Tour de France 2020 II
Com a despedida dos Pirinéus, à nona etapa, despediu-se também o Tour da sua primeira semana da edição deste ano.
Uma primeira semana que começou morna, com algumas etapas meio pasmaceiras, talvez consequência das quedas do primeiro dia, que deixaram toda a gente assustada.
O francês Alaphilippe conquistou a amarela logo na segunda etapa, que venceu, faz hoje precisamente uma semana, ainda com partida de Nice, e já a passar por algumas montanhas dos Alpes. Reeditando o Tour do ano passado, segurou-a por uns dias, e só não a trouxe vestida até à chegada, ontem, aos Pirinéus porque reabasteceu em zona proibida e foi penalizado com 20 segundos, tendo de a despir no final da quinta etapa para a entregar a Adam Yates, que apenas a perdeu hoje, no segundo e último dia dos Pirinéus.
Na semana mais propícia aos sprinters brilharam o belga Van Aert (na quinta e na sexta etapas) e o australiano Caleb Ewans (na terceira e na sétima) com duas vitórias cada.
A montanha, que para além do programa de fim-de-semana nos Pirinéus, interrompeu logo na quarta etapa, ganha por Roglic na sua primeira demonstração de força, o reinado dos sprinters e, se não deixou nada definido, confirmou as expectativas para a competição.
O colombiano Bernal continua favorito, é segundo atrás do esloveno Roglic, que hoje vestiu a amarela, e dá ares de lhe estar a roubar o papel principal. Tal como o também esloveno Pogacar, o debutante miúdo de 21 anos, que hoje (ontem venceu, isolado, um francês - Nans Peters - com nome pouco francês) ganhou nos Pirinéus à frente do seu compatriota. E que, não tivesse na sétima etapa sido vítima de mais uma daquelas partidas dos ventos laterais, que tão frequentes são nas etapas mais tranquílas do Tour, estaria hoje na liderança da corrida, a dar expressão ao seu extraordinário desempenho. Surpreendente, mas não com muita surpresa. Tinha aqui chamado a atenção para o seu nome no início da prova.
A surpresa nesta altura, na véspera do primeiro dia de descanso, é mesmo a exuberância dos dois eslovenos, a ofuscar o super-favoritismo de Bernal, que os Alpes lhe poderão devolver. E o renascimento de Quintana, que mostra agora estar bem vivo. Surpresa é ainda o francês Guillaume Martin, no terceiro lugar, a apenas 28 segundos de Roglic, provavelmente o único intruso no lote de favoritos ditado pelos Pirinéus.
Sabe-se que não se pode falar de condições normais - normalidade não é palavra normal nos dias que correm - para apostar em favoritos, e apenas 44 segundos separam o primeiro, Roglic, do sétimo, o seu compatriota Pogacar. Por isso, o melhor é esperar para ver o que aí vem.
Depois cá voltarei para contar!