Trunfos dados, trunfos (mal) jogados
É importante comemorar, com a pompa e a circunstância próprias de um cinquentenário, os 50 anos do 25 de Abril. Poderá até, por isso, requerer uma vasta equipa. E poderia eventualmente justificar-se que começasse a ser preparado a três anos de distância. Que esse trabalho se prolongue, depois, por mais dois anos, já ultrapassa o domínio da compreensão.
Cinco anos a trabalhar para uma comemoração - por muito especial que seja, e esta é-o - é muito tempo. E, naturalmente, muito dinheiro.
Isto está antes, e depois, de Pedro Adão e Silva, designado para comissário executivo do empreendimento, mas foi nele que a contestação, particularmente da direita, centrou o alvo.
A direita, tem sempre dificuldade em lidar com o 25 de Abril, de que nem de ouvir falar gosta, quanto mais de o celebrar. Mais ainda nos tempos que correm, de pouco escrúpulo. Aproveitaria sempre tudo para contestar a sua celebração, e não precisaria nada de grandes trunfos para ir a jogo.
Rui Rio, que ainda há dias clamava que não é de direita, foi a jogo, como fora ao chamado "congresso das direitas", para dizer que o não era porque, se o fosse, não o teriam deixado entrar. Por isso, por ao mesmo tempo ser e não ser, e estar e não estar, trocou as mãos e puxou dos mesmos trunfos sem tocar nas outras cartas que teria para jogar. Mais uma vez (se) perdeu (n)o jogo, como o Presidente Marcelo lhe mostrou.