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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Falsa revolução

Hoje a Luz encheu-se para assistir a dois jogos. Fala-se, em futebolês, de um jogo com duas partes distintas, mas o que se viu foi dois jogos. No primeiro, numa grande exibição do Benfica, que teve tudo o que lhe vem há muito faltando, os perto de 60 mil nas bancadas vibraram com o espectáculo a que assistiam, e com os 5-0 no resultado. No segundo, grande parte deles regressou aos assobios. Pela exibição, e pelo 1-1 no resultado.

Quem, sentado na seu lugar, e sem saber de mais nada do que rodeia o jogo - como tantas vezes me acontece - ao ouvir anunciar a constituição da equipa julgaria estar perante uma revolução. Admitiria que Shmidt revolucionara a equipa. Relativamente ao último jogo, na quinta-feira passada, mudou tudo. No quarteto defensivo apenas manteve Otamendi. No meio campo, apenas João Neves. E, no ataque, apenas Rafa.  

E na verdade, mesmo que pouco inspirado, e inspirador, no primeiro quarto de hora, o jogo confirmaria que se estava perante uma revolução do futebol do Benfica. João Mário assumiu o papel que o futebol lhe destinou, no meio, ao lado de João Neves, entregando a Tiago Gouveia o papel que, equivocadamente, Schmidt lhe tem atribuído. Neres ficou com o de Di Maria, e Tengstedt com o de ... sabe-se lá quem, tantas têm sido as alterações nessa posição 9. 

O Benfica pressionava alto, asfixiava o adversário, jogava com velocidade, chegava à linha de fundo  ... Jogava e marcava, com alto índice de concretização. Cinco golos - dois de Neres, um de Otamendi, Tiago Gouveia e Rafa. Ainda não se tinha visto nada disto nesta época, e já só se pensava que, a continuar assim, o resultado acabaria em qualquer coisa muito parecida com aquele 10-0 ao Nacional, de há cinco anos, acabados de fazer.

Conhecendo as circunstâncias, com Kokçu e Florentino impedidos de jogar por suspensão disciplinar, António Silva de luto por morte de um familiar, Alvaro Carreras, substituído pelo Morato no último jogo, com o Toulouse, ainda incapaz de convencer, e Di Maria e Aursnes sobrecarregados de jogos, começava a duvidar-se dos ideais revolucionários de Schmidt. Afinal o acto revolucionário do treinador não passaria de simples gestão das circunstâncias, e a revolução do futebol do Benfica não passava de uma "revolta" dos jogadores menos utilizados, conscientes que estavam obrigados a "mostrar serviço".

A segunda parte - o segundo jogo -  confirmou isso mesmo, que afinal não havia revolução nenhuma. Começou com o golo do Vizela, numa distracção de Trubin que, chutando a bola contra as costas de um adversário, a fez ressaltar para o goleador da equipa - Essende - a rematar (primeiro remate da equipa) para uma primeira defesa e marcar na recarga. Foi o primeiro sinal de que a desconcentração se voltava a instalar na equipa. 

Trubin ainda se redimiu, ao defender, a meio da segunda parte, um penálti cometido pela desconcentração - e aselhice - de Morato. Mas a equipa foi regressando ao passado. Os menos utilizados foram quebrando fisicamente; os mais utilizados foram regressando à equipa. Di Maria entrou logo ao intervalo, ficando Rafa nos balneários. Aursnes vinte minutos depois, para sair João Neves. E Marcos Leonardo dez minutos mais tarde, para jogar o último quarto de hora e ... marcar. O sexto, obra de Neres - o melhor em campo -, já perto do fim, mas ainda com pernas para correr o campo todo com a bola, passar por todos os adversários e oferecer, com alguma sorte no último ressalto, o golo ao compatriota. Os restantes, Alvaro Carreras e Rollheiser, como habitual, já só depois disto tudo. 

No fim, o 6-1 que fica como o melhor resultado da época, acaba aquém do prometido naquela grande primeira parte. Da revolução, sobra apenas "a revolta" de Neres, a deixar dito que conta. E que não faz de conta. Como Rafa conta: percebe-se que, com 5-.0, tenha sido poupado. Como se percebe a falta que faz!

