Um jogo com caderno de encargos
Os adeptos benfiquistas não desistem, nem abandonam a equipa, por piores que sejam os momentos por que passe. Hoje, neste fim de tarde, voltaram a encher a Luz, a apoiar a equipa, e a ajudá-la a levantar-se, depois de quatro jogos seguidos sem ganhar, com três derrotas consecutivas, que fizeram desaparecer 6 dos 10 pontos de vantagem com que o Benfica tinha chegado a esta ponta final do campeonato.
Os adeptos fizeram a sua parte, e a equipa confirmou a vontade de dar a volta a esta surpreendente quebra, de que já tinha dado mostra em Milão, na passada quarta-feira.
Roger Schemidt também fez a sua parte, mesmo que possa apenas ter feito parte da parte que lhe cabia. Mudou algumas peças na equipa, porventura menos do que devia, mas sabe-se quanto isso lhe custa. E fez as substituições em tempo útil, e acertadas.
Sem Bah, tirou Gilberto da equipa, repetindo a experiência da segunda parte de Milão, entregando a Aursenes o lado direito da defesa. E resultou. O internacional norueguês não sabe jogar mal, jogue onde jogar. Deu a titularidade a Neres, que há muito a justificava, e também resultou. Nesta altura a equipa não tem quem tenha maior capacidade para criar desequilíbrios nos adversários, e confirmou-o no jogo. E, pela primeira vez, a João Neves. Em vez de Florentino. E voltou a resultar.
Nos poucos minutos que Schemidt lhe tinha dado, o miúdo tinha sempre aproveitado para mostrar que contava. Joga à bola como poucos. Não dá ao jogo o que dava Enzo, mas dá muita coisa boa à equipa. Na saída de bola, no transporte, e até na frente. Hoje confirmou tudo isso, e foi dos melhores. Ao seu nível apenas Neres.
A tarefa para hoje, frente ao Estoril, era mais que ganhar. Ganhar era imperativo, mas não era menos importante mostrar saúde física e mental para reverter a situação em que a equipa tinha caído, e dar garantias de ter condições para enfrentar os desafios que tem pela frente. Ganhar de goleada, e com uma exibição ao nível daquelas a que a equipa nos habituara, seria a cereja no topo do bolo, e porventura o empurrão decisivo que faltava para recuperar a embalagem perdida.
Cumprido o jogo, e à luz deste caderno de encargos, os adeptos saíram da Luz com "mixed feelings". O jogo foi ganho, mas pelo magro 1-0. A exibição teve bons momentos, especialmente na primeira parte, e foi suficiente para um resultado dilatado, para uma vitória expressiva. Mas não foi suficientemente robusta para afastar fantasmas. Especialmente tendo em conta que, na teoria, este seria à partida o "mais fácil" dos seis jogos que faltavam quando se iniciou.
Poderia este jogo cumprir todo o caderno de encargos que lhe estava destinado?
Dificilmente, nesta altura. Até porque se a equipa revelou melhorias, o jogo mostrou que a estrelinha anda distante, e que as arbitragens "não dormem". Noutro contexto as oportunidades de golo teriam tido outro aproveitamento. Os penáltis que nos jogos dos outros estão sempre ali, prontos a desbloqueá-los, nos do Benfica nem a ferros. E quando, a ferros do VAR, lá saiu um, João Mário voltou a falhar.
O Benfica poderia ter resolvido o jogo na primeira parte, quando conseguiu impor um ritmo alto e muitas vezes sufocar a equipa do Estoril, exclusivamente dedicada a tapar os caminhos da sua baliza, defendendo com todos os jogadores em cima da sua grande área. Ocasiões de golo não faltaram para isso.
Só num espaço de 10 minutos, entre os 13 e os 22, João Neves, Gonçalo Ramos e Rafa desperdiçaram três, antes de Rui Costa fazer vista grossa a um penálti cometido sobre Aursenes. Voltaria a fazê-la 10 minutos depois, valendo desta vez o VAR. Mas nem de penálti, mais uma vez, e o golo apenas surgiria já perto do intervalo, à quinta oportunidade, pela magia nos pés de Neres, e pela cabeça de Otamendi.
Pensou-se que o mais difícil estava feito e que, como a equipa estava a jogar, e com a tranquilidade que o golo traria, o resultado iria crescer na segunda parte. Mas não. O jogo continuou a ter a baliza de Dani Figueira como sentido único, mas sem oportunidades de golo.
Roger Schemidt mexeu na equipa logo no início do segundo quarto de hora, substituindo bem Chiquinho e Gonçalo Ramos por Florentino e Musa. A equipa aumentou o ritmo e voltou então a criar novas oportunidades para marcar. Marcaria mesmo, pelo internacional croata, a finalizar, com classe, a melhor jogada da segunda parte. Mas não valeu. No início da jogada Aursenes recebera a bola quando estava a recuperar de posição adiantada, e o VAR anulou - bem - o golo.
O relógio avançava, e nas bancadas temia-se o magro 1-0. Chegou a fazer-se silêncio, mas durou pouco. O Benfica mantinha firme o controlo do jogo, ninguém tremia, e isso fez regressar o apoio dos adeptos.
Gonçalo Guedes, então sim, tardiamente, ainda entrou. Ter-se-ia justificado entrar mais cedo, e para o lugar de Rafa. Como já foi tarde (a 4 minutos dos 90), serviu para os - merecidos - aplausos a Neres.
O árbitro Rui Costa, para além de ser peça do sistema, é péssimo. Quando um árbitro é mau, e quer fazer mal, penáltis só obrigado. Queimar tempo, é à vontade. E qualquer disputa de bola é falta. Rui Costa, o árbitro, foi isto. E isto é o que nos espera até ao fim do campeonato!
Aos outros, voltamos ontem a ver com o que contam: amarelos a todos os adversários, expulsões bem cedo, penáltis, uns atrás dos outros, e impunidade total em todas as zonas do campo, e especialmente dentro da sua área.