Tour de France 2017 (VII)
Perdeu a amarela à entrada dos Pirinéus, mas já a tem de volta à entrada para os Alpes. Na despedida dos Pírinéus, ontem, numa etapa praticamente sem montanhas, mesmo que no Maciço Central, Froome reconquistou a liderança. Quando menos seria esperado, até porque as indicações que estava a deixar não eram as melhores.
Seria sempre difícil a Aru, nesta altura da competição, segurar a amarela por muitos dias. Sabia-se que não tinha equipa, e víamo-lo sempre sozinho, sem qualquer protecção. Mas, na etapa de ontem, é que não. E no entanto percebeu-se logo que seria mesmo nessa etapa entre Blagnac e Rodez quando, a 3 quilómetros da meta, se via Aru sozinho (passe o pardaoxo mas, tão acompanhado, a ponto de não poder sair dali, nunca terá estado tão sozinho) no meio de um pelotão compacto a grande velocidade. A dúvida era se estava ali porque se tinha distraído, ou se estava ali porque queria ver-se livre da amarela. A certeza era que, numa etapa com a meta colocada no fim de uma rampa de 300 ou 400 metros, as movimentações do sprint final provocariam cortes. E, no meio do pelotão, com apenas 6 segundos de vantagem sobre Froome, não havia milagres.
É provável que a Astana, sabendo que não poderia defender o seu líder, tenha entendido preferível sacrificar a liderança de Aru. A etapa de hoje, a 15ª, na despedida do Maciço Central e na véspera do último dia de descanso, contribuiu para credibilizar esta hipótese. Viu-se pela primeira vez o que parecia uma equipa à volta de Aru, viu-se uma mancha azul celeste à volta da sua camisola de campeão italiano, mas isso não durou nem metade da etapa. Nem sequer nunca aconteceu na frente do pelotão.
Ao mesmo tempo viu-se uma grande etapa da equipa de Bardet, a AG 2 R La Mondial. E, claro, não era preciso ver mais nada da Sky, mas viu-se como, quando Froome teve uma avaria e de repente perdeu 50 segundos para a concorrência, rapidamente reagiu a trazê-lo de volta.
A súper desfalcada Astana não tem mesmo condições para defender uma liderança. Por isso, nesta altura, a amarela não lhe interessa. Nem ao próprio Aru. A quem interessa manter este estado de coisas, a apenas 18 segundos de Froome, numa tabela com seis ciclistas separados por um minuto e 17 segundos.
Quintana e Contador lá continuam como elásticos. Há apenas dois dias parecia que o colombiano tinha reentrado na corrida. Hoje veio por aí abaixo e só parou no 11º lugar, já fora dos dez melhores. Onde se mantém Contador. Por enquanto.