O desconforto de Vizela

Ainda não foi desta que o Benfica teve um jogo tranquilo em Vizela, nem de lá sair com um resultado confortável.

O início do jogo prometia outra história para este jogo dos quartos de final da Taça, mas essas promessas acabaram por não ser cumpridas. Entrando muito bem no jogo, encostando o Vizela à sua área, o Benfica cedo começou a criar sucessivas oportunidades para marcar. Quatro, logo nos primeiros dez minutos, a que se juntou um penálti por assinalar por falta claríssima (para todos, menos para os senhores da Sport TV, como é costume) do guarda-redes do Vizela sobre Rafa.

Por falar nisso, ficou ainda outro por assinalar, mais tarde, sobre Arthur Cabral. E não é apenas por isso que a arbitragem foi apenas mais do mesmo...

Esgotado o primeiro quarto de hora o Benfica abandonou esse domínio avassalador contínuo. É certo que voltou a ter períodos em que mandou absolutamente no  jogo, mas nunca mais com a consistência, e a continuidade, do primeiro quarto de hora. No segundo quarto de hora o Vizela não equilibrou o jogo, mas libertou-se da subjugação a que tinha estado sujeito e, à entrada do terceiro, o Benfica finalmente marcou. Em transição, como é costume. E, como é costume, por obra de Rafa, mesmo que tenha sido Arthur Cabral a marcar.

O golo trouxe de volta o Benfica dominador, mas também de volta o desperdício. E o 1-0 ao intervalo era muito curto para expressar o que tinha sido a primeira parte. E mais ainda para o que é a História destes jogos em Vizela, onde o Benfica sempre ganhou - é certo - mas sempre com fases de jogo, em especial nas partes finais, complicadas e resultados apertados.

O Benfica regressou do intervalo com o mesmo onze, que rompera com as novidades do último jogo, com os regressos de Aursenes à direita, e de Kokçu e João Mário, mas acrescentava a estreia de Alvaro Carreras a titular. E a qualidade do seu jogo começou a baixar, não atingindo mais o nível da primeira parte. 

Ainda assim continuou com o jogo totalmente controlado, e chegou até ao segundo golo perto do meio da segunda parte. Desta vez em ataque continuado, com João Mário a marcar, corrigindo a tentativa falhada de Arthur Cabral responder ao cruzamento de Aursenes. 

Era o golo da tranquilidade, que acabaria com os habituais sobressaltos de Vizela. Mas não foi, porque, apenas três minutos depois, com um golo que não caiu do céu mas de uma carambola, daquelas que acontecem sempre que alguma coisa pode correr mal. E lá voltou a História a repetir-se. 

Não que o Vizela tenha criado qualquer oportunidade para chegar ao empate. Nada disso, as oportunidades que aconteceram voltaram a pertencer ao Benfica, e o guarda-redes que foi chamado a evitar golos voltou a ser o do Vizela. Mas que se voltou ao desconforto de Vizela, é inegável. 

As substituições melhoraram o Vizela, ao contrário do que aconteceu no Benfica. Marcos Leonardo  não entrou bem e nunca deu à equipa o que Arthur Cabral dera. Mesmo que, naquela altura - logo a seguir ao golo do Vizela - a entrada de Morato tenha sido justificada pelo cartão amarelo, e pelas dificuldades defensivas que Carreras já evidenciava. A entrada de Florentino, em substituição de Kokçu, foi tardia (84 minutos), já quando o Benfica perdia todos os ressaltos e "segundas bolas". E se a de Bah, em simultâneo, foi para dar descanso a Aursenes, a pensar em Guimarães, valeu-lhe de pouco. Foi curto, o descanso.

E lá está - as últimas imagens são as que ficam. E convenhamos que não foram as melhores do jogo. Agora, para as meias finais, vem o Sporting, já no final do mês. Para o Porto é que não. Logo se verá quando terá de disputar a outra meia final com o Guimarães.

Nas vésperas da deslocação ao Dragão, para o campeonato, o Benfica estará a disputar a meia final com o Sporting. Enquanto o Porto estará a jogar os 63 minutos que faltam do jogo com o Santa Clara.

 

Coisas do diabo

Hoje em Vizela o Benfica matou o fantasma. Não conseguiu foi matar o diabo. Um fantasma, mata-se. O diabo é que não!

