Tour de France 2020 I
Arrancou hoje, em Nice, a 107ª Volta a França em bicicleta. Fora de época, já que ocorre normalmente durante o mês de Julho. Deveria ter decorrido entre 27 de Junho e 19 de Julho mas, como tudo, também foi adiada pela pandemia, e é a primeira grande Volta a ser disputada esta temporada.
Atípica, também, como tudo nos dias que correm. E não é só por ser corrida em tempo de vindimas, que era o tempo da Vuelta. Está lá o vencedor do ano passado, o colombiano Egan Bernal (INEOS), que é naturalmente o principal favorito. Atípico é que não tenha a participação de qualquer outro ciclista em actividade que já a tenha vencido.
A INEOS, que continua a mais forte equipa do ciclismo mundial, não quis que Bernal tivesse concorrência interna, e deixou de fora os seus dois nomes mais sonantes, e que são os únicos vencedores do Tour em actividade: Chris Froome, vencedor em 2017, 2016, 2015 e 2013, Geraint Thomas, vencedor de 2018, e segundo classificado do ano passado.
Daí que, entre os 176 concorrentes, onde se inclui um único português, Nelson Oliveira, não seja fácil encontrar quem possa ameaçar o esperado domínio do jovem Bernal, provavelmente a iniciar um novo reinado. Poderá falar-se de Nairo Quintana, agora a solo como líder da Arkéa–Samsic, mas parece que o também colombiano já deu o que tinha para dar. Poderá falar-se dos franceses Romain Bardet (AG2R La Mondiale) ou Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), mas apenas para animar os gauleses. Ou dos espanhóis Mikel Landa (Bahrain-McLaren) e do veterano Alejandro Valverde (Movistar), mas apenas para animar uma ou outra fase da corrida. Ou das esperanças de jovens como o colombiano Miguel Ángel López (Astana) ou o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates). Ou das capacidades do também esloveno Primoz Roglic e do holandês Tom Dumoulin, ambos da Jumbo-Visma.
São muitos nomes, mesmo assim, mas todos bem menos candidatos que Bernal.
Não são muitas as etapas para os sprinters, como a de hoje. Corrida debaixo de penosas condições climatéricas, e já com muitas quedas. A última, à entrada dos últimos três quilómetros (por essas condições a direcção da prova acatou a pretensão dos ciclistas - parecia que estavam a adivinhar - e decidiu que os tempos da etapa fossem registados justamente a essa distância da meta) envolveu Pinot e Quintana.
Ganhou o norueguês Alexander Kristoff (UAE Emirates), batendo ao ‘sprint’ o campeão mundial, o dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo), e o holandês Cees Bol (Sunweb). E é o primeiro camisola amarela do Tour deste estranho ano 2020.