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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Angústias de um benfiquista

Por Eduardo Louro

 

Estamos, incrédulos e sem uma palavra da SAD do Benfica ou de Luís Filipe Vieira (LFV), a assistir ao desmantelamento do plantel campeão. Quando acreditávamos que desta é que era, desta é que chagaríamos a bicampeões, que desta vez é que cortaríamos com um ciclo a que não mais víamos fim, começamos a ver contornos de um passado que nos transporta vinte anos para trás, a Manuel Damásio.

Todos sabemos que o futebol em Portugal não é um negócio autofinanciável por resultados correntes de exploração. Acresce que clubes e SAD`s acumularam passivos que deixaram de ser toleráveis. O Benfica, por maior que seja e mais potencial que tenha, não consegue fugir a essa realidade e tem, por isso, que vender jogadores. Nenhuma dúvida a esse respeito!

O problema é outro. O problema é que uma coisa é vender jogadores para realizar o montante identificado como necessário para cobrir esses objectivos, e outra é vender em série, tipo saldo, e sem qualquer critério objectivo.

Com um determinado objectivo de encaixe – falava-se que o Benfica teria de realizar 80 milhões – o normal seria começar por identificar os activos (jogadores) que o permitissem atingir e, tendo evidentemente em conta os movimentos de procura percepcionados no mercado, desencadear os mecanismos de venda. Outras vendas, noutras circunstâncias, apenas se batidas às respectivas cláusulas de rescisão.

O que se está a passar no Benfica não é nada disto. Está a vender-se tudo, sem critério – pelo menos compreensível – e sem transparência. Sem critério porque tudo serve para vender e sempre bem longe das cláusulas estabelecidas. E sem transparência desde logo porque não há critério, mas também porque sem informação. Ou, pior, com desinformação organizada, como foi evidente nos casos de Rodrigo, André Gomes, Markovic, Garay e Oblak.

Uma desinformação organizada que começou logo que acabou a época quando, sem mais nem menos, completamente a despropósito, LFV começou a anunciar que não queria jogadores contrariados no Benfica. Mas que atinge verdadeiramente o ridículo no caso de Oblak, que começa por ser dado por refractário, para logo de seguida ser visto em Madrid, já em exames médicos. Só que muitos dias antes de lá ter chegado, como se viria a saber. E acaba, depois com a confirmação da venda, com a entrevista que elogia o presidente, e os seus invariáveis esforços para que não saísse.

Se a situação de Garay é um insulto à inteligência dos benfiquistas, a de Oblak é uma afronta directa. Não é sequer necessário puxar muito atrás para recordar como tudo terá começado, há um ano, com Jorge Jesus a dizer que não ainda tinha condições para jogar no Benfica. Nem para perguntar por que é que, tendo no final desta época sido anunciada a revisão salarial para o dobro, a cláusula de rescisão foi mantida. Nem para pedir que expliquem bem por que, a exemplo de todas as outras, a cláusula de rescisão de repente passa de 20 para 16 milhões…

Basta lembrarmo-nos dos anteriores negociatas com o Atlético de Madrid. De Simão, Reyes, Pizzi e claro, Roberto. E perguntar por que é que, numa compra tão hostil quanto LFV quis fazer crer, e quando, de acordo com o contrato, em caso de incumprimento a cláusula teria de ser paga pelo jogador, o Benfica cedeu em toda a linha negociando com o clube espanhol e poupando-lhe problemas e muitos milhões de euros. Porque, claro, apertar com Oblak, era coisa que estava fora de causa a partir do momento em que o presidente do Benfica fez saber, alto e bom som, que não queria jogadores contrariados.

Pode especular-se que muito disto terá a ver com o que se passa no BES. Mas não faz sentido. Ou, o que fizer sentido, não faz sentido… Simplesmente porque não está em causa o cumprimento dos contratos de financiamento que o Benfica tenha com o banco. E se o que estiver em causa – e eventualmente fizer sentido – for o fundo de jogadores (do banco ou do GES?) então não faz sentido nenhum. É simplesmente um negócio do banco, eventualmente sem rentabilidade, mas da sua exclusiva responsabilidade. Não faz sentido nenhum que o Benfica ande a vender jogadores ao desbarato para ir adquirir ao banco (ou ao grupo, seja lá a quem for) as pequenas percentagens dos passes – que constituem o fundo – de jogadores com que conta no seu plantel.

Como isso não faz sentido, se vier a confirmar-se, é prova provada de que não são os interesses do Benfica os prioritários nesta estória. Provado está já que os sócios e os adeptos só contam para fazer número. E pagar quotas. E bilhetes. E Benfica TV...

