Vuelta 2024 - a quarta de Roglic
Terminou a Vuelta, em Madrid, num contra-relógio de cerca de 25 quilómetros, onde o suíço Stefan Kung foi o mais rápido com 26´e 28´´, menos 31 segundos que Roglic, que foi segundo, mas ganhou pela quarta vez esta grande competição.
Foi uma competição aberta, com muitas fugas, e a grande maioria delas bem sucedidas, mas nem por isso foi de grande espectáculo. Verdadeiramente espectacular foi Wout van Aert, até que uma queda o obrigou a desistir, na 16.ª etapa, quando seguia na frente da corrida a caminho dos Lagos de Covadonga, era virtualmente vencedor da classificação por pontos, e liderava ainda a classificação da montanha. Mas também Pablo Castrillo, que ninguém conhecia e brilhou na alta montanha.
Roglic ganhou, igualou as quatro "Vueltas" de Roberto Heras - ultrapassando Alberto Contador e Tony Rominger -, foi o indiscutivelmente o melhor, mas nunca foi absolutamente dominador e autoritário. Aqueles 5 minutos para Ben O'Connor, cavados naquela sexta etapa que o australiano da AG2 R ganhou com 7 minutos de vantagem, levaram 13 dias a superar. Apenas na antepenúltima etapa, na chegada a Moncalvillo, na sua terceira vitória, e na única verdadeira prestação colectiva da Red Bull, Primoz Roglic recuperou a liderança depois de sucessivos pequenos ganhos. Pelo meio teve ainda de recuperar de uma penalização de 20 segundos, na etapa da subida ao Cuitu Negru quando, tendo optado por mudar de bicicleta (para uma mais apropriada à escalada, que de nada lhe valeu), aproveitou depois descaradamente o cone de ar do carro da equipa para recuperar o terreno perdido na operação.
No início da Vuelta tinha apontado dez candidatos à vitória. Uns mais que outros mas, dizia então. E que, se nada de anormal acontecesse ao longo destas três semanas a nenhum destes 10 ciclistas ali estaria o top ten.
Aconteceram anormalidades que deixaram de fora João Almeida, Lennert van Eetvelt e Daniel Martinez (como a maioria da equipa da Red Bull, por intoxicação alimentar no penúltimo dia). Sobram sete. Desses, Roglic foi primeiro, Ben O´Connor, segundo, Carapaz quarto, Mikel Landa oitavo, e Carlos Rodriguez décimo. E apenas dois falharam essa expectativa: Sepp Kuss, o vencedor do ano passado e a grande decepção desta Vuelta (fazer as três grandes voltas a competir, como fez em 2023, traz factura a pagar no ano seguinte) na 14ª posição; e Adam Yates, também com uma prestação decepcionante, mesmo ganhando uma etapa, na 12ª.
De fora vieram Enric Mas, de que já aqui falara, que fechou o pódio, fora das minhas expectativas, mas dentro das anormalidades. Mattias Skjelmose (LIDL - Trek) foi quinto, e primeiro da juventude. David Gaudu (Groupama - FDJ) foi sexto, e a surpresa positiva, pelo protagonismo que teve na corrida. Florian Lipowitz (Red Bull - Bora - Hansgrohe) foi sétimo, e segundo da juventude. E Pavel Sivakov o 9º, e melhor da UAE Team Emirates, que ficou literalmente aos papéis depois de perder o João Almeida.
Os australianos J Vine, da UAE - 1º classificado da montanha -, e Kaden Groves - 1º da classificação da montanha - limitaram-se a herdar as respectivas camisolas com o abandono do sensacional Wout van Aert.