Uma questão de tempo
Por Eduardo Louro
Posso estar enganado, mas creio bem que era mais aguardada a entrevista de Luís Filipe Vieira que a decisão do Tribunal Constitucional, os dois happenings do dia.
E Luís Filipe Vieira não desiludiu, não frustrou as expectativas e foi igual a ele próprio. O que quer dizer que disse o mesmo de sempre – mesmo quando o que há para dizer é diferente – e convenceu os mesmos de sempre, que era aliás o seu objectivo. O tempo se encarregará de o desmentir, mas isso depois já não conta para nada. Porque a memória é sempre curta, e quando o não for é sempre possível um refresh: voltar a tirar o mesmo coelho da cartola!
O entrevistador - Hélder Conduto - foi, como sempre, sério e a entrevista foi profissional, o que tanto o honra a ele como à BTV. A entrevista correu como têm corrido todas as que o presidente do Benfica tem dado a todas as outras estações. O Helder Conduto aceitou as explicações das saídas de Oblak e de Garay, e não questionou a inevitabilidade subjacente. Não perguntou, por exemplo, por que o contrato de Oblak não foi revisto logo no final da época, com a consequente revisão da cláusula de rescisão. Nem por que carga de água, estava tão zangado com o jogador, que elevou à categoria de vilão, e nada incomodado com a atitude do Atlético de Madrid, ao ponto de, quando tinha tanto por onde, lhe não colocar nenhuma dificuldade. Nem se não teria sido um bom negócio para o Benfica renovar atempadamente com o Garay, ou mesmo em última instância no início do ano, então já mesmo que à custa de um salário proibitivo. Mas temporário e perfeitamente justificável... Mas também nunca vi nenhum outro jornalista esmiuçar coisas deste tipo. Ao presidente do Benfica ou a qualquer outro!
O resto é coisa de tempo. De pouco, ou mesmo de muito pouco tempo!