Os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro presidente do Brasil, com 55% dos votos, contra os 45 de Fernando Haddad. A diferença reduziu-se, mas não houve "virada". A primeira coisa que ouvimos do novo presidente brasileiro foi uma oração evangélica, bem puxada. A primeira coisa que me ocorreu é que, se Deus é brasileiro ... "valha-lhes Deus"!
Claro que não! Mas esse tem sido o meu discurso desde que começaram as análises sobre "inversão de valores no Brasil", com Jaime Nogueira Pinto à cabeça... quererem sequer comparar o "fenómeno Bolsonaro" com as outras extremas-direitas ou com o errático Trump é o império da vontade sobre os factos. Gostava de ter visto um único apoiante dele debater o programa de governo, um já me chegava - mas tudo o que vi foi o discurso anti-petista e de desculpabilização/idiotização do homem "não pensa isso, tem que aprender a expressar-se" (ouvido insistentemente na TSF a uma senadora eleita)...
Há muitos que costumam mandar (usam mesmo o imperativo!) para a Venezuela ou para Cuba todos aqueles que consideram de esquerda - "esquerdalhada", "comunada", "xuxas" e mais uns quantos agrupamentos, na boca de tais gentes. Estarão esses a congratular-se com a vitória de Bolsonaro? Se sim, podem ponderar mandarem-se a eles mesmos para o Brasil - mas só a eles mesmos, porque haverá bolsonarovotantes (diferente de bolsonarapoiantes!) que nunca mandaram ninguém para lado nenhum e que consideram a livre expressão importante (espero que não acordem a cantar o Cálice, mas...)
Não sei se JNP é um desses mandadores, mas mandou-se bem ao aproveitamento oportunista do fenómeno; é legítimo deduzir que apreciará ver a coisa em movimento. Sentir-lhe-ei no entanto a falta - com ele, temos os nacionalistas conservadores supervisionados por uma pessoa com argumentos, questionáveis mas argumentos; sem ele, ficamos com essa malta arrebanhada pelo Ventura que, não conseguindo trepar nem pelo vermelho nem pelo laranja, trepará por onde o deixarem usando chavões - é que o único chavão decente que lhe ouvi foi "Oh! oh, Paulo Andrade!", mas teve vários a pegar de estaca nas autárquicas
Melhor deixar por cá o JNP, o que esse diz nem todos os seus destinatários percebem