O fantasma das paragens para as selecções morreu em Vizela, esta noite. E bem morto. Com uma exibição de luxo, exuberante mesmo na primeira hora de jogo, o Benfica demonstrou que as interrupções do campeonato não quebram a dinâmica da equipa, não afectam o ritmo exibicional, nem interrompem o estado da forma individual dos jogadores. É certo que dois deles - João Mário e Rafa - já não vão à selecção portuguesa, e só ganham com isso. Poupam-se pelo menos ao enxovalho, e isso já não é pouco. 

Desta vez o Benfica nem sequer permitiu aquela coisa do primeiro milho, já quase crónica. Nos jogos anteriores tinha-se sempre visto que os adversários entravam de peito feito, a pressionar e a ter bola. Não era por muito tempo, às vezes nem mais de 3 minutos, mas todos tinham começado assim. Hoje, nem isso. Foi desde o apito inicial a carregar sobre o adversário, torrentes contínuas de futebol atacante, bonito, vistoso e entusiasmante.

Os jogadores do Vizela não conseguiam sair da sua grande área. Só tocavam na bola para para interceptar uma ou outra tabela, um ou outro drible. O resto era correr atrás dela, e vê-la passar. Não sei como é a que Sport TV faz as estatísticas mas, se forem bem feitas, os 29% de posse de bola que atribuíram ao Vizela só podem corresponder ao somatório das fracções de micro-segundos que dura cada toque na bola para a interceptar. Mas como essas mesmas estatísticas davam apenas 4 oportunidades de golo atribuídas ao Benfica, coisa bem mais fácil de apurar, o mais provável é que não estejam bem feitas... Já para o Vizela, que fez o primeiro remate para a primeira - e creio até que única - defesa de Turbin, hoje estreado na baliza do Benfica, aos 65 minutos, contavam uma.

É que, só os dois golos, uma bola no poste e outra na trave, já somam quatro. Mas pronto, essa é uma história já velha.

O Benfica podia ter chegado ao intervalo com a história do resultado, e do jogo, resolvida. Mas não aconteceu assim. E na história ficam apenas dois golos. O primeiro bem cedo, aos 9 minutos, já para aí à sétima ou oitava jogada de puro regalo para a vista, concluída por Musa, de regresso á titularidade. E o segundo meia hora depois, num livre espectacularmente cobrado por Di Maria. Pela execução do génio argentino, e pela estratégia de ocupação da barreira, a impedir o guarda-redes de ver a bola partir. Nem se mexeu!

A morte do fantasma é pois uma boa notícia. Mas ... lá está. O diabo não morre. E chegou para acabar com um jogo tranquilo, controlado, dominado e cheio de espectáculo e transformá-lo numa coisa do ... diabo. Entrou pela cabeça do Aursenes, já por volta do minuto 70. Só mesmo o diabo podia puxar aquela mão para as costas do jogador do Vizela, dentro da área.

O diabo também tem coisas. E do céu, sem mais nem menos, caiu um penálti. Que Turbin o defendesse logo na estreia, era coisa de Deus. Não do diabo. E de repente, escapado de uma goleada, o Vizela passava a perder por 2-1. Que é sempre aquele resultado capaz de fazer levantar quem está de rastos. E os jogadores do Vizela passaram a parecer que tinham o diabo no corpo. Mas não. Foi sol de pouca dura.

O Benfica não voltou a ter controlo do jogo que sempre tinha tido. Mais por medo do diabo que do adversário. Ainda assim voltou a criar mais duas ou três oportunidades para restabelecer a tranquilidade no resultado. Mas lá voltou o diabo, agora na pele de Buntic, o guarda-redes do Vizela.

Nunca mais de lá saiu. E quando se viu em risco de sair, foi dar uma volta à Cidade do Futebol. Buntic defendia tudo - o diabo também faz milagres. E defendeu até, com a mão, fora da área, uma bola que Rafa lhe passava por cima para ficar com a baliza à espera do golo.

