Tour de France 2020 III
Bem lá no alto das montanhas do Jura, onde o Tour nunca tinha chegado, a provar que nem só de Pirinéus e Alpes se fazem as grandes montanhas da Volta a França, conclui-se hoje com a 15ª etapa, entre Lyon e o Grand Colombier.
Foi uma segunda semana intensa, e com muita histórias, que fará a História do Tour deste ano.Foram seis etapas, onde apenas as duas primeiras foram decididas ao sprint, e ganhas por dois dos melhores desta edição: Sam Bennet, na primeira, a décima, e Cabel Ewan na seguinte. No resto foram fugas bem sucedidas, com vitória dos suíços Mark Hirschi (12ª) e Kragh Andersen (ontem, que se adiantou já muito próximo da meta); ou montanha, anteontem (13ª, ganha pelo colombiano Daniel Martinez) e hoje, provavelmente a etapa-rainha da prova, que deixou muita coisa para contar.
A etapa 13, anteontem, entre Châtel-Guyon e Puy Mary Cantal, já mexeu bem na tabela classificativa, com o miúdo Pogacar, o esloveno da Emirates, a subir do 7º lugar que trouxera dos Pirinéus para segundo. E com Romain Bardet, que era quarto, a sair dos 10 primeiros. Saber-se-ia depois que o francês fora mais uma vítima das incontornáveis quedas, sendo-lhe diagnosticada uma comoção cerebral já depois de concluir a etapa, pelo que já não alinhou à partida para a de ontem. Mais uma grande baixa no Tour.
A etapa de hoje, de grande dureza, foi de confirmação das suspeitas que andavam no ar. Suspeitava-se que os dois eslovenos, Pogacar, da Emirates, e Roglic, da Jumbo, eram os corredores mais fortes do pelotão. Que o colombiano Bernal estava longe de capaz de capaz de igualar os grandes feitos do ano passado, e que o também colombiano Quintana não estava muito melhor do que nos últimos anos, e longe, portanto, de poder recuperar tudo o que prometera em meados da última década.
Pogacar voltou a ganhar, seguido do seu compatriota Roglic, como há precisamente uma semana, na despedida dos Pirinéus. E Bernal "estoirou", e caiu pela classificação abaixo com grande estrondo. É agora 14º, a oito minutos e meio de Roglic. Quintana, dos corredores em prova a vítima maior das quedas, com pensos e ligaduras por todo o lado, também cedeu. Mas bem menos que o seu jovem compatriota, e é agora 9º, a cinco minutos do esloveno que vai de amarelo.
Vamos entrar da última semana, com os Alpes e o contra-relógio (também com uma subida acentuada), e ninguém aposta as fichas noutros que não os dois eslovenos. Roglic tem a seu favor o facto de estar num grande momento de forma. O problema é que esses momentos passam - por isso se lhes chamam momentos - e este já se prolonga há algum tempo.
E isso pode jogar a favor do miúdo de 20 anos. Inacreditável!