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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Rússia 2018#7 - Sem surpresa e sem milagres

 

Aos oitavos de final, ao primeiro mata-mata, a selecção nacional perdeu e volta para casa. Ninguém poderá dizer que ficou surpreendido. As exibições nunca convenceram mas, pior que isso, nunca se percebeu qualquer evolução no jogo da equipa.

Sabe-se que uma equipa de selecção não dispõe das mesmas condições de treino que uma equipa de clube. Que um seleccionador nacional não pode trabalhar os jogadores como um treinador de clube, falta-lhe tempo. O tempo que é necessário ao entrosamento, à introdução de automatismos, ao trabalho táctico. Por isso - e mesmo ressalvando que é por isso que os seleccionadores têm os seus núcleos duros, e que muitas vezes as convocatórias, e os próprios onzes, deixam de fora jogadores em melhor forma - é comum que o futebol das selecções evolua à medida que a competição avança, com os jogos a servirem para ir apurando a qualidade. Pois, ressalvando ainda que a equipa nacional apresentara já boa qualidade de jogo durante toda a fase de apuramento, e mesmo nos jogos de preparação, o futebol da selecção não evoluira com os jogos. Regredira mesmo.

Dir-se-á que foi azar. Que hoje, ao quarto jogo, a selecção fez a sua melhor exibição. 

Sem que se possa negar que este foi o menos mau dos quatro jogos efectuados, não se pode dizer que tenha sido uma boa exibição, construída a partir de uma razoável execução de um plano de jogo consistente e coerente. Apenas aconteceu que, perante uma equipa  como esta do Uruguai, e entrando a perder, a selecção portuguesa teve a bola que adversário lhe quis entregar e, com ela, assegurou uma superioridade que nunca conseguira nos três jogos anteriores.

O Uruguai é uma equipa que só sabe defender e marcar golos. Não sabe fazer mais nada. Ora isto seria grave, muito grave mesmo, se por acaso não fosse essa a essência do jogo: marcar golos e evitar sofrê-los. Não sendo grave, antes pelo contrário, como se percebe, também não é condição suficiente para fazer dela uma grande equipa. Nem nada que se pareça.

Tem uma das melhores duplas de centrais do mundo, e uma das melhores duplas de avançados, mesmo que um deles seja tão bom quanto batoteiro, ordinário. Chegando ao golo logo aos 6 minutos, numa estupenda jogada entre os seus dois avançados, tão boa que não merecia que o golo tivesse sido um chouriço daqueles, merecia mesmo um golo de cabeça a sério, como o Cavani imitou mas não fez, o Uruguai ficou com os seus problemas resolvidos. Bastava-lhe defender e ameaçar com aqueles dois lá à frente.

E de repente os jogadores portugueses viam-se com a bola mas sem saber o que fazer com ela. Não estão habituados a isso, e durante toda a primeira parte mais não fizeram que, ou trocá-la para o lado e para trás, ou tentar furar com ela em iniciativas individuais completamente desgarradas. Sem fazer mal a ninguém, sem um plano, sem uma estratégia, sem ligação, como se tivessem encontrado para uma peladinha.

Na segunda parte as coisas melhoraram, e a equipa nacional começou finalmente a cheirar o golo. De tal forma que quando Pepe marcou - foi o primeiro golo sofrido pelo Uruguai não só na competição, mas em todo o ano civil - já o golo se anunciava. Acreditou-se durante alguns minutos que o mais difícl estava feito, e que a remontada estava ali á mão.

Só que... o que Pepe deu, Pepe levou. Pouco mais de 5 minutos depois Pepe falhou um corte e a bola acabou em Cavani para, exactamente ao contrário do primeiro, do nada, de um pontapé do seu gurada-redes, fazer um grande golo e a repôr as coordenadas do jogo. Estava encontrado o homem do jogo, mesmo que a infelicidade lhe viesse a bater à porta poucos minutos depois, com uma lesão que o deverá afastar do resto da prova, que provalmente acontecerá já no próximo jogo, nos quarto de final, com a França.

A selecção de Portugal sai da Rússia sem glória nem honra. Não merecia chegar aos quartos de final, porque não está no lote das oito melhores equipas que por lá  passaram. Mas a verdade é que o Uruguai também não, e lá continua. 

