Tour de France (IX)
O Tour acaba amanhã, com a festa nos Campos Elíseos, mas ficou hoje decidido. Mesmo que o último lugar no pódio esteja preso por apenas 1 segundo, na linha da tradição instituída, na etapa de amanhã a única coisa que se discute é a vitória no sprint final, junto ao Arco do Triunfo.
Claro que há bonificações em jogo, e 1 segundo é a mínima fracção de tempo. Mesmo assim, seria um autêntico golpe de teatro se Mikel Landa se conseguisse intrometer na disputa do sprint final, e lograsse ganhar uns segundinhos. Seria mesmo a extrema ironia que Bardet, que se insurgiu contra as bonificações de Uran nas etapas de montanha, quando disputava o primeiro lugar, viesse a perder o seu terceiro lugar na última etapa justamente pelas bonificações.
Tinha aqui dado por garantido que os lugares do pódio já tinham dono. O contra relógio de hoje, com apenas 20,5 quilómetros, apenas servia para dar o seu a seu dono. Foi assim, mas apenas pelo tal segundo. Porque o francês, que, não tendo sido capaz de ganhar, pretendia naturalmente repetir o segundo lugar de há um ano, teve um mau desempenho no contra relógio onde, dos três, era o menos habilitado. Foi claramente ultrapassado por Uran, que fez o oitavo tempo, e quase ultrapassado por Landa, muito longe de ser um especialiista.
A troca de Bardet por Uran no segundo lugar não foi a única entre os dez primeiros. Também no fim da lista houve troca, com Contador - excelente contra relógio, com o sexto melhor registo - a superar o rei dos trepadores, Barguil, que é bem melhor contra as montanhas que contra o relógio.
Froome foi dos melhores, sem surpresa. Foi o terceiro melhor, apenas com mais 6 segundos, e ganha o Tour sem ganhar qualquer etapa. Não é caso único, mas quase. Surpresa foram Tony Martin, pela negativa, que foi apenas quarto, a confirmar que nunca esteve ao seu nível neste Tour. E os dois polacos - no dia nacional da Polónia - nos dois primeiros lugares, separados por um simples segundo, com Maciej Bodnar à frente de Michal Kwiatkowsky que, mesmo sendo 57º da classificação geral, fez um Tour absolutamente fantástico.
Tiago Machado, o único português presente, exclusivamente ocupado no trabalho de equipa - a Katusha, dirigida pelo José Azevedo, que foi absolutamente discreta - ficou-se pela 74ª posição.