Um vintém é um vintém...
Por Eduardo Louro
Ontem escrevi aqui sobre aquilo a que chamei efeitos colaterais da morte de Eusébio, a propósito das desastradas declarações de Mário Soares. Que parecem ter dado o mote para a sucessão de disparates – que só não são tiros no pé porque nesta nossa miserável classe política já ninguém tem pé - que se viram e ouviram durante o dia de ontem.
A começar de novo por Mário Soares, que logo no dia seguinte – depois de casa roubada trancas na porta – se apressou a emendar o soneto na sua coluna no DN, dedicando em exclusivo a sua crónica a Eusébio, que rapidamente passou “a um patriota excepcional que fez tanto por Portugal e por Moçambique”.
À questão do Panteão Nacional ninguém resistiu. Logo que surgiu a ideia de que o destino dos restos mortais de Eusébio não podia ser outro que não aquele, foi um ver se te avias… Todos os líderes partidários desataram a correr para ver quem era primeiro a agarrar a ideia e a levá-la à Assembleia da República. Devem ter chegado todos ao mesmo tempo…
Assunção Esteves, a Presidente da Assembleia da República, achou que era ali, na hora, em pleno velório, que deveria pronunciar-se sobre o tema que tanto entusiasmara os seus deputados, pondo alguma água na fervura. Só que, não se sabe se simplesmente em maré de azar, ou se por manifestas dificuldades próprias da sua já longa condição de reformada, não teve mão na água e aquilo saiu pior que as ondas gigantes que então assolavam a costa portuguesa. Foi o despropósito total, não podia ter sido pior. Falou do que não devia e do que não sabia, e as centenas de milhares de euros, não eram afinal mais que escassas cinco dezenas, como o seu próprio gabinete teve de vir esclarecer. As parcerias que preconizou, e o apelo ao mecenato, só econtram paralelo no seu discurso do inconseguimento!
Nem Sócrates fugiu a mais um tesourinho deprimente, contando que o seu momento Eusébio acontecera a caminho da escola (onde fizeram uma festa), enquanto decorria o mítico Portugal - Coreia do Norte, no Mundial de 66, em Inglaterra. Que aconteceu às 15 horas de sábado, 23 de Julho de 1966, em plenas férias grandes escolares…
Adapatando de Manuel Machado: Um vintém é um vintém e um mentiroso é um mentiroso. Os cretinos é que são muitos!