Tour de France 2020 V
Golpe de teatro no Tour. Contra todas as expectativas Pogacar chegou ao contra-relógio de hoje, na penúltima etapa, destroçou toda a concorrência, e ultrapassou o seu compatriota Roglic, dado por toda a gente como o vencedor antecipado.
Aos 21 anos - o mais jovem de sempre do Tour, se não tivesse havido, em 1904, um rapaz de 19 anos a fazer o mesmo - na sua primeira participação Tadej Pogacar ganhou o Tour. Para gravar o feito a letras de ouro, foi o primeiro na classificação da montanha (há dois dias, na despedida dos Alpes, dava aqui por garantida esta classificação pelo equatoriano Carapaz, desconhecendo - mea culpa - que o contra-relógio de hoje, que acabava em montanha, ainda contaria para essas contas), foi naturalmente o primeiro na juventude (camisola branca), e ganhou três etapas. Tudo isto depois de ter sido uma das vítimas do vento, naquela sétima etapa, onde perdera minuto e meio. Ninguém ganhou tanto!
No contra-relógio de 36 quilómetros Pogacar foi simplesmente espectacular, ganhando 1:21 ao holandês Tom Dumoulin, campeão do mundo da especialidade, e ao australiano Richie Porte - os dois grandes candidatos à vitória na etapa - 1:31 ao alemão Van Aert (uma surpresa) e 1:56 a Roglic, que partira com a vantagem, dada por segura, de 57 segundos.
O esperado excelente resultado de Richie Porte valeu-lhe o pódio. Admitia-se que pudesse de lá apear Miguel Angel Lopez, o que não se esperava era que o contra-relógio atirasse o jovem colombiano por ali abaixo. Caiu para sexto, ultrapassado ainda pelos dois espanhóis do top ten, que até acabou por dar top five: Mikel Landa e Eric Mas.
Ainda não tinha falado do português Nelson Oliveira, porque não havia nada (de bom) para dizer. Esperava pelo contra-relógio de hoje, a sua especialidade, para falar dele, na expectativa de um bom desempenho, que seria sempre entre os dez melhores. Foi 27º, com mais 4:42 que Pogacar. E 56º na geral, num Tour em que foi demasiado discreto.