Em dia de aniversário – faz hoje 109 anos – o Benfica anuncia que o seu canal televisivo contratou os jogos de futebol da Liga Inglesa.
Luís Filipe Vieira tinha anunciado para hoje, não exactamente uma prenda, mas uma notícia relevante para o universo benfiquista. Aí está!
À partida esta será uma notícia que poderá revolucionar o paradigma do futebol em Portugal. Poderá quer dizer à Olivedesportos, sem deixar espaço a quaisquer dúvidas, que não andou a fazer bluf. Que o contrato chegou ao fim. Que acabou mesmo. Que não há renovação e que o Benfica vai mesmo para a frente com o seu futebol no seu próprio canal.
Poderá… Mas se assim for é inoportuna!
Não faço ideia se seria possível mantê-la em segredo. Não faço ideia se seria possível escondê-la da empresa de Joaquim Oliveira. O que sei é que a Olivedesportos, a partir do momento em que tenha por certo e garantido que o Benfica lhe fugiu, não mais deixará a equipa em paz. O que é certo é que, se assim for, nesta parte final do campeonato irá valer tudo!
Mas também poderá não querer dizer nada disto. E que, sendo a Liga Inglesa é um grande produto de televisão, sirva apenas para juntar ao pacote Benfica e baralhar as contas do negócio com a Olivedesportos. É que este verdadeiro patrão do futebol português tem todos os contratos indexados ao do Benfica…
Também pode servir para deixar tudo na mesma. Apenas com Joaquim Oliveira a abrir tanto os cordões à bolsa quanto obrigue Luís Filipe Vieira a aceitar. Com a devida valorização da Liga Inglesa: business as usual!
Mas se assim for é igualmente inoportuna: não se faz isto em dia de aniversário!
Esperei pela primeira intervenção portuguesa no Mundial da África do Sul para trazer aqui ao Quinta Emenda uma primeira espreitadela sobre o acontecimento que está a dominar a atenção mundial e, se não a fazer esquecer a crise, a passá-la para segundo plano.
Ao contrário do que alguns possam estar a pensar Portugal estreou-se hoje. Quando amanhã a selecção nacional se estrear em Port Elizabeth – um porto inventado logo ao virar da esquina do Cabo das Tormentas, já da Boa Esperança, por Bartolomeu Dias, o Navegador, não um daqueles navegadores que amanhã carregarão com o peso de toda uma nação que continua, como sempre, à espera que sejam onze rapazes a correr atrás de uma bola a expiar-lhe os pecados e a alimentar-lhe a ilusão – já o fará depois de outra equipa portuguesa: a equipa de arbitragem de Olegário Benquerença.
A prova já vai no seu quarto dia, o que já dá para algumas notas.
A primeira para provar como o destino é muitas das vezes cruel. Um acidente roubaria a vida à bisneta de Nelson Mandela, roubando-lhe, assim e também, a oportunidade de, apesar do seu estado de saúde, presidir à inauguração oficial do Campeonato do Mundo de Futebol, a prova máxima do futebol mundial que ele, de forma decisiva, ajudara a trazer pela primeira vez para a sua África e para a sua África do Sul. E roubando ao futebol a oportunidade de ser abençoado por um dos maiores vultos da humanidade do século XX!
A segunda nota vai, como não podia deixar de ser, para as vuvuzelas. Essa praga que se assemelha a um enorme enxame em incansável, laboriosa e frenética actividade. Um ruído insuportável que a tudo se sobrepõe, alterando por completo o habitat dos estádios de futebol: não há mais cânticos, palmas ou bruás! Todos os dias se diz que a FIFA irá proibir a sua utilização mas a verdade é que, dia após dia, ali está aquele ruído monocórdico, entediante … e que faz sono!
Como os jogos, e entraria na terceira nota, não têm sido nada de por aí além, também eles suficientemente entediantes – o que leva a questionar a forma como se disputam as fases iniciais deste tipo de provas (a “poule” torna os jogos demasiado fechados, onde o medo de perder se sobrepõe à vontade de ganhar, dando em espectáculos de qualidade nada condizente com a grandeza da competição) – aquilo dá mesmo sono.
O que é mau porque, adormecendo-se, perdem-se o que têm sido as excelentes realizações televisivas – a quarta nota. As transmissões televisivas têm sido realmente de grande qualidade e, essas sim, de grande espectáculo, mesmo quando o espectáculo não ajuda…
A quinta e última nota vai para as selecções africanas. O factor continentalidade não tem funcionado e os seus resultados não têm sido famosos, quando apenas falta entrar uma em acção: precisamente a Costa do Marfim, que amanhã defronta Portugal. Esperemos que se confirme a tendência e que se mantenha solteira a vitória do Gana, a quem já ouvi chamar a Itália africana.
Mas voltemos à estreia portuguesa (e leiriense) para assinalar o excelente desempenho da equipa de Olegário Benquerença no Camarões 0 – Japão 1. O jogo, talvez o que melhor ilustre todas as anteriores notas – espectáculo fraco e sub rendimento da equipa africana, recheada de estrelas – não foi complicado e Olegário teve o enorme mérito de não o complicar ele próprio. Belo desempenho a abrir boas perspectivas para o resto da prova: mais duas ou três nomeações, de preferência para jogos de grande impacto…
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