Três jogos num e três pontos em doze
Há jogos que são três num só. Foi o caso do jogo do final desta tarde, em Rio Maior, onde o Benfica foi defrontar o Casa Pia, em casa emprestada.
Foi o jogo da passada terça-feira, com o Barcelona, pelas marcas que deixou, foi o próprio jogo com o Casa Pia, e foi o jogo da próxima quarta-feira, em Turim, com a Juventus. Que ainda nem aconteceu, mas que teve forte presença em Rio Maior.
Se o que por esta altura não falta ao Benfica é sobrecarga de jogos, jogar três num só é acrescentar dificuldade ao que já está difícil!
O Benfica só jogou este jogo na primeira meia hora. Depois jogou o da próxima quarta-feira e, por fim, acabou a jogar os últimos minutos do da passada terça.
Para este jogo Bruno Lage poupou Tomás Araújo (Bah), Aursenes (Leandro Barreiro), Schjelderup (Akturkoglu) e Pavlidis (Arthur Cabral), e fez regressar Di Maria. Normal, não seria por aí que as coisas correriam mal. Até porque começaram mesmo a correr bem. Quando, logo aos 12 minutos, Barreiro sofreu a falta para o penálti que Di Maria transformaria - com a habitual classe - no primeiro golo do jogo, já Arthur Cabral tinha desperdiçado duas oportunidades para marcar. Logo a seguir Akturkoglu só não fez o segundo porque, depois de sobrevoar o guarda-redes do Casa Pia, a bola embateu na barra.
Na meia hora em que o Benfica jogou este jogo marcou um golo e criou oportunidades para mais três. Foi claramente dominante, e isso deverá ter levado os jogadores a pensar que o facto de a equipa da casa mostrar que sabia jogar à bola servia apenas para tornar o jogo ainda mais agradável à vista, pelo que poderiam seguir para Turim.
Poderia dizer que não vejo outra razão para o António Silva ter decidido fazer a assistência para o golo do empate do adversário, aos 32 minutos. Mas deve haver. São tantos e tão repetidos estes erros que tem mesmo de haver. Até porque logo a seguir voltou a repetir-se mais um, que acabou num penálti que o VAR obrigou António Nobre a transformar em livre directo.
Já desligada, a equipa não conseguiu regressar ao jogo na segunda parte. Então apenas o Casa Pia conseguia apresentar um futebol ligado, capaz de jogar de uma área à outra. O Benfica atacava, mas tudo acabava invariavelmente em cruzamentos. E em cantos. A uns, e a outros, a defesa adversária chamava um figo.
Já não era com a cabeça em Turim, era com a cabeça perdida no jogo da Luz com o Barcelona. Foi já assim que o Casa Pia marcou o segundo golo, logo à passagem do primeiro quarto de hora. Quando já se percebia que dificilmente o Benfica escaparia a mais uma derrota, a terceira nos últimos quatro jogos do campeonato.
O terceiro golo do Casa Pia, já no último minuto dos cinco de compensação, que só não é exactamente como o do Barcelona porque não tem atrás qualquer ilegalidade, apenas veio dar ao resultado a expressão pesada de uma derrota inapelável.
O futebol pode ser isto mesmo. Não pode é deixar passar entre os pingos da chuva uma equipa que em 12 pontos perde 9. Tem que haver explicação para a intermitência da equipa. É preciso explicar como é uma equipa jogou o que jogou com o Atlético de Madrid, com o Porto, com o Braga (na Taça da Liga), ou até agora com o Barcelona, depois joga o que jogou na primeira parte com o Sporting, com o AVS, com o Braga, com o Casa Pia. E como é que, à crise dos adversários, por maior que seja, se responde com uma ainda maior.