... O "Público" "diz" hoje que o ministro Vieira da Silva guardou na gaveta o relatório da auditoria à Santa Casa da Mersericórdia de Lisboa, particularmente negativo para a gestão de Santana Lopes.
Segundo o jornal, o relatório apresentava uma longa lista de irregularidades e denunciava pressões e condicionamento do trabalho dos auditores. De tal forma que o ministro achou que não seria muito conveniente homologá-lo - note-se bem, homologá-lo não é divugá-lo - antes das eleições internas do PSD.
Bloco central é isto, não é outra coisa. A outra coisa? Só por cima do cadáver de todos os Santana Lopes!
E o regime é isto, para que fique bem entendido...
Parecia ser grande a expectativa à volta da audiência parlamentar de ontem. Mas não deu em nada...
O ministro Vieira da Silva não acrescentou coisa nenhuma: não sabia nada, não beneficiou nada, nem foi em nada beneficiado. E tem a consciência tranquíla, como já se sabia... Já a oposição acrescentou bastante: acrescentou dois deputados que ninguém conhecia, mesmo que um traga nome bem conhecido.
E foi isso. Nada mais que isso. O ministro não viu nada, como em tantas outras vezes. E o PSD e o CDS não tinham ninguém que não tivesse nada a ver com aquilo. E por causa dos rabos de palha lá ficamos a conhecer o deputado António Carlos Monteiro, do CDS. E a saber que Marques Mendes já tem a dinastia assegurada.
Porque a porta giratória do regime não pára, nem para entradas e saídas. Está sempre em movimento!
Também a Fitch, mesmo no finalzinho da semana, retirou Portugal do lixo, saltando directamente dois degraus na escada da classificação de rating. Foi provavelmente a última grande notícia do ano, o tal que Costa designou de "saboroso", gerando mais uma onda de indignação e obrigando-o a voltar a falar de contexto. Ou de fora dele...
Não deixa de ser extraordinário que um governo tido por politicamente forte - é essa a marca de António Costa - e economicamente vulnerável, sobreviva hoje politicamente à custa do seu desempenho económico. Não deixa de ser extraordinário que, contra todas as expectativas, o governo tenha ganho na economia o que lhe permite cobrir tudo o que perde na política, onde não param de se suceder situações embaraçosas. Como a que hoje leva o peso-pesado Vieira da Silva ao Parlamento!
Nem deixa de ser extraordinário que seja Máro Centeno, que ninguém quis levar a sério e que toda a gente escolheu para bombo da festa, o abono de família do governo do súper António Costa!
Até parece que não temos estado em campanha eleitoral – em boa verdade em Portugal está-se permanentemente em campanha eleitoral – com debates televisivos e tudo. Fiz um esforço para entender o que é que muda com a abertura oficial e, depois de passar em revista debates, comícios, arruadas, piqueniques, mercados e feiras, encontrei na campanha oficial uma única coisa nova: os tempos de antena! Essa coisa a que ninguém liga, que ninguém ouve nem vê, que vive como parasita da campanha oficial, que não serve para nada mas que custa uma pipa de massa!
Ora aí está o único valor acrescentado da campanha eleitoral oficial: uma coisa que não serve para nada mas custa dinheiro, e muito!
Estava eu, empurrado por aquele meu esforço para perceber estas coisas, mergulhado na desilusão deste resultado quando, de repente, descobri que, afinal, algo de novo nascia com a campanha oficial: os outdoors do PS!
Isso mesmo, os outdoors que o PS tinha prometido não usar nesta campanha e que representam uma das maiores fatias deestes orçamentos! Isto sim, isto é que é campanha eleitoral a sério! Se toda a gente diz que as campanhas eleitorais servem para prometer o que se não vai fazer, o PS mostra que não, que também servem precisamente para o inverso: fazer o que prometeu não fazer!
Estava todo este meu processo reflexivo a correr tão bem quando, de repente, alguém vem estragar tudo. Tinha de ser!
Vejam bem: um – um único – outdoor por círculo eleitoral! E valia pena quebrar uma promessa, que era bem mais que uma promessa eleitoral – essas esquecem-se facilmente porque há 4 anos para as cumprir - era uma promessa de campanha, escrutinável em apenas duas semanas?
Eu acho que não. Que não havia necessidade, tanto mais que os outdoors são para o PS como a boca para o peixe: olhem para aquele, lá em cima, dos 150 mil empregos!
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.