O árbitro não viu. O assistente, também não. O VAR viu, e chamou Luís Godinho para ver as imagens e expulsar o guarda-redes do Vizela. Só que enquanto o árbitro atravessou o campo para chegar ao monitor, o diabo fez a viagem do Minho a Oeiras. É isso, o diabo corre mais que o João Neves. Quando chegou às imagens já o diabo estava na Cidade do Futebol, a descobrir um fora de jogo de Rafa no momento do passe de Otamendi para ... Neres. Que tinha substituído Di Maria. Ou talvez para Cabral, que já substituíra Musa. Rafa já estava em jogo quando recebeu a bola de um deles, confesso que não sei exactamente qual.

As coisas do diabo são como o futebol - "são isto mesmo"! E lá arranjaram umas linhas com Rafa em fora de jogo por 22 centímetros no momento do passe de Otamendi. Que o passe para ele não tivesse sido aquele, para o diabo não interessa nada. E lá continuou o Vizela com 11 jogadores, e com o Buntic, a valer por seis ou sete. E a fazer que assustava.

Não assustava, mas nós chegamos a assustar-nos. Coisas do diabo. Ele anda por aí!

 

A perigosa rota do Minho

Não vão fáceis as viagens ao Minho, esta época. O jogo desta noite, em Vizela, confirmou as dificuldades que estão reservadas para o Benfica na longa rota minhota que integra o campeonato de há uns anos para cá. O Minho é hoje decisivo para a classificação do campeonato, mais parece o Rally de Portugal.

O Benfica entrou no jogo dentro do nível exibicional habitual, e na mesma linha estratégica. Quando assim acontece, o Benfica não joga mal. Pode não fazer tudo bem, nem da melhor da forma, e encontrar dificuldades. Mas não joga mal. E foi isso que aconteceu durante a primeira parte - sem fazer tudo bem, e longe de qualquer brilhantismo, o Benfica não jogou mal, e justificou a vantagem mínima que levou para o intervalo, materializada no golo de João Mário, aos 38 minutos.

Mesmo que a superioridade clara do Benfica se tenha começado a esvair a partir do início da segunda metade da primeira parte, altura em que o Vizela passou a acertar com as marcações, a jogar com mais velocidade e, acima de tudo, a disputar todas as bolas e a ganhar a maioria delas, as três jogadas de golo, e o marcado, justificarão o resultado ao intervalo. 

Mas as indicações já não eram as melhores. As do jogo, e as do ambiente que o rodeava. À volta do relvado, porque o que tem vindo a ser criado longe dos campos, nas televisões, nos jornais e noutras esferas ainda menos próprias, vale para este e para todos os jogos que faltam ao campeonato. 

No jogo, o Benfica chegara ao golo até no período de maior afirmação do Vizela, à custa de uma transição rápida, depois de um canto contra, que começou com Guedes a passar por toda a gente, e a conseguir, mesmo depois de derrubado em falta, libertar a bola para Neres fazer a sua parte, e deixá-la para João Mário marcar, perto da marca de penálti. No jogo, os jogadores do Vizela, pressionavam, e legitimamente, os do Benfica. Mas também, e aí com total ilegitimidade, a arbitragem.

Fora do relvado, era pior. A pressão sobre a arbitragem era enorme, e as provocações ao banco do Benfica ainda maiores. Durante todo o tempo, gente ali estrategicamente colocada e que não serão certamente adeptos vizelenses, disparou isqueiros, garrafas e cuspidelas sobre o banco. Tudo perante a indiferença das forças da ordem... E das câmaras da Sport TV. 

Conseguiram o que conseguiram. E conseguiram até fazer expulsar Roger Schmidt, indiscutivelmente o treinador de comportamento mais tranquilo e pacífico do campeonato. 

Com tudo isto, não era de esperar outra coisa que não uma segunda parte muito difícil, e cada vez mais complicada. Muito dificilmente os jogadores, mas também o treinador, conseguiriam ter o discernimento e a tranquilidade para tomarem as melhores decisões. E foi o aconteceu, não conseguiram, e o Benfica caiu na segunda parte para um dos piores jogos do campeonato, ao nível de Guimarães. Que não ainda ao de Braga.

A equipa sobreviveu a tudo isso, e à suas próprias limitações, e acabou até para marcar o segundo, num penálti indiscutível sobre Grimaldo, já dentro dos seis minutos de compensação. Que João Mário voltou a marcar, desta vez com enorme classe, tornando-se no surpreendente melhor marcador da Liga.

