Vitória SC 0 - Benfica 3
Vamos passar por cima da primeira parte deste jogo de Guimarães. Não tanto por ter sido má porque, não tendo sido propriamente boa, também não foi pior que a maioria das últimas. Mas porque nos enganou a todos. Quando chegou ao fim estávamos mais convencidos que este Benfica e as suas circunstâncias, não dá para mais, como ando aqui a dizer há algum tempo.
Estávamos enganados. Afinal dá para mais, para muito mais.
Ao intervalo, Mourinho, que tinha iniciado o jogo com o seu onze base dos últimos jogos, que já inclui o Tomás Araújo em vez do António Silva, decidiu trocar Sudakov por Barreiro e Prestiani por Schjelderup. O jovem argentino tinha sido o jogador mais em evidência no Benfica, e também o mais rematador. Foi isso tudo, mas na realidade não foi eficaz. Sudakov, se bem que na senda das suas últimas exibições, sempre a deixar a deixar a ideia que está em retrocesso ou, no mesmo sentido e na terminologia de José Mourinho, a deixar a ideia que será neste momento um dos que não acreditam, tinha protagonizado a única sensação de golo de toda a primeira parte.
No último minuto da primeira parte, ao tentar recuperar uma bola perdida numa recepção imperfeita, incompatível com a sua qualidade, Sudakov pisou um adversário, Samu, e foi (bem) punido por João Pinheiro com o cartão amarelo. Para pressionar o vermelho, o jogador vimaranense teatralizou e os colegas armaram um sururu donde saíram amarelados Prestiani, e o lateral direito adversário, Maga, há muito enrolados.
Se sem qualquer condicionalismo Sudakov não é um jogador intenso, amarelado seria pouco mais que inútil. Já Prestiani, sempre sujeito a grande provocação por Maga e Telmo Arcanjo, com aquele sangue argentino que ferve em pouca água, amarelado, passaria a ser o mais sério candidato ao cartão vermelho.
Creio que Mourinho terá pensado mais nisto que propriamente em revolucionar o jogo com Barreiro e Schjelderup. Mas o futebol tem destas coisas, e os dois transformaram o futebol do Benfica. E viraram o jogo do avesso!
Barreiro, que não é, nem nunca será Sudakov, mostrou-lhe o que ele precisa de fazer para ser o craque que se apregoa. E Schjelderup, porventura revoltado por Prestiani lhe ter passado à frente, fez pela vida. O resto da equipa veio atrás, e foi demolidora. Com 10 minutos do melhor futebol que se tem visto, e que se julgava fora do alcance deste Benfica, nas suas circunstâncias. E as oportunidades de golo passaram a suceder-se a um ritmo avassalador.
À quarta oportunidade em sete ou oito minutos, Tomás Araújo marcou. Finalmente. Respondendo na perfeição, de cabeça, a um canto cobrado por Lukebakio, que tivera origem em mais uma defesa milagrosa do guarda-redes colombiano do Vitória, Castillho. Na circunstância a um remate de excelência do extremo belga, numa soberba cobrança de um livre.
Dois ou três minutos depois o Vitória ficou reduzido a 10, por expulsão de Fábio Blanco, numa entrada violenta sobre Barreiro. Se para os vimaranenses tudo estava difícil, pior ficou. É verdade que o tempo perdido com a expulsão - o guarda-redes simulou uma lesão (já era tempo de alguém se preocupar com estas coisas) para que o treinador reunisse com os jogadores e estudasse as substituições a fazer, durante mais de 5 minutos - quebrou grande parte do ritmo demolidor que o Benfica tinha imprimido à partida.
Ainda assim, sem atingir o brilho dos 10 minutos iniciais, a exibição prosseguiu com nota alta. Altíssima!
Só deu para mais dois golos, um de Dahl, à entrada do segundo quarto de hora, e outro de João Rego, acabado de entrar para substituir Lukebaku, a 5 minutos do fim. Mas poderia ter dado para muitos mais. O Benfica fez por isso. E a melhor exibição da era Mourinho, mas também dos últimos meses, merecia um resultado ainda mais condizente.