 segundo mais que Dumoulin, o campeão do mundo da especialidade - ganhou 1 minuto e 11 segundos a Roglic (que teve também um excelente desempenho, foi oitavo) e assegurou a presença no pódio, hoje.

O contra-relógio de ontem teve a particularidade - creio que única na história do Tour - de os três primeiros serem os mesmos três do pódio. Só que com os lugares todos trocados: o holandês Dumoulin, o primeiro, foi segundo no pódio, o inglês Froome, o segundo, a 1 segundo como já se disse, foi terceiro e o galês Geraint Thomas, o terceiro, a 14 segundos, o primeiro, no lugar mais alto do pódio.

Em 31 quilómetros, os três primeiros, do contra-relógio e da classificação geral final, ficaram separados por 14 segundos. Deve querer dizer qualquer coisa sobre o que é um ciclista completo, daqueles que podem aspirar a ganhar estas grandes competições.

Por isso, as últimas linhas sobre este 105º Tour de France, vão para os que não ganharam. Para os primeiros dos últimos. Para Froome que passou por muitas adversidades e que fez o que fez depois de ter ganho o Giro. É muito difícil ganhar duas das três maiores provas mundiais na mesma época, mas Froome voltou a mostrar que é possível. E para Dumolin,  que quase fez o mesmo. Foi segundo, batido por Froome em Itália. Voltou a ser segundo em França, mas agora batendo Froome. E não tem uma equipa como a Skype, de Thomas e Froome. Se tivesse...

Tour de France 2018 - IV

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Não faltou animação na estapa raínha dos Pirinéus, mas no fim ficou a ideia que, afinal, não foi assim tão bom...

Esperava-se tudo desta etapa que partia do Santuário de Lourdes, ali num dos sopés daquele gigante montanhoso. Tudo o que para trás não tinha ficado resolvido teria de ficar hoje. E não foi bem assim: o que está resolvido, resolvido estava. Ou quase...  Porque é quase sempre assim: quando as expectativas são demasiado altas, o bom não passa de sofrível e o excelente de suficiente.

A etapa foi bem viva, e muito mexida.Toda ela! Houve espectáculo e emoção, mas... Se calhar, numa etapa destas, colocar a meta vinte quilómetros depois do sítio onde ficava melhor, não é grande ideia. O ponto alto (literalmente), o clímax, encontrava-se no topo do L´Aubisque, mas aí só estava a meta de montanha. A da etapa estava em Laruns, 20 quilómetros depois, sempre a descer. Onde só não chegaram 10 corredores juntinhos porque, na descida, um adiantou-se um bocadinho (19 segundos) e outros dois atrasaram-se (12 segundos) outro bocadinho...

Mas uma etapa que faz perder mais de 7 minutos a Quintana - o grande perdedor do dia, talvez a ressentir-se da queda de ontem - e mais do dobro a Alejandro Valverde, não pode ser uma etapa mole

Foram muitos os animadores, incluindo o rei da montanha, o francês Alphaville que, tendo andado muito tempo no grupo de frente, chegou à meta quase 20 minutos depois do polaco Roglic, o vencedor da etapa. E um dos vencedores do dia, ao subir ao terceiro lugar da geral. Mas Bardet e Mikel Landa fizeram tudo o que tinham a fazer para atacar os primeiros lugares, não ficaram a dever nada a ninguém. 

Poderá parecer que não ganharam muito com isso, mas ganharam, e muito, em respeito e admiração. O francês seria terceiro na etapa, batido ao sprint pelo camisola amarela. E fixou-se no oitavo lugar da geral, logo atrás do colombiano: sétimo, na etapa e na geral. Que salvou "a honra do convento" da Movistar, depois do descalabro de Quintana e Valverde.

