Um vício
O título poderá remeter para o dia mundial sem tabaco, que hoje se assinala. Mas é outro o tema.
Quando a Primavera começa a aquecer e a anunciar que o Verão está à porta, neste ano 2 da pandemia, e Portugal reforça a sua condição de destino turístico privilegiado, agora reforçado pelas condições sanitárias que o diferenciam, percebemos melhor por que o produto turístico nacional nunca será um produto distinto, destinado a consumidores de maior exigência, de carteira mais recheada, e naturalmente de maior retorno.
Percebemos que competimos apenas no domínio do turismo de massas, afinal aquele que nos trouxe até aqui, num modelo em que o país acabou por se viciar, tudo permitindo em cedência ao vício.
Percebemos isto na abertura do país, e do Algarve em particular, há duas ou três semanas. E percebemos isto com as imagens do Porto dos últimos dias. Mas percebemos quanto isso é irreversível quando vemos a indústria a digladiar-se com promoções, e um país de cócoras, tolerando o intolerável, e incapaz de fazer cumprir aos que recebe a lei a que obriga quem cá está. Que recorda a todos os nacionais, até personalizadamente, por sms, mas que não se preocupa em dar a conhecer em momento algum aos que nos visitam.
Ainda ontem, numa reportagem passada numa televisão, pudemos ver no acesso a uma praia algarvia, lado a lado, pessoas com e sem máscara. Estendido o microfone a duas destas, duas cidadãs inglesas, responderam desconhecer ser obrigatório o seu uso. Mas que também não fazia grande diferença, porque simplesmente nunca a usariam.
Tínhamos tudo para ser um destino turístico de excelência. Mas preferimos sempre o mais imediato, e mais fácil. Estamos viciados nisso.