Tour 2024 - I
Já está na estrada o 111º Tour de France, a prova rainha do ciclismo mundial. Capicua, e estranho. Estranho por, pela primeira vez, não terminar em Paris, tomada pelos Jogos Olímpicos. Termina em Nice, em 21 de Julho, e num contra-relógio de pouco mais de 37 quilómetros. Também por, em vez de em princípios de Julho, se ter iniciado ainda em Junho. E, se vai terminar num contra-relógio, também não começou com o habitual prólogo.
Iniciou-se em Itália, e por lá andará nas primeiras quatro etapas. Quem olhar hoje para a classificação geral, à segunda etapa, não diria que tinha começado de forma tão atípica. Lá se vêem os 10 primeiros separados por 21 segundos, como se tivesse iniciado com o habitual prólogo, seguido de uma etapa em linha. E lá se vêem os quatro primeiros - e logo os principais favoritos, Pogacar, Evenepoel, Vingegaard e Carapaz - exactamente com o mesmo tempo. Só olhando bem mais lá para baixo, para o 42º segundo lugar de Thomas, a 4minutos e 24 segundos, o 49º de Van Aert, a 11 minutos exactos, ou Cavendish - o velho "sprinter" na derradeira tentativa para a 36ª vitória no Tour, que lhe permitirá bater o velho record que detém com Merckx nas 35 - no 171º lugar, a bem mais de uma hora, se percebe que estas duas etapas iniciais não tiveram nada a ver com tradição.
Não foram duas etapas de montanha, mas foram duas etapas com muitas subidas, algumas delas com grande dureza. Na primeira, ganhou um trepador, Bardet, aproveitando a última subida para escapar e conseguindo, no limite, por apenas 5 segundos, resistir à perseguição do pelotão dos favoritos, com a ajuda do companheiro de equipa Van den Broek, o jovem que vestiu a camisola branca. Para trás, com muito tempo perdido, ficou desde logo gente importante do pelotão.
Na segunda, hoje, Nelson Oliveira - um dos três portugueses presentes, com Rui Costa e João Almeida (às ordens do Sr Pogacar) - foi protagonista. Integrou a fuga e escapou dela após a penúltima subida. Acabaram por se lhe juntar o francês Vauquelin e o norueguês Jonas Abrahamsen, líder da classificação montanha. Logo no início da última subida o francês foi embora para ganhar, na segunda vitória francesa nas duas primeiras etapas. E o ciclista português foi apenas sexto, a 50 segundos.
Já na etapa de ontem Pogacar tinha tentado testar Vingegaard que, depois do acidente na Volta ao País Basco, em Maio - que o levou para o hospital com a omoplata e costelas partidas, tendo-lhe até uma delas perfurado o pulmão -, não poderia estar nas melhores condições para competir à altura da sua dimensão. Hoje não o testou apenas. Atacou-o na última subida. Vingegaard respondeu. Rapidamente ganharam ambos vantagem sobre a concorrência, mesmo que Carapaz e Evenepoel se lhes viessesm a juntar na descida, a caminho da meta, e mostraram que estão à altura um do outro.
E os dois prontos para as curvas deste Tour. Com Pogacar já de amarelo!