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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tour 2024 de A a Z

Tour: Pogacar acredita que esta é a melhor era do ciclismo | Flashscore.pt

A - Almeida. Como A, de Agostinho. J. de João, como J, de Joaquim. Mais de 40 anos depois, numa realidade completamente diferente.  Com a idade actual de João Almeida, Agostinho ainda não tinha montado uma bicicleta de corrida. Ainda assim não lhe será fácil igualar os dois pódios do malogrado campeão no Tour. Se Agostinho encontrou o inatingível Merckx, Almeida vai ter de conviver com estratosférico Remco Evenepoel, e com os inalcançáveis Vingegaard e Pogačar, todos praticamente com a mesma idade, e ainda com quase uma década de carreira pela frente. Certo é que, com o seu quarto lugar na estreia no Tour, João Almeida escreve uma das mais brilhantes páginas da História do ciclismo nacional. 

B - Bardet. Romain Bardet chegou a ser a esperança francesa para quebrar o longo jejum que já vai em 39 anos, depois daquela que foi a quinta vitória de Bernard Hinault, em 1985. O melhor que conseguiu foi o segundo lugar em 2016, e o terceiro no ano seguinte. Despediu-se, aos 33 anos, mas deixou a sua marca neste seu último Tour: ganhou a primeira etapa, foi o primeiro camisola amarela, mesmo que por um único dia, e foi um fenómeno de carinho e popularidade durante toda a competição. Acabou na 30ª posição, a mais de 2 horas do primeiro.

C - Cavendish. Aos 39 anos - logo na quinta etapa, de Saint-Jean-de-Maurienne a Saint-Vulbas, e batendo então  Philipsen, o mais poderoso sprinter dos últimos dois anos - chegou à 35ª vitória em etapas no Tour, ultrapassando as 34 do record de Merckx, com quase meio século. Correu toda a prova sob a ameaça de chegar fora do tempo de controlo, e ser desqualificado. Chegou ao fim, ontem em Nice, no último lugar da classificação geral (141º, a quase 6,5 horas de Pogacar). Mas o último é o primeiro dos que não desistem!

Mas no "C" terá de caber também o equatoriano Carapaz, o super-combativo do Tour, vencedor da montanha e, mesmo que também por um só dia, um dos apenas três que vestiram a amarela. Mas também por ser o dorsal 111 do Tour 111!

D - David Gaudu. Aos 27 anos é outra das esperanças francesas que se foi gorando. Entrou em diversas fugas mas sempre sem resultados, acabando na 65ª posição, já a perto das 4 horas do primeiro.

E - Evenepoel. Aguardava-se com grande expectativa o primeiro Tour de Remco Evenepoel, e o embate com aquele duo estratosférico. E o belga, campeão mundial de contra-relógio, confirmou que integra o trio dos melhores ciclistas do planeta. É o mais novo deles, e foi com naturalidade que ganhou o Prémio da Juventude. A mesma com que fechou o pódio. Tentou disputar o segundo lugar mas, na hora da verdade, Vingegaard nunca lhe deixou grandes esperanças. Venceu o primeiro contra-relógio mas, no final, apenas pôde confirmar que foi mesmo o terceiro melhor. Ou o menos bom desta fabulosa tríade.

F - Formolo é o espelho da realidade actual do ciclismo italiano. Discreto. O corredor da Movistar passou pelo Tour sem que se tenha dado por ele, como os seus compatriotas. Nem Ciccone se aguentou no top ten. Longe vão os tempos das armadas italianas.

G - Girmay foi a sensação do Tour. Ganhou três etapas e a classificação por pontos, afinal a segunda mais importante. O eritreu surpreendeu o mundo do ciclismo ao tornar-se no primeiro africano negro a ganhar etapas, mas também um título no Tour. E a concorrência não era pouca. Phlipsen, que ganhou outras tantas, ganhara quatro no ano passado. E Pogacar ganhou seis. Girmay ganhou porque foi o mais regular, e só não esteve na discussão do sprint final quando foi atingido por uma queda, na 16ª etapa. Que até o poderia ter atirado para fora da competição.