Mas - the last, not the least - esta etapa confirmou um miúdo de 21 anos como o grande ciclista da próxima década. Chama-se Bernal (na imagem) - Egan Bernal -, é colombiano, integra a equipa da Sky e, apesar da idade, é o pai de Froome. Também de Thomas, mas se hoje, mesmo perdendo o terceiro lugar, Froome não caiu desamparado pela classificação abaixo, foi apenas porque o miúdo o foi lá buscar e o rebocou montanha acima, até o levar ao grupeto dos primeiros. Aí chegado, passou para a frente e foi ele a puxar para ir buscar Bardet, que seguia lá na frente, já sem Landa, e até já sem Majka. Mesmo assim, depois de fazer isso tudo, chegou à meta logo a seguir ao grupo dos primeiros dez, pouco mais de minuto e meio depois do vencedor da etapa. E isto quer dizer duas coisas: a primeira é que, da Colômbia, continuam a chegar, todos os anos, grandes corredores para a elite do ciclismo mundial; e a segunda é que, noutra equipa, em que não tivesse de trabalhar para duas figuras como os dois britânicos, era menino para ganhar o Tour. Já e de caras!

Amanhã o contra-relógio fechará as contas finais. Os dois primeiros estão encontrados, só uma calamidade impedirá o galês de chegar, domingo, de amarelo aos Champs Elysées. E o holandês Dumoulin de ser segundo. Em aberto estará ainda o último lugar do pódio: Froome terá apenas que ganhar 13 segundos a Roglic, tarefa que há bem pouco tempo parecia fácil...

Tour de France 2018 - III

Foto 68905

 

Da última vez que daqui espreitamos o Tour estavam os ciclistas nos Alpes, à beira da subida  ao Alpe d´Huez. 

Foi, como sempre é, uma etapa com história. Porque é uma etapa mítica, e ainda mais espectacular quando, como foi o caso, passa pelo Croix de Fer. Mas também porque foi recheada de incidentes, com particular e indesejável relevo no mau comportamento do público, que não só vaiou - e até, ao que dizem, cuspiu - os dois britãnicos da frente, Thomas e Froome, como provocou a queda, e o posterior abandono, de Nibali a 4 quilómetros da meta. Um dos raros ciclistas vencedor das três grandes competições - Giro, Tour e Vuelta - e, sempre, um dos principais favoritos à vitória.

Nibali ainda se recompôs e cortou a meta, perdendo apenas 13 segundos para o vencedor, Geraint Thomas, o primeiro ciclista na História do Tour a ganhar no Alpe d´Huez com a camisola amarela. Com uma vértebra partida, Nibali rumou directamente para o hospital, deixando a competição muito mais pobre.

Como já se percebeu, ganhando lá no alto, na sua segunda vitória consecutiva, Thomas reforçou nos Alpes a liderança conquistada nos Alpes. E começou a deixar perceber que, ao contrário do que garantira, não tem grandes ideias de entregar a camisola amarela ao seu colega Froome.

Seguiram-se quatro etapas, cada uma com a sua história, mas nenhuma que mudasse grandes coisas. Apenas uma - a 13ª - plana. Que Peter Sagan, também já sem adversários e também já virtual vencedor da camisola verde - basta-lhe chegar a Paris - não deixou fugir. As restantes três eram todas de montanha, de média montanha, à excepção da última, ontem, de entrada nos Pirinéus, e com uma incursão em Espanha, na única vez em que o Tour deste ano passou fronteiras.

Todas etapas com fugas - madrugadoras, numerosas e bem sucedidas. E com um protagonista - o francês Allaphilipe, que integrou todas as fugas, e que, para além de ganhar a etapa de entrada nos Pirinéus, se fartou de ganhar metas de montanha, a ponto de quase ter garantido já a camisola das bolas vermelhas. Bom ... o italiano Gianni Moscon também foi protagonista. Na etapa anterior, a 15ª, que chegou a Carcassone, armou-se em pugilista e foi mais cedo para casa, desfalcando a Sky de uma peça chave para os Pirinéus.

Hoje correu-se uma etapa inédita na História do Tour. Esta sim, a mais curta de sempre, com apenas 65 quilómetros. Mas sempre, sempre a subir. Não teve a espectacularidade que se esperaria, mas também não desiludiu. Nem fez grandes diferenças, essas ficam agora a engrossar o role das expectativas para a decisiva etapa de sexta-feira, a etapa rainha dos Pirinéus com o Col d´Aspin, o Tourmalet e o d`Aubisque.

