Tudo à espera de amanhã
João Almeida este muito bem, não se tendo ressentido do dia de ontem, na duríssima etapa de hoje do Giro. A penúltima, em plenos Dolomitas, e porventura a mais dura desta edição, com 184 quilómetros e seis contagens de montanha. Que só não foi espectacular porque a montanha (e em especial o mítico Passo Giao) pariu um rato. Tudo por causa da brutal crono-escalada de amanhã, que obrigou os favoritos a pouparem-se. Mesmo assim bastaram as últimas centenas de metros, antes da meta de Tre Cime de Lavaredo, lá no alto, para não lhe faltar emoção.
A corrida não foi muito diferente do que se poderia esperar, com a Jumbo, de Roglic, sempre tranquila no meio do pelotão, e a Ineos, de Thomas, a controlá-la. Sem que ninguém quisesse atacá-la, nem quando mais uma grossa coluna de fugitivos chegou aos 10 minutos de vantagem, na frente.
No fim, da fuga, apenas resistiram o colombiano Santiago Buitrago, o vencedor lá no alto, e o canadiano Derek Gee, o eterno segundo deste Giro, cinco vezes segundo em etapas, segundo da classificação por pontos e segundo da montanha. O terceiro já foi Roglic.
O grupo dos favoritos chegou ao último quilómetro e meio reduzido a 8 ciclistas. João Almeida, há muito sem colegas de equipa no grupo - J Vine, claudicou ainda no Passo Giao, quando faltavam três contagens de montanha para o final - tomou a frente, e logo Roglic e Thomas lhe responderam. E contra-atacaram, deixando-o para trás. À campeão, João Almeida foi ainda buscá-los, ziguezagueando entre o público que tapava a estrada. Mas, ao contrário do esloveno, já não conseguiu responder ao ataque final do britânico, já em espaço vedado, nos últimos quatrocentos metros. Roglic, depois de inicialmente batido pelo ataque de Thomas, acabou por reagir e ultrapassá-lo em cima da linha de meta, arrecadando ainda os últimos três segundos da bonificação.
João Almeida acabou por perder 20 segundos, na linha do que ontem perdera, que no fim passaram a 23 para o esloveno. Mas a resposta que deu foi hoje melhor que a de ontem, mesmo que não tivesse conseguido evitar a ideia que os adversários estão mais fortes.
Ninguém sabe nada do que será o contra-relógio de amanhã, com uma subida de 7,5 quilómetros com 11% de pendente, depois dos 11 iniciais em plano. Sabe-se apenas que fará diferenças e que, quando os três primeiros cabem em menos de 1 minuto (59 segundos para Thomas e 33 para Roglic, é a desvantagem do João), decidirá o vencedor.