Tour 2014 V
Por Eduardo Louro
Na despedida da curta passagem pelos Alpes, correu-se hoje aquela que terá sem dúvida sido uma das mais exigentes etapas deste Tour. Anunciava-se uma grande jornada de ciclismo e não desiludiu!
Nibaldi voltou a confirmar que não tem par. Desta vez não ganhou, mas foi por mero acaso!
Foi segundo, atrás de Rafal Majka. O inverso de ontem, o que diz bem do extraordinário desempenho deste jovem polaco de 24 anos, companheiro de equipa de Sérgio Paulinho e estreante, quase forçado, porque participara no Giro de Itália e não era suposto participar no Tour. Continua fora do top ten, mas se nos Pirinéus confirmar o que fez nos Alpes ficará, logo no seu primeiro ano, como uma das figuras da competição. Lidera já o prémio da montanha, em igualdade pontual com Joaquim Rodriguez, que amealhou nas contagens intermédias e falhou sempre na alta montanha. Que ontem desiludiu, e hoje, andando sempre na frente à procura de pontos, foi simplesmente penoso na última e decisiva montanha.
Também o colega de fuga de ontem (terceiro) do polaco, o checo Leopold Konig, voltou a estar hoje muito bem. Foi nono na etapa e do décimo lugar, atrás de Rui Costa, subiu para oitavo da geral.
Rui Costa teve um dia bastante mau. Bem pior que ontem, mesmo que a classificação na etapa – 24º lugar a 4´46´´ do vencedor – possa não sugerir todas as dificuldades por que passou, tendo mesmo chegado a pensar em desistir, como referiu no seu Diário. Ontem ainda contou com o apoio de Chris Horner, e depois com a companhia do francês Pierre Rolland na fase decisiva da subida. Hoje ficou sozinho naquela subida tenebrosa, a contas com a bronquite por curar…
E no entanto teve um colega de equipa, o colombiano José Serpa sempre na frente, como documenta a imagem, onde puxa o grupo em fuga que apenas serviu Rodriguez (à esquerda) Não se consegue entender o funcionamento da equipa. Que é fraca, uma das mais fracas em prova, mas não precisava de ser uma anarquia. À excepção de uma ou outra prestação pontual do americano Horner, apenas o Nelson Oliveira, enquanto pôde, foi neste Tour verdadeiramente posto ao serviço do líder. Hoje, sem o americano e sem o português para dar uma ajuda, viu-se o colombiano andar todo o tempo na frente, inclusivamente com fogachos de ataque. Se tinha disponibilidade física para aquelas palhaçadas, é de todo inaceitável que a não tenha utilizado ao serviço dos interesses da equipa e do seu líder.
Poderia até aceitar-se se, perante o fraquejar do líder, o colombiano tivesse condições de seguir por ali acima e ganhar a etapa. Ou se estivesse em circunstâncias de atingir um lugar na geral a que o líder da equipa já não pudesse aspirar. Mas não, nada disso. Esgotadas as forças em autênticas palhaçadas, o colombiano entrou em queda livre e acabou ultrapassado por tudo e por todos, sem uma única pedalada de apoio ao português ….
Provavelmente Rui Costa não terá acesso a uma equipa mais forte na condição de chefe de fila. O que se passa na sua anterior equipa, na Movistar, aponta nesse sentido. Mas caramba, uma coisa é uma equipa fraquinha, outra é uma equipa desorganizada e sem rei nem roque. À Lampre não faltam apenas corredores!
Não vai ser fácil a Rui Costa regressar a um lugar entre os dez primeiros, que era evidentemente o mínimo que poderia esperar!