Uma greve difícil de perceber. Ou talvez não...
A Autoeuropa está parada. Os trabalhadores estão em greve.
A Autoeuropa é uma parte significativa da economia nacional. O novo modelo que vai produzir - lembram-se do que foi feito para assegurar a sua produção na fábrica portuguesa? - representa 24% das exportações de um ano.
Tivéssemos no país 10 "Autoeuropas" e Portugal seria uma das grandes economias mundiais e uma das mais competitivas. Mas seria também um país mais desenvolvido, e uma sociedade mais equilibrada. A Autoeuropa promove mais riqueza, mais competitividade e melhor emprego. Emprego de qualidade.
Imagino que trabalhar na Autoeuropa seja um motivo de orgulho para os seus trabalhadores. Foi sempre essa a ideia que o carismático líder da Comissão de Trabalhadores da empresa, António Chora, nos deixou. Os trabalhadores gostam de ser reconhecidos, mas também gostam de ser produtivos, e de perceber a dimensão da sua participação no colectivo que somos.
Não quer isto dizer que a Autoeuropa seja imune a qualquer espécie de conflitualidade laboral. Houve dificuldades em muitas ocasiões, mas nunca deixou de ser um exemplo de paz laboral e diálogo social.
Não percebo esta greve. Não fosse ela acontecer logo depois da saída para a reforma do presidente da Comissão de Trabalhadores, não fosse ela surgir num contexto de alteração da relação de poder entre os sindicatos e aquele orgão de representação dos trabalhadores, diria que é imitação minha. Assim, talvez não...