A selecção que vimos ganhar categoricamente à Suíça na Luz, há uns meses atrás, ou até a que, há pouco mais de um mês, jogou em Bruxelas com a Bélgica, teria certamente  lugar entre as 4 melhores na Rússia. Esta não. Falhou sempre!

Quando nem Cristiano Ronaldo - que salta fora do campeonato do mundo no mesmo dia que Messi - se salvou, e quando, invarivalmente, todos substitutos, mesmo os mais reclamados, acabaram sempre por fazer ainda pior que os substituídos, há qualquer coisa que não se percebe... E os milagres estão pela hora da morte!

 

 

Brasil 2014 XIX - Oitavos com vista para os quartos

Por Eduardo Louro

 

 

Arrancaram os oitavos de final do Mundial. Por hoje só com equipas sul-americanas, a provar a superioridade deste lado do mundo nesta competição.

E arrancaram logo com o Brasil e o Chile, a darem o mote para o que pode ser o que aí vem, com prolongamentos e penaltis. Grande jogo, de emoções fortes!

Como aqui se previra o Chile não foi pêra doce, e o Brasil esteve em sério risco de ser eliminado. Foi salvo pelos ferros de uma das balizas, onde ao minuto 120 o Pinilla – que aqui hás uns anos por aqui chamavam de Pinigol, que até rima com Pongolle – acertou e onde acabaria por bater a bola batida pelo Jara, no último penalti chileno.

O escândalo que seria o afastamento do Brasil logo ao primeiro mata-mata - terminologia de Scolari, ou como pela boca mporre o peixe - esteve prestes a rebentar. Porque o Brasil ainda não tinha convencido, e continua sem convencer. É assim desde que a selecção brasileira substituiu o futebol artístico que lhe corre nas veias pelo futebol industrial que impera pelo mundo fora. É que assim as vantagens comparativas do Brasil esbatem-se: ter muitos melhores jogadores é apenas uma vantagem que se perde no meio de tanta outra coisa.

Às vezes resolvem alguns problemas, mas não resolvem sempre todos os problemas, como hoje se viu com Neymar. Que não se viu!

O arranque da segunda parte do prolongamento, quando restavam apenas 15 minutos para o Brasil garantir o apuramento, constitui a melhor imagem do que é a negação do futebol brasileiro que a selecção de Scolari pratica. O Brasil teve a bola de saída, e foi assim: bola ao centro, atraso directo para o guarda-redes, chutão para a frente e… bola para o adversário.

É este o futebol que o Brasil tem para apresentar, e é com ele que acha que vai ser campeão. Por isso o Chile teve mais bola, jogou melhor futebol e não mereceria ter perdido.

O Brasil não tem – e não é de agora, já assim é há uns anos – pontas de lança. Tem muitos jogadores do melhor que há para todas as posições, mas não tem para essa. A exemplo de Paulo Bento, Scolari, em vez de trabalhar um sistema de jogo que conviva com essa realidade, procurando soluções que, face à excepcional qualidade de tantos jogadores, transformem essa ameaça numa oportunidade, insiste na aposta em jogadores que a ocupem. Mas só isso, apenas ocupam lá um lugar…

No outro jogo encontraram-se um Uruguai desfalcado e uma Colômbia moralizada e certamente convicta que é uma das melhores equipas deste mundial.

A grande baixa dos uruguaios é Luiz Suarez, o génio cujo mau génio a FIFA castigou severamente. Com demasiada severidade, parece sempre que tem mão muito mais pesada para aspectos comportamentais digamos que bizarros, do que para a violência de que tantos e tantos jogadores usam e abusam. Não se sabe se, com ele, o Uruguai teria alguma hipótese perante esta fantástica Colômbia. Sabe-se que o Uruguai só com ele ganhou e que, como aqui referi aquando do jogo inaugural com a Costa Rica, uma selecção que ainda precisa de Forlan dificilmente pode ganhar o que quer que seja.

Por isso é com toda a naturalidade que a Colômbia, de James e de Quadrado, segue para os quartos de final, para aí, se tudo se mantiver, deixar o Brasil em estado de choque. Voltou a apresentar do melhor futebol que por lá se vai vendo, e James voltou a mostrar por que é já uma das maiores figuras deste mundial. E voltou a marcar, são dele os dois golos do jogo, e o primeiro é simplesmente sensacional. É já o melhor marcador, com cinco golos. Dois deles entre os quatro melhores da prova!

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