O Presidente Marcelo vai encontrar-se amanhã com Trump, na Casa Branca. Diz-se que não haverá selfie, nem sequer conferência de imprensa conjunta, daquelas que nunca se sabe muito bem como vão acabar. É uma "visita de trabalho", não é uma visita de Estado. Não dá por isso para grandes exuberâncias e Macron, a quem não faltaram os gestos mais expressivos - deu até para limpar a caspa do casaco - não ficou assim tão bem na fotografia...
Cá para mim, Marcelo apenas quer acrescentar mais um cromo à sua caderneta: faltava-lhe lá o cromo do Trump, e teria que tapar aquele espaço em branco fosse lá como fosse. Não queria continuar com o quadradinho em branco, mesmo sabendo bem que Trump não é por estes dias o cromo mais procurado. Deve haver para troca...
Sócrates foi visitar os amigos que deixou na prisão, em Évora. E os guardas, que tão bem o trataram quando por lá esteve: uma obrigação moral, disse ele. Nada de jogadas...
Suponhamos que sim, que Sócrates não resiste a obrigações morais, que é movido por um inabalável apelo interior ao cumprimento do dever e por uma conduta moral acima de qualquer suspeita. Eu sei que é difícil, mas façamos esse esforço.
Já está?
Então por que é que tem de haver sempre jornais e televisões à volta? Por que raio não consegue reservar-se no cumprimento das suas obrigações morais? Por que diabo não consegue manter estes seus tão nobres sentimentos na restrita esfera da sua privacidade?
É simples, a resposta: para que esta fotografia pudesse existir e correr mundo. A imagem que faltava - a sair da prisão, pelo seu próprio pé, altivo, a deixar aqueles portões para trás - que nada tem a ver com a sua saída verdadeira saída, num carro celular a caminho da prisão domiciliária. A imagem que, para Sócrates, não tem preço. Pela qual estaria disposto a pagar o que fosse... Conseguiu-a de borla!
Não sei se Sócrates está convencido que somos todos parvos. Se calhar, está... E lá terá as suas razões... Mas já não há paciência para estes jogos!