Visto, não arrumado...*
O tema dos bancos - do sistema financeiro – voltou às primeiras páginas, curiosamente quando, olhando para a agenda política, o vemos assinalado com este símbolo de visto, que dá os assuntos como resolvidos.
Quer o Presidente da República quer o governo, dão como concluída e arrumada a questão. E com sucesso! O presidente ainda há um ou dois dias atrás salientava o notável trabalho feito em apenas oito meses…
Na verdade não está concluída. E muito menos arrumada…
Dificilmente se arruma um tema onde já enterramos 13 mil milhões de euros. E onde, só o Novo Banco, o banco bom do BES – recorde-se – lhe vai acrescentar mais 11 mil milhões de euros. Onde nem a péssima – mas, ao que dizem sem alternativa - solução que foi encontrada está, mesmo assim, dada por adquirida.
Onde está ainda a recapitalização da Caixa Geral e Depósitos, a passar pelo pagamento de juros de quase 11%. E onde, já não dá mais para esconder, continua o problema Montepio por resolver.
Um problema com cada vez mais semelhanças com o BES. Na altura o Banco estava bem, os problemas estavam apenas no grupo, dizia então toda a gente, do Presidente da República ao primeiro-ministro, dos ministros aos jornalistas da especialidade. Agora inverte-se a relação, mas não é muito diferente o que se ouve… Mesmo que Mário Centeno não tenha embarcado, respondendo que confiava no seu trabalho, quando questionado se confiava no Montepio.
Parece-me no entanto que a mais preocupante semelhança está na obsessão do Banco de Portugal pela marca. Não se percebe por que decidiu impedir o banco de utilizar a marca Montepio, e obrigando-o a procurar uma nova e retirando-lhe, sem que se perceba por quê, provavelmente o seu maior activo.
Já assim tinha acontecido com o BES quando, na resolução, o Banco de Portugal destruiu e deitou fora uma marca avaliada em centenas de milhões de euros, que substituiu por uma marca transitória, uma ideia que choca de frente e com violência contra os mais elementares princípios do marketing e da comunicação.
Parece que não aprendeu nada, este governador do Banco de Portugal... E, esse, é outro problema!
* Da minha crónica de hoje na Cister FM