E o resultado acabou por ser claramente melhor que a exibição, francamente má durante grande parte da segunda metade do jogo. Que só não é preocupante porque teve todos aqueles atenuantes. E porque "é dos livros" que os campeonatos se ganham ganhando jogos destes.

Gostoso, mas atenção à asa do cântaro

Ganhar no último segundo do jogo, com um penálti assinalado por Fábio Veríssimo é, evidentemente, dos desfechos mais gostosos que poderá haver numa partida do Benfica.

Fica-se por aqui, mesmo não sendo pouco, o que de prazenteiro se leva deste jogo com o Vizela, na Luz, a contar para a quinta jornada do campeonato. A consequente manutenção da liderança isolada, e o grande golo de Neres, que deu então o empate a cerca de um quarto de hora do final da partida, é o que de realmente bom fica do jogo. 

O Vizela apresentou-se na Luz como se apresentara o Paços há três dias, e como já se percebeu que se apresentarão praticamente todos os adversários que se seguirem. Não é novidade: início do jogo com pressão pelo campo todo e, logo a seguir, recuar toda a gente em modo de dois autocarros à frente da baliza. Depois é esperar por um contra-ataque para apanhar a defesa benfiquista de calças na mão, que aconteça o golo no primeiro remate e começar a  queimar tempo, de toda a maneira e feitio. Para gastar tempo e para quebrar o ritmo de jogo. Se os jogadores do Benfica desatarem a desperdiçar as poucas oportunidades que consigam criar, fica a receita completa.

Não é sequer nova, mas o Benfica tem grandes dificuldades em impedir que funcione. E já é caso para dizer que "tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia lá deixa a asa".

Não há nada por inventar. O antídoto é velocidade e intensidade, complementadas com chegadas permanentes à linha de fundo e mudanças rápidas de flanco. Sem esses ingredientes, já só sobra esperar por momentos de inspiração de um ou outro jogador, como sucedeu com o golo de David Neres. O único que o jogo teve!

Com a inspiração individual divorciada, como anda, dos jogadores, o Benfica está a ir vezes de mais com "o cântaro à fonte".

Para além da "receita" universal dos adversários há ainda a velha receita da arbitragem. Depois de Soares Dias, veio na "encomenda" Fábio Veríssimo. Mais um "especialista" na gestão do jogo à maneira, que nem o penálti no último segundo limpa. Não o ter assinalado seria apenas mais um escândalo, como fora, minutos antes, não só não ter assinalado o penálti sobre Gonçalo Ramos como, ainda, o ter expulsado com o segundo amarelo, por simulação.

O Benfica sai deste jogo com duas expulsões, e portanto com dois jogadores impedidos para a próxima jornada. A de Gonçalo Ramos é um roubo de catedral de Fábio Veríssimo. A de João Mário - por muito que, evidentemente, se perceba a "loucura" que é marcar o golo da vitória num jogo destes, e desta forma - não tem nada que se lhe diga. A culpa, mesmo que se perceba a justificada "loucura", é só do jogador, que tem de saber que a lei, mesmo que seja a mais estúpida das leis, é lei. Levar com um amarelo por tirar a camisola depois de marcar um golo, acaba por se perdoar. Quando é o segundo, e implica a expulsão, mesmo este golo, fica mais difícil.

De resto os jogadores do Vizela viam amarelos por faltas duras e/ou para impedir jogadas de perigo para a sua baliza. E o treinador substituía-os para evitar o segundo. Os do Benfica, por simplesmente reclamarem. Até por levantar o braço a reclamar um canto, o Enzo viu o amarelo. E o João Mário por reclamar de uma falta sofrida, e não assinalada. 

Contra estas "encomendas" o Benfica pouco poderá fazer. Já contra a receita dos adversários em campo, tem mesmo muito mais a fazer.

Os jogadores não podem adormecer, e não podem, com dez adversários metidos dentro da área, insistir em jogar pelo meio. Não podem, nos poucos momentos em que o adversário sobe no terreno, deixa espaço nas costas, e lhe permite superioridade numérica a atacar, deixar de a aproveitar com decisões erradas. 

Porque nem tudo pode ficar para resolver com a inspiração dos jogadores. É que é difícil que ela apareça quando as coisas não estão a correr bem. E mais ainda se o talento não for assim tanto como às vezes julgamos. 

