Tudo por resolver
Não foi de oito a exibição do Benfica, esta noite no Principado do Mónaco. Nem de oitenta, inatingível nesta altura da época, e nesta conjuntura que a equipa atravessa.
Bem vistas as coisas, e mesmo que as últimas imagens sejam sempre as que prevalecem, não se tratou de uma exibição entusiasmante. Nem sequer de uma exibição que atenue as dúvidas e as angústias dos adeptos.
O Benfica entrou bem no jogo, a prometer muito. Teve logo uma boa oportunidade para marcar num remate de Carreras. Só que à medida que o tempo foi correndo a promessa dos primeiros minutos ia entrando em incumprimento. Ao segundo quarto de hora já o Mónaco mandava no jogo, e o Benfica mostrava intranquilidade, com muitos passes falhados, sem conseguir segurar a bola, e sem fio de jogo. Ainda assim, já em cima do intervalo, o Benfica dispôs de duas boas oportunidades para marcar. Começou (Carreras) e acabou (Carreras e António Silva) a primeira parte a criar ocasiões soberanas de golo. Pelo meio, em jogo jogado, o adversário foi melhor. Mas apenas com uma boa oportunidade para marcar, num golo negado por Trubin. Contra as três do Benfica!
Ainda com as sensações de golo do final da primeira parte na retina, não foi estranho que o Benfica voltasse a cheirar o golo (de novo Carreras) logo no arranque da segunda parte, e acabasse a marcar logo ao terceiro minuto. Um grande passe de Tomás Araújo - que passara a maior parte da primeira parte aos papéis, sempre com três adversários no seu espaço, sem saber onde acudir - a solicitar a desmarcação (à pele) de Pavlidis, que foi simplesmente brilhante, com uma execução do outro mundo.
É incrível como um jogador marca um golo com aquele grau de dificuldade falha tantos e tantos tão mais fáceis.
O Mónaco não chegou sequer a ter oportunidade de reagir ao golo. Quatro minutos depois ficava reduzido a 10 jogadores, com a expulsão do nosso velho conhecido Al Musrati, em estreia a titular, acabado de chegar da Turquia - onde nem aqueceu o lugar - neste mercado. O Mónaco apresentou dois reforços de inverno: o segundo foi o dinamarquês Mika Biereth, que tem vindo a fazer furor na liga francesa.
A partir do minuto 52, com mais 44 minutos de jogo, o Benfica deixou de ter oponente em qualquer outra zona do campo que não fosse na grande área do adversário. No limite no seu último terço. Por isso dominou, subjugou, teve bola, criou uma dezena de oportunidades de golo, e dispôs de ainda mais ocasiões de criar condições para marcar.
Falhou sempre. Falhou na altura de marcar. Mas falhou ainda mais na altura de criara as condições para marcar. Porque - lá está, as dúvidas e as angústias dos adeptos - os jogadores tomam invariavelmente decisões erradas. Tomam decisões erradas porque não estão treinados para decidir bem. Porque não têm automatismos trabalhados. Porque têm de recorrer vezes de mais à iniciativa individual, expondo limitações técnicas de outra forma escondidas.
Pois. Não fosse isso, e a exibição teria sido de oitenta. E a eliminatória - que chega à Luz, na próxima terça-feira presa no magro 1-0 - estava a esta hora mais que resolvida!
Entretanto abriu a época de lesões. Depois de Manu e Bah, com paragem para um ano, hoje foi Di Maria, precisamente no regresso, e Tomás Araújo. Aursenes - hoje pareceu mais próximo do seu melhor - já teve que voltar a vestir-se de lateral direito.