Surgiu finalmente Nairo Quintana, que ganhou a etapa. Mas não ganhou muito com isso - valeu-lhe apenas a subida ao quinto lugar. E Thomas, terceiro, depois de Daniel Martin, reforçou a liderança arrumando, provavelmente de vez, com Froome. Que foi ainda ultrapassado por Tom Dumoulin, agora segundo da geral. 

Froome já está a mais de 2,5 minutos do seu colega de equipa, mas apenas a pouco mais de meio minuto do holandês. Mas as dificuldades que evidencia contrastam claramente com as facilidades que Tomas revela. E que, se não enganam, tornam-no no rosto do vencedor deste Tour!

 

 

 

Tour de France 2018 - II

 

Ao segundo dia, os Alpes trouxeram a normalidade de volta ao Tour. A mais curta etapa (apenas 108,5 quilómetros) desta 105ª edição do Tour, à excepção óbvia dos contra-relógios, corrida sob o olhar altivo do fantástico Mont Blanc, foi um espectáculo de ciclismo verdadeiramente fabuloso.  Os últimos 400 metros da chegada a La Rosière (Espace San Bernardo) foram de rara emoção. O espectáculo, esse, já vinha bem de trás. E chamou-se Alejandro Valverde, Dumoulin, Geraint Thomas e Chris Froome.

Dos quatro, só Valverde não fica na História. Porque nunca reza dos vencidos, e Valverde acabou a perder. E muito. Como perdeu Mikel Nieve, na frente da corrida durante muito tempo, e na frente à entrada dos últimos 300 metros, acabando batido, primeiro, por Thomas, e depois, incrivelmente, ainda por Froome e Dumoulin.

O camisola amarela, o belga Avermaet que ontem resistira surpreendentemente à primeira abordagem aos Alpes, hoje desapareceu nas profundezas da classificação geral. E o próprio Valverde, que ontem era terceiro, desapareceu do top ten

Amanhã há mais. E logo com o mítico Alpe D`Huez... Mas o que o Monte Branco testemunhou é que Thomas e Froome estão bem acima da concorrência. O tetra campeão do Tour tem a desvantagem do desgaste do Giro, que ganhou pela primeira vez. Mas tem a enorme vantagem de ter na sua equipa o seu maior concorrente. E Thomas, logo que hoje vestiu a camisola amarela, fez questão de dizer que tinha a missão de a entregar ao chefe!

 

Tour de France 2018 - I

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Começou hoje a 105ª Volta à França!

Não levem à letra. Na verdade o 105º Tour de France já começou há mais de uma semana, teve até já - ontem - a primeira das duas folgas da competição, os chamados "dias de descanso". Mas, de verdade, a sério, começou hoje com a primeira subida aos Alpes, na 10ª etapa, nos 158,5 quilómetros entre Annecy e Le Grand-Bornard. Também aqui começou apenas hoje, bem mais tarde do que é costume .

Para trás ficaram as etapas dos sprints e das quedas, que tanta vez decidem tanta coisa. E aquela etapa de Roubaix, a dos pavés, que mais parece uma carnificina... Terá tradição, terá porventura algum encanto, mas ... não faz sentido. Não faz qualquer sentido manter uma etapa daquelas, que é a mais pura lotaria do ciclismo. 

Mais uma vez as vítimas foram muitas. Entre elas, o australiano Richie Porte, um dos principais favoritos. Provavelmente o mais forte concorrente de Froome.

Nem sempre assim tem acontecido mas, desta vez, todas estas circunstâncias acabaram com a camisola amarela no dorso de  um belga mais ou menos desconhecido - Avermaet, da BMC, colega do azarado Porte. Vestiu-a à terceira etapa, o contra-relógio por equipas, que a sua equipa ganhou, e reforçou-a exactamente na etapa de domingo, no pavé que lhe levou o líder.

Era convição geral que a despiria hoje, lá no alto. Mas não foi assim. Lutou com notável bravura, entrou numa fuga logo no início da etapa, e surpreendeu toda agente. Foi quarto na etapa, ganha pelo francês Alaphilippe, e acabou com a liderança reforçada.

Nada que assuste a Sky, que acolhe e protege os dois principais favoritos: Thomas e Froome, separados por 1 minuto, respectivamente segundo e sexto.

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