A festa imensa, como a chama, no fim de um jogo ganho no último segundo, quando já nada o fazia admitir, mas ainda assim de forma merecida, não esconde estas dificuldades. Se não forem rapidamente superadas o "cântaro perde a asa" mais depressa ainda.

Ah... e o menino António Silva se não é, aos 18 anos, o melhor central do Benfica é, pelo menos, o melhor central disponível. E isso é outra das poucas boas notícias deste jogo!  

 

 

 

 

 

À conta da pouca vergonha

Já nada falta acontecer ao Benfica nesta malfadada época, e nesta Liga manhosa. Hoje era finalmente a altura do Benfica da era Veríssimo alcançar a primeira sucessão de três jogos a ganhar. A ninguém passaria pela cabeça que não fosse desta, com o Vizela, na Luz. Mas não foi!

Começou cedo a desenhar-se este insucesso. Logo no início do jogo, quando Taarabt ... foi Taarabt. Uma besta, como é tantas vezes. E deixou a equipa a disputar todo o jogo com menos um jogador. Aquelas perdas de bola, sempre da mesma maneira, ou acabam em golo para o adversário, ou acabam em amarelos e vermelhos. E nem se fala do jogo de braços, que geralmente não acaba em nada de muito diferente, porque nem teve tempo para isso.

Desta vez aconteceu logo aos 5 minutos de jogo. O árbitro - Manuel Oliveira - sancionou com amarelo. O VAR - André Narciso - achou que aquilo era para vermelho. Teve razão, perdeu-a toda ao longo do jogo, mas naquele momento teve-a. Perdeu-a quando, mais tarde, não viu uma entrada exactamente igual sobre o Rafa. Quando não viu dois penáltis sobre o Darwin. E quando não viu um defesa do Vizela a tirar a bola com a mão da cabeça de Vertonghen, dentro da área.  E lá começou o jogo de 11 contra 10.

O Benfica, com 10 jogadores, tem a obrigação de ganhar ao Vizela, com 11? Tem, claro que sim. E acabou a prová-lo. Porque esteve mais próximo de ganhar este jogo do que de esteve de ganhar qualquer dos últimos que não ganhou na Luz, em igualdade numérica com o adversário. E, mesmo que com diversos roubos de igreja, bem menos que os três desta noite.

Mas, à excepção dos últimos vinte minutos do jogo, nunca foi claro que a equipa tivesse estratégia e alma para tanto. Durante a primeira parte, mesmo assim, o Benfica foi superior ao Vizela, e podia ter chegado ao intervalo em vantagem, se tivesse aproveitado as duas claras oportunidades de golo que criou.

A segunda parte começou com mais uma oportunidade de golo para o Benfica. Mas também com duas substituições no Vizela à procura de soluções que lhe potenciassem a superioridade numérica de jogadores em campo, que não tinha sabido aproveitar. E durante perto de 20 minutos aproveitou-a para tomar conta do jogo. Durante esse período questionou-se se o Benfica tinha a alma e raça sempre necessárias para ganhar jogos, e imprescindíveis para os ganhar com menos um jogador. De tal forma que o golo do Vizela pareceu apenas uma questão de tempo. E foi. Chegou aos 65 minutos, e não foi surpresa nenhuma. Surpresa foi a forma como o Benfica reagiu ao golo, então sim, com raça e alma, muita dela vinda das bancadas. Que veio também do banco, com Nelson Veríssimo desta vez a acertar nas substituições. Primeiro com a substituição do - mais uma vez - nulo Diogo Gonçalves por Meité, finalmente a dar o equilíbrio ao meio campo que faltava desde a expulsão Taarabt, mais de uma hora antes. E, mais decisiva ainda, ao tirar um defesa (Mourato, no lugar do poupado Otamendi) para meter mais um avançado - o miúdo Henrique Araújo.

Poucos minutos depois de entrar Meité atirou à barra (mais uma para a estatística da equipa com mais bolas nos ferros do campeonato). Antes, no minuto anterior, o tal desvio da bola da cabeça de Vertonghen com a mão, no terceiro penálti que nem Manuel Mota nem André Narciso quiseram ver. E a primeira vez que o miúdo tocou na bola foi para marcar o golo do empate.

A partir daí foi um autêntico festival de desperdício. Com defesas impossíveis do guarda-redes vizelense, com cortes sobre a linha de golo, ou por falta de discernimento para tomar as melhores decisões, em especial de Darwin, o mais afectado pelas incidências do jogo, se for isso que chamem a uma arbitragem tão escandalosa. E lá ficaram na Luz mais dois pontos. Mais dois à conta da pouca vergonha instalada no futebol em Portugal!

E fica ainda uma factura para Amesterdão. Deveria ser apresentada a Tarrabt, mas vai ser paga por todos na terça-feira.

 

Ver o que está à vista

 

Mais uma exibição deplorável, a do início desta noite, em Vizela, bem na linha das que se vêm sucedendo. O que se passou hoje, não é diferente do que se passou há uma semana, na Trofa. Salvou-se o resultado, em ambos os jogos. Há uma semana, com o golo de André Almeida, no prolongamento; hoje, com o golo de Rafa, no último minuto. No minuto 8, que prolongava os sete de compensação, de que se não jogou no primeiro, e onde o treinador do Vizela ainda fez uma substituição, daquelas que são mesmo, e apenas, para "roubar" tempo ao jogo.
 
O futebol de Jorge Jesus está esgotado, e é hoje muito fácil de anular para qualquer adversário. Lento, repetitivo e sem intensidade. Passes para trás e para o lado, com o jogadores agarrados à relva como se fossem bonecos de uma mesa de matraquilhos. Sem presença na área, e sem linha de fundo, com os defesas adversários de cadeirinha, sempre de frente para a bola.
 
Foi assim toda a primeira parte, em que o Benfica rematou pela primeira vez à baliza já a primeira meia hora tinha ficado para trás. E já o Vizela tinha rematado uma serie de vezes. E, mesmo com alguns jogadores a soltarem-se um pouco mais dos varões a que estão agarrados, pouco diferente na segunda. É confrangedor ver a bola a circular entre os centrais e os médios centro, para trás e para o lado, com os jogadores da frente parados, a assistir impávidos e serenos. É confrangedor ver cantos e livres laterias sempre marcados da mesma forma, com os adversários sempre a saberem onde a bola vai cair, e a limitarem-se a esperar lá por ela.
 
Depois, claro. O tempo vai passando, os adversários vão constatando que o tigre é de papel, que não assusta ninguém. E acreditam, acreditam cada vez mais. Hoje os do Vizela acreditaram tanto que nesse último minuto quiseram sair para o ataque, como tinham acabado de fazer. Um deles escorregou e a bola ficou ali à mercê de Radonjic, que a meteu em Pizzi (ambos entrados na segunda parte, como ainda Gonçalo Ramos, Taraabt e Everton) na direita que, com a defsa vizelense em contra-pé, assistiu Rafa como só ele sabe.
 
Objectivamente, não tivesse sido aquela escorregadela, lá tinham ficado mais dois pontos. Coisa que, de resto, o Vizela fez por merecer.
 
O futebol do Benfica está em queda livre, e a desmobilizar os adeptos. Hoje o Vizela tinha mais adeptos nas bancadas que o Benfica. Nunca acontecia, em estádios que não os dos dois grandes rivais, ou o de Guimarães, os adeptos da casa superarem em os benfiquistas. Mas já está a acontecer. E isto deve querer dizer alguma coisa. Jorge Jesus não vê nada disso. Vê um campeonato competitivo, e os treinadores portugueses como os melhores do mundo. 
 
Esperemos que Rui Costa possa estar a ver outras coisas, em vez dessas. Que veja o rumo que o futebol da equipa tomou. Que veja o estado de forma da totalidade dos jogadores, em que apenas se salvam os centrais, e Rafa. Que veja como estão a ser queimados certos jogadores, e levados ao colo outros. E que veja como está em causa o futuro do Benfica com o que está a acontecer aos jogadores da formação. A continuar assim, em pouco tempo não há miúdos a quererem fazer a sua formação no Benfica. E os que lá estão vão querer ir embora depressa.
 
Que veja também as deploráveis conferências de empresa do mister. Como a de hoje. E que olhe para o calendário para ver como aquele produto esgotou há muito o seu prazo de prazo de validade.

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