H - Hindley Jai é nome grande do ciclismo e, depois do abandono de Roglic, passou a ser a figura principal da Bora, agora também Red Bull. Mas o australiano não brilhou. Ficou-se pelo 18º lugar, curiosamente entre Carapaz e Mas.

I - Ineos - resta apenas o nome. A equipa que dominou o Tour durante décadas desapareceu.

J - Jorgensen foi um dos grandes corredores deste Tour. O americano da Visma não terá sido o grande suporte de Vingegaard, mas foi-o na medida do necessário. No resto fez a sua corrida. E bem feita. No contra-relógio final consegui ainda quebrar a lógica da classificação, ao fazer quarto, o lugar que estaria reservado ao quarto - João Almeida. Fez melhor, por 10 segundos, mesmo apesar da queda que sofreu. E no fim garantiu o oitavo lugar!

K - Kwiatowski é outro dos grandes nomes do passado. Antigo campeão do mundo de estrada hoje, aos 34 anos, o polaco da Ineos é a imagem da equipa. Foi 54ª no final, a mais de três horas e meia.

L - Landa foi quem mais se aproximou do João Almeida. Bom trepador, o espanhol chegou a parecer poder ameaçar o quarto lugar. Pela qualidade que tem a subir, mas também porque nunca se viu forçado a desgastar-se em prole de Evenepoel, o seu chefe de fila. Quando na última etapa o teve que fazer, e ainda assim por pouco tempo, João Almeida tirou algum proveito. Pouco, apenas 11 segundos. Não se dava muito por ele para o contra-relógio, mas a verdade é que a grande parte em crono-escalada era-lhe favorável. Por isso acabou por fazer um excelente 7º lugar, apenas com mais 23 segundos que João Almeida.

M - Mas - Enric Mas - surgiu há uma década como a grande promessa do ciclismo espanhol. A esperança não seria tanto de um novo Indurain, mas não seria menos que um novo Contador. Nunca se confirmou, mas na verdade também nunca foi um corredor afortunado. Aos 29 anos já não transporta mais essa esperança, mas certamente que transportou sempre esse peso. Neste Tour começou a atrasar-se desde muito cedo, e só na última semana, investindo em praticamente todas as fugas na montanha, deu nas vistas. Ao contrário de Carapaz, quase sempre seu companheiro de aventura, não ganhou muito com isso. Lutou até à última gota de suor, como prometera. Foi 19º, a quase uma hora e um quarto.

N - Nils Pollit foi o verdadeiro gregário da UAE, e nessa medida fez uma corrida notável. O alemão foi um mouro de trabalho, a quem toda a equipa, mas especialmente Pogaçar, João Almeida e Adam Yates têm muito a agradecer. Foi 75º, a mais de 4 horas, mas não é isso que conta.

O - Oliveira. O português Nelson Oliveira fez a corrida possível, numa equipa - a Movistar - que também já não é o que foi. Fez um bom primeiro contra-relógio, a sua especialidade, entrou numa fuga, e pouco mais. O último já não era para ele, fez 65º, a mais de 6 minutos de Pogacar. No fim foi 51º, a mais de três horas.

P - Pogacar, claro. Não há adjectivos para qualificar o que fez nesta sua terceira vitória no Tour. Ganhou seis etapas, como fizera no Giro. Juntou o Tour ao Giro, como já não acontecia desde 1998, com o malogrado (já desapareceu há vinte anos) Marco Pantani. Ganhou a todos, em todo o lado, como e quando quis. Deu espectáculo, há quem diga que até de mais. Que não havia necessidade de tanto. Deu mais de 1 minuto no contra-relógio - que terminou a festejar e a brincar - aos dois galácticos adversários. 

Q - Quinn. Tem nome irlandês - Sean Quinn - mas é americano e é um jovem (24 anos) da Education First. De Carapaz e de Rui Costa. Que, para além de ter uma designação interessante para uma equipa de ciclismo do World Tour, foi também uma equipa que nunca se escondeu. Esteve sempre activa, sempre com corredores em fuga.

