Uma teia sem fim
Sempre se falou da porta giratória entre os governos do país e o Grupo Espírito Santo (GES). Uns atrás dos outros saíam do GES para o governo para, depois, fazerem o trajecto inverso. Toda a gente sabia disto, toda a gente falava disto mas, enquanto durou o GES e Ricardo Salgado continuva "dono disto tudo", era como se nada se passasse.
Também, falar disso, era diminuir a democracia.
Manuel Pinho era um - entre uma multidão - desses. Chegou ao governo de Sócrates vindo, claro, do GES. Saiu - com aquela cena dos corninhos no Parlamento - e logo voltou. Foi para uma universidade americana, a expensas da EDP. E descobre-se-lhe um apartamento de luxo em Nova Iorque. Foi mais tarde investigado por isso. E pelo que isso poderia ter a ver com as rendas excessivas da EDP, depois entregue por Passos e Portas aos chineses. Nessa investigação percebe-se agora que Ricardo Salgado pagava a Manuel Pinho, directamente para uma conta offshore, 15 mil euros por mês, mesmo enquanto estava no governo. Ao todo mais de 1 milhão de euros...
Posso estar enganado, mas se calhar seria bom que mais nenhum Centeno viesse dizer que ainda não acabamos de pôr dinheiro no Novo Banco. Ou que cá estaremos para a ajudar o Montepio. Pelo menos enquanto não conseguirem julgar toda essa gente que roubou o país durante a vida inteira. E depois metê-los na prisão, como ainda não conseguiram fazer com Armando Vara!