Não dá para entender

Por Eduardo Louro

 

Acabado de chegar ao primeiro lugar, isolado no topo da classificação quando o campeonato dá a volta, o Benfica abre mão do seu mais influente jogador, considerado pela crítica o melhor jogador do último campeonato onde, entre outros, pontificavam valores como Moutinho, James, Jackson, Gaitan, Cardozo, Enzo Perez… E, diz-se – o que vale o que vale (que expressão irritante!), porque o que no Benfica nunca falta, com o mercado aberto ou fechado, tanto faz, é notícias de jogadores a chegar e a partir - na calha de saída estarão ainda Rodrigo, Garay e até Gaitan…

Não dá para entender!

Não dá para entender que, depois de um início de época traumatizante, mesmo miserável, quando a equipa atinge estabilidade emocional e competitiva, e chega ao primeiro lugar, de que durante tanto tempo esteve distante, se deite tudo abaixo. Não dá para entender que, quando se entra numa fase decisiva de um campeonato que não pode deixar de ser ganho, quando a equipa acaba de dar um golpe profundo nas aspirações do seu principal rival, deixando-o estendido no tapete, em vez de forçar o KO lhe vá entregar de bandeja os espinafres do Popey.

Não dá para entender que o melhor e o mais influente jogador da equipa seja vendido por metade da cláusula de rescisão. Embora se perceba que, quando o presidente do Benfica anuncia que precisa de vender, está exactamente a expor-se a isso mesmo: a vender em saldos. E então não daria para entender que um negociante experimentado e de sucesso, como é o presidente do Benfica, desse tal tiro no pé, que se expusesse da forma que o fez. Embora se perceba que o tenha feito para defender a pele. Quando LFV anunciou que teria de vender não ignorava que isso fragilizava a posição negocial do Benfica, simplesmente falou mais alto a necessidade de se proteger a si próprio!

E aqui está o grande problema do Benfica. Um problema de liderança, que não é de facto o ponto forte de LFV: um líder forte e consistente, sem flancos desprotegidos ou sem telhas de vidro, toma as decisões que tem de tomar, pondo as convicções em primeiro lugar, nunca outras preocupações. Se o Benfica tinha de vender jogadores para responder às suas responsabilidades financeiras, a LFV competia optimizar esses negócios, mesmo que em contra-mão com a popularidade. Só que, para isso, não poderia ter dito que não vendera no mercado do Verão para construir uma equipa capaz de ganhar tudo, e de sonhar com a final da Champions na Luz, quando era claro que, simplesmente, do mercado não chegara qualquer proposta minimamente aceitável para qualquer jogador.  

Como não pode dizer que a necessidade de vender decorre do afastamento do Champions que, mesmo desconhecendo o que representaria no budget para esta época, não poderá representar um prejuízo superior a 7 ou 8 milhões de euros. Que, como toda a gente percebe, nada têm a ver com, sequer, a venda de Matic.

É por tudo isto não dar para entender que dá para entender que todos os jornais façam hoje eco da mágoa de Vieria com Matic… Mesmo que, mais uma vez, não dê para entender que recorra à pressão do sérvio para justificar a sua venda. Nesta altura, por metade do valor da cláusula de rescisão contratualizada, pondo em risco a conquista do campeonato e correndo o risco de oferecer mais um tetra ao Porto. Pela primeira vez um tetra todo ele oferecido por LFV, laçarotes incluídos!

Futebolês #36 Pré-época

Por Eduardo Louro

   

 

Tal como há a época balnear, agora no auge, a época de saldos - que já não safa ninguém da crise –, a época tauromáquica - mesmo na Catalunha onde a época é, mais do que nunca, de contestação a tudo o que possa cheirar a hispânico -, ou a época da caça, que apesar de também já contestada lá vai sobrevivendo, também há a época do futebol.

O que nenhuma das outras tem é a pré-época. Têm defeso, mas não pré-época!

A época do futebol, a mais longa de todas, vai de Agosto e Maio. A pré-época é assim como que um período antes da ordem do dia, que se espalha pelo mês de Julho, mesmo nos anos em que há fases finais de europeus ou mundiais. Ano sim, ano não!

 A pré-época consegue ainda ser mais animada que a própria época. Só encontro paralelo na maternidade: quando ser pré-mamã é muito mais animado que ser mamã. Calma, falo apenas de animação!

São as contratações dos grandes craques todos os dias nas primeiras páginas dos jornais que, evidentemente, precisam de vender e sabem muito bem como é que isso se faz. São as vendas das nossas jóias da coroa, bem seguras pelas famosas cláusulas de rescisão que entraram na moda em tempo de vacas gordas mas que não servem para nada quando as vacas são magras.

Alguns ainda tentam uns artifícios para aproximar o preço de venda ao da cláusula de rescisão, mas nem assim.

O Sporting, que nunca deixara sair Veloso e João Moutinho, agarrado a cláusulas de rescisão de gente grande, acabou por deixá-los passar do prazo de validade. Um apodreceu mesmo, ao que se disse! O Porto está agora a repetir em dose dupla a experiência de Quaresma de há dois anos. O Benfica lá deixou ir o Di Maria por valores bem abaixo da dita, a lembrar também a saída da última jóia – o Simão! O Ramires não tinha cláusula de rescisão, aí nem foi necessário invocá-la. Como metade do passe já tinha sido vendido a uns tipos cujo negócio é números, tinha que se lhes fazer a vontade. Sob pena de, na próxima curva de aflição, não haver ninguém disposto a antecipar uns cobres

A pré-época do Benfica fica, no entanto, indiscutivelmente marcada pela polémica em torno do novo guarda-redes – Roberto – que o futebolêsaqui abordou. Não se fala mais nisso, pronto. Até porque uns tipos lá na Sport TV, a pensar que ninguém os ouvia, também resolveram brincar com isso e o Benfica não gostou. E a Benfica TV ainda menos!

Mas também fica marcada pela necessidade de alterar a matriz táctica e a estratégia de jogo. Porque o Di Maria lá foi, a tempo e horas, para o Real Madrid de Mourinho e o Ramires já está, a esta hora, em Londres. No Chelsea de Abramovich. Foram-se os jogadores das alas. Claro que ainda por cá está o Fábio Coentrão, que corre o risco de, depois da revelação da época passada a lateral esquerdo, se transformar na revelação desta época na ala esquerda. E fica ainda marcada pelo ponto final na discussão de Cardoso: sem ele não há golos. Com ele parece que marcar golos é mesmo a coisa mais fácil do futebol. Sem ele é a mais difícil!

A pré-época do FCP fica marcada pela contratação da maçã podre e pela pose dos seus números 2 e 3 junto da caixa registadora. Pose abandonada agora pelo capitão Bruno Alves, rumo á longínqua Rússia. Para o Raul Meireles é que não há fumo branco!  

Também por mais um roubo ao Benfica – o miúdo colombiano, James Rodriguez. Mas há ainda quem ache que fica marcada pela contratação de mais um novo craque, um brasileiro de 20 anos, Walter de seu nome. Que permaneceu umas largas semanas no Porto sem assinar nem dar sinais de vida. Eu não acho: é que, como o moço é analfabeto – veio do Brasil sem saber ler nem escrever – apenas esteve a aproveitar as novas oportunidades e a aprender a escrever o nome, para então poder assinar o contrato.

Mas a marcar mesmo a pré-época portista ficará seguramente a saída do Vítor Baía! Veremos!

A pré-época Sporting fica antes de mais marcada pelo sucesso das vendas de Moutinho e Veloso, dois objectivos perseguidos há alguns anos. Um sucesso que começou a ser preparado logo no arranque da pré-época quando a nova equipa técnica, sob a batuta firme do director desportivo, atacou o problema que bloqueava toda a máquina do futebol leonino: a questão do capitão de equipa!

Mas seria injusto se não referenciasse como a principal marca da pré-época do Sporting a preparação não de um, não de dois, mas de três sistemas de jogo alternativos. É isso mesmo. O Paulo Sérgio conseguiu implementar três sistemas tácticos na equipa. O adversário nunca saberá o que vai encontrar. Os treinadores adversários não farão outra coisa que não seja correr atrás da táctica do Sporting, sempre em mudança. Quando, no primeiro Benfica-Sporting, virem o Jorge Jesus andar a correr ao longo da linha lateral já sabem: anda a correr atrás da táctica do Paulo Sérgio!

O problema é que em Alvalade parece que não dão assim tanto valor à paleta de tácticas. Ainda vamos na pré-época e não há quem os convença a parar com os assobios. Quando chegar ao Natal...

Mas eu não acompanhei apenas a pré-época em Portugal. Também dei um saltinho a França! E gostei mesmo da pré-época do Paris Saint Germain, o PSG do nosso Pauleta! Confesso que gostei do que fizeram…

E, já agora, repare-se nos mercados dos três grandes: o Benfica vendeu para o Real Madrid e para o Chelsea. O Sporting, para o Porto e para o Génova. E o FCP para o Zénit, da antiga cidade de Lenine. É sintomático! Apenas o glorioso tem acesso ao primeiro mercado!

E pronto, a pré-época chegou ao fim – aí está, com a supertaça, a nova época 2010/2011. Já amanhã. Eu gostaria que começasse bem. Pelo menos sem pedras! E sem isqueiros! E sem vidros partidos...

 

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