R - Rui Costa foi o terceiro português na prova. Aos 37 anos, já com os 38 à porta, o campeão nacional já não é a figura de primeiro plano do ciclismo mundial que praticamente foi durante uma década. Fez a sua corrida, entrou numa ou outra fuga, e somou mais um Tour ao seu vasto e notável currículo. Foi 68º, a 3 horas e 54 minutos.

S - Santiago Buitrago fechou o top ten. A pouco mais de 29 minutos de Pogacar, e o foi o melhor colombiano, e também o melhor da Bahrain. Trepador, como todos os compatriotas que vingam no ciclismo mundial é, aos 24 anos, mais um jovem desta fornada de grandes corredores de bicicleta. Foi, com o compatriota Tejada, uma das sensações do contra-relógio, separados por 3 segundos, no oitavo e nono lugares.

T -  Thomas - Geraint Thomas -  apesar dos seus 38 anos, terá sido uma das maiores desilusões do Tour, tal como a a sua equipa, a outrora super-poderosa Ineos. É um dos últimos vencedores, em 2018, (Bernal, da mesma equipa, vencedor no ano seguinte, é o último) da era pré Pogacar/Vingegaard e foi 42º, já a bem perto de 3 horas.

U - UAE, a grande equipa do ciclismo mundial actual. A melhor, a larga distância de todas as outras. Ganhou colectiva e individualmente, e dominou em absoluto a prova, com três corredores nos primeiros seis lugares da classificação final.

V - Vingegaard, claro. É, com Pogacar, de outro planeta. Nunca se saberá como teria sido este Tour sem aquilo que lhe aconteceu no País Basco, em Maio, quando fracturou clavícula e costelas, com uma a perfurar-lhe o pulmão. Sabe-se apenas que resistiu heroicamente a Pogacar. Mas só isso. Só pôde resistir. Ganhou-lhe uma vez, ao sprint, na meta. Na 11ª etapa, lá no alto de Le Lioran. Na altura deu para admitir que estaria à altura do rival, embora também tivesse parecido que Pogacar teria ficado enfraquecido por problemas de gestão alimentar. E de esforço. Depois ficou claro que este Pogacar era imbatível.

W -  Wout van Aert não conseguiu atingir, nem de longe, o desempenho que lhe é habitual. Poderia vir marcado por uma queda, no final de Março, na  Volta a Flandres, onde fracturou a clavícula, mas é certamente uma das principais decepções do Tour. Mais ainda pelo que fez na edição do ano passado, em que não foi só decisivo na vitória de Vingegaard, como teve ainda tempo de ganhar.

X - Não é uma letra, é mesmo uma cruz. O X que Roglic marcou no Tour. Também vítima da tal queda no País Basco, Roglic vinha à procura da vitória que lhe falta. Que há quatro anos parecia garantida quando, sem perceber como, Pogacar lha tirou. Abandonou no fim da 12ª etapa, envolvido numa queda já próxima da meta, depois de já ter sofrido outra na véspera. E provavelmente este X corta-lhe definitivamente o Tour do currículo.

Y - Yates, claro. Os manos gémeos, que correm em equipas diferentes. Simon, na pobre Jaiko. Adam, na rica UAE. São ambos excelentes corredores, e muito semelhantes. Mas em contextos diferentes. Simon foi 12º. Adam, sexto, a fechar o trio de emirates nos seis primeiros. Simon correu sem restrições e foi o primeiro da equipa. Adam trabalhou - e como trabalhou, também - para a equipa, e ainda foi sexto.

Z - Zimmermann. Não é conhecido, mas o alemão da equipa Intermarché teve um papel fundamental na fantástica vitória de Girmay. Mesmo que o eritreu deva mais ao seu "feeling" de roda certa que propriamente aos lançadores da sua equipa, Zimmermann esteve sempre lá nas primeiras ajudas. 

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