Testemunhos
Os relatos de pessoas infectadas com Covid que tinham recusado a vacina sucedem-se. Uns em discurso público, outros, muitos mais, em confidência ou em grito de desespero. Já todos, certamente, assistimos a uns e a outros. Médicos contam-nos de jovens internados que recusaram a vacina a implorarem-lha, como se naquela altura isso lhes resolvesse outras coisa que não o sentimento de culpa.
São relatos que calam os movimentos negacionistas, que em Portugal nunca tiveram grande expressão, onde as manifestações públicas da intolerância se resumiram àquele triste episódio protagonizado pelo inenarrável Fernando Nobre.
Mas não acontece assim noutras partes do mundo. E não acontece assim na Europa desenvolvida. Não acontece na Alemanha, onde um homem que há poucas semanas matou a mulher e as três filhas - por ter falsificado testes à Covid e temer as respectivas consequências criminais - passou a ser festejado como mártir pelos movimentos negacionistas organizados. Ou na Áustria, onde um mentor de um desses movimentos, Johann Biacsics, dando entrada, infectado, num hospital de Viena, recusou tratamento. Se era Covid - respondeu - não era grave, sabia como tratar. Morreu, poucos dias depois. Para o movimento que liderava, incluindo o próprio filho, não morreu de Covid, mas envenenado no hospital.
Neste segundo Natal que em dois anos de pandemia não temos...