E...tanto automóvel novo!
Por Eduardo Louro
Há dois sectores da actividade económica que se não podem queixar de 2010, esse ano maravilha que todos temos fresquinho: o exportador, com um crescimento a dois dígitos, e a venda de automóveis. Vá lá, nem tudo foi mau nem foi mau para todos!
O crescimento das exportações não só empurrou com a barriga a recessão económica como ainda permitiu ao governo dizer sem se rir que a economia cresceria neste ano em que, quando levarmos a mão ao bolso para comprar o que quer que seja, percebemos invariavelmente que o governo foi lá antes.
As vendas de automóveis cresceram, no ano de todos os PEC`s, hora H da crise e da depressão social, perto de 40% – 38,8% segundo o JN.
Paradoxal?
Não, apenas uma particularidade bem portuguesa: uma maneira bem portuguesa de enfrentar as dificuldades. Os gurus dos novos tempos não se cansam de apregoar as oportunidades que a crise apenas esconde e de, na pele de vendedores da banha da cobra armados em especialistas de auto-ajuda, mobilizar o pessoal para dar a volta e transformar as ameaças em oportunidades.
Eis a demonstração inequívoca de que os portugueses aprendem depressa. E de que são próactivos como poucos!
A crise, no seu esplendor, aumenta o IVA, o imposto sobre veículos (ISV) e o imposto único de circulação (IUC). E extingue o programa de incentivos ao abate de veículos em fim de vida.
Pronto, aí estava a ameaça. Bora lá à oportunidade: comprar automóveis – já e como se não houvesse amanhã!