Vuelta 2023 - Rui Costa de "vuelta"
A décima quinta etapa, corrida hoje entre Pamplona e Lekunberri, fechava a segunda semana da Vuelta. Mas não era isso que a tornava desejada pelos adeptos portugueses do ciclismo. Era porque, acreditávamos, tinha um traçado - de altos e baixos, numa espécie de montanha russa - à medida de Rui Costa, o campeão português no ocaso da carreira, e esquecido pelos feitos de João Almeida.
Há 10 anos fez História. Foi campeão do mundo. Ganhou a Volta à Suíça e ganhou duas etapas no Tour. À porta dos 37 anos, ia em 10 sem resultados à altura do seu estatuto de grande do ciclismo mundial. Havia como que uma certeza que esta etapa estava marcada na sua agenda como a etapa a ganhar.
Ontem havia entrado na fuga certa, donde tinha saído o recital de Evenepoel. Quando abdicou deixara logo a ideia de ter sido um ensaio para hoje. E que teria decidido reservar as forças justamente para hoje. E assim foi. Agarrou a fuga do dia, de novo com o campeão belga empenhado em continuar a demonstrar que o Tourmalet não passou de um acidente em que o ciclismo é fértil. Já perto da meta, mas nem tão perto assim, saiu para a vitória, levando o espanhol Buitrago na roda. Só quis isso mesmo o espanhol. Não cooperou, apesar dos apelos do Rui Costa, e esse desafio fez com que o alemão Leonard Kamna, o mais rápido, e por isso mais perigoso adversário, se lhes juntasse, já à entrada do último quilómetro. Repetiu-se, agora a três, o que já tinha acontecido com o espanhol. Se antes se mediam a dois, agora mediam-se a três. E isso ia dando mau resultado, já que o grupo de Evenepoel se aproximava a olhos vistos.
Rui Costa sentiu o perigo e deu uma sapatada. Os outros dois reagiram, e foi o suficiente para a evitar a chegada do grupo, e chegarem os três aos últimos metros. Buitrago, com mais dificuldades de ponta final, foi o primeiro a atacar. O alemão respondeu, e parecia ter barrado o caminho ao corredor português. Mas Rui Costa guinou para a direita e encontrou o buraco para, em cima da meta, por meia roda, ganhar.
Voltar a ganhar, 10 anos depois numa grande volta. E voltar a lembrar ao mundo o seu